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São José do Brejo do Cruz: Lugar de belezas naturais, algodão colorido e história

São José do Brejo do Cruz: Lugar de belezas naturais, algodão colorido e história

Município de São José do Brejo do Cruz, no Sertão paraibano, também é terra do maior velocista paralímpico do mundo

A pequena São José do Brejo do Cruz possui menos de dois mil habitantes, porém começou a ser povoada ainda no século 19, com o surgimento da Feira de São José, na sombra de uma centenária cajaraneira (árvore do umbu-cajá) que até hoje dá frutos. Nessa época, era distrito da cidade de Brejo do Cruz e já possuía energia elétrica, instalada em 1982, mercado público, construído em 1953, e sua primeira igreja católica foi concluída em 1940. Sua emancipação só veio em 1994.

Apesar da sua pequena população, a cidade é conhecida mundialmente como a terra do bicampeão paralímpico na prova dos 100 metros rasos da classe T47 (deficiência nos membros superiores), o paraibano Petrúcio Ferreira, 26 anos, que esse ano na paraolimpíada de Tóquio, no Japão, bateu recorde com o tempo e 10 segundos e 53 centésimos. De 2015 a 2021, velocista de São José do Brejo do Cruz já conquistou cinco medalhas paralímpicas, cinco medalhas de jogos Parapan -Americanos e quatro ouros em mundiais de atletismo.

Sua economia é voltada para agricultura familiar, com destaque para o plantio orgânico de algodão colorido, que chega a produzir cerca de 11,8 toneladas por ano.

A piscicultura também gera renda na cidade, em que cerca de 50 famílias vivem da pesca de tilápia, tucunaré, curimatã, traíra e tambaqui. Além da pecuária que produz mais de 10 mil litros de leite por dia, usados na produção de queijos que são comercializados nas cidades da região e no estado do Rio Grande do Norte.

A arte e a cultura são áreas bastantes priorizadas no município. Lá tem Museu Alzira Saraiva Leão (antiga moradora da cidade), criado em 2006, com o intuito de mostrar o cotidiano dos primeiros sãojoseenses, diversas peças, como moedas antigas, equipamentos de barbeiros da época, artigos religiosos, fotografias, máquinas de costuras e entre muitas coisas. No início de 2007, foi construído e instalado o teatro municipal João Fernandes de Oliveira, grande incentivador dessa arte da cidade.

Os turistas que forem a São José do Brejo do Cruz podem desfrutar de um encantador pôr-do-Sol, no Serrote dos Tanques, na Zona Rural.

Também pode desfrutar de um banho no Açude Baião, que é a diversão de muitos moradores nos finais de semana, mas também serve para o abastecimento de água dos sãojoseenses. “Aos poucos, estamos estruturando fomentando a cultura, o turismo e o lazer. Nossa intenção é criar roteiros turísticos que possam atrair cada vez mais pessoas ao nosso município”, destaca o secretário municipal de Cultura, Esporte e Turismo, José Maria Gomes.

Terra onde morreu o ‘primeiro’ cangaceiro

O município também é conhecido por suas pinturas rupestres encontradas nos Sítios Santo Antônio, Baião Arapuá. Segundo o secretário José Maria Gomes, em breve a prefeitura estará sinalizando as vias rurais que dão acessos aos pontos turísticos para melhorar ainda mais o acesso dos visitantes.

Foi na Zona Rural de São José do Brejo do Cruz, no Sítio Santo Antônio, que foi morto, em 1879, um dos mais antigos cangaceiros do país, Jesuíno Alves de Melo Calado, mais conhecido como “Jesuíno Brilhante”.

A quem diga que foi o primeiro cangaceiro do Sertão brasileiro. Pois, ele era de uma família aristocrata da cidade de Patu-RN, mas abandonou a ‘boa vida’ e viveu de saquear mercadorias que eram enviadas pelo governo aos coronéis que comandavam a região e distribuía para os sertanejos mais pobres.

A morte do cangaceiro foi algo que até hoje é lembrada pelos moradores de São José do Brejo do Cruz. Jesuíno foi assassinado em uma emboscada dos policiais da época, com dois tiros no abdômen, por um policial chamado de Preto Limão. Seu corpo foi levado para Mossoró-RN e depois foi transferido para o Museu do Alienista, no Rio de Janeiro, onde ficou exposto por anos. Na cidade, o cangaceiro é tido como um herói do Sertão.