Anchor Deezer Spotify

Circuito chega a Alagoa Grande

Circuito chega a Alagoa Grande

Com apenas 26.062 habitantes, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Alagoa Grande é uma daquelas cidades pequenas cheias de atrativos turísticos. Esse território do Brejo paraibano chegou a produzir mais de 1.100 toneladas de fava por ano, o que a faz ser conhecida como a “terra da fava”, pois o cultivo é um dos maiores do Brasil. Lá, está também o terceiro teatro mais antigo da Paraíba – o Santa Ignez, o Morro do Cruzeiro, e um memorial dedicado ao filho ilustre, Jackson do Pandeiro. É nesse ambiente pleno de cultura e história que a Rota Cultural Caminhos do Frio vai estar a partir de amanhã até 3 de setembro, com uma programação diversificada, que irá enfocar os cordelistas nascidos no local.

“Alagoa Grande deverá preparar uma grande festa, assim como nossas coirmãs – os outros nove municípios que estão fazendo bonito no Brejo. A cidade deverá ter um trabalho muito bonito de ornamentação para receber os visitantes durante a semana. Em 2022, recebemos cerca de 15 mil visitantes, e a expectativa é que nessa edição o público seja maior”, projetou o secretário de Cultura e Turismo de Alagoa Grande, Marcelo Felix.

Esse ano, todas as 10 cidades incluídas na Rota Cultural estão com foco na literatura de cordel, e Alagoa Grande tem nomes de pioneiros do gênero como Manuel d´Almeida Filho (1914-1995), que tem seu nome inscrito na Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

“Alagoa Grande é berço de grandes cordelistas, como Manuel d´Almeida Filho e, por isso, deverá festejar esse tema de forma bastante intensa. Além disso, teremos várias atividades culturais para apresentar ao visitante, desde a abertura com algumas homenagens a cordelistas da terra, bem como música, teatro, gastronomia e cinema”, disse.

Segundo Marcelo Felix, além do destaque para o nome de Manuel d’Almeida Filho, haverá a homenagem em vida para o alagoa-grandense Antonio Alves Correia Filho, conhecido como “Seu Tareco”, que produziu cerca de 70 folhetos. “Ele é um grande cordelista, tem 66 anos de idade, e será homenageado, em vida, durante o Caminhos do Frio. Na noite de abertura, um pouco da história dele será apresentada e o próprio artista terá um espaço para fala.”

Durante o ciclo de visitação, o público terá acesso aos cordéis dos homenageados e de poetas de outros gêneros. Na parte literária estará incluído o estande da Editora e Jornal A União, que mais uma vez irá expor obras de autores, incentivando o hábito da leitura. “A leitura ainda é o caminho mais amplo para o conhecimento. Apesar da existência da internet e das mídias sociais. Não existe nada à altura da leitura e A União tem muitas publicações de relevância para a nossa literatura. Sempre é importante apoiar iniciativa como essa, que vem percorrendo todo o Brejo, não só divulgando alguns autores, mas levando conhecimento para a população”. Marcelo Felix frisou que será uma semana intensa, em que a cidade irá exaltar toda sua cultura. “O Caminhos do Frio é a acolhida, pertencimento da população e a criatividade dos nossos artistas”, afirmou.

O visitante que for à cidade terá a oportunidade de conhecer a terra natal do paraibano José Gomes Filho (1919-1982), mais conhecido como Jackson do Pandeiro, cantor, compositor e multi-instrumentista. Nascido no Engenho Tanques, o filho da cantadora de coco Flora Mourão, e do oleiro José Gomes, Jackson teve uma infância pobre e perdeu o pai cedo. A família foi buscar melhores condições de vida em Campina Grande, onde Jackson trabalhou como engraxate e ajudante de padaria. Mas, foi em Campina Grande que ele se encontrou na vida artística e ao longo da trajetória gravou mais de 30 discos, sendo considerado um dos maiores ritmistas da história da Música Popular Brasileira (MPB).

– Atrativos turísticos

Casa Margarida Maria Alves: A casa onde Margarida morou se transformou no museu Casa Margarida Maria Alves. O local está aberto de domingo a domingo, das 8h ao meio-dia, e das 13 às 17h, com entrada gratuita. No local, o visitante poderá encontrar fotos, documentos e utensílios pessoais de Margarida, além de registros históricos em jornais e revistas da época do assassinato, entre outras publicações.

Mais sobre o município: Alagoa Grande passou a se destacar pela produção de fava. Entre os tipos mais comuns estão a fava branca e a lavandeira. O cultivo abastece, praticamente, apenas a Paraíba, o que já é um destaque importante para a cidade cuja história iniciou no século 19.

História – Em meados do século 19, Alagoa Grande era parte integrante do município de Areia. Em 1847 deixou de ser povoado e passou a ser distrito. A emancipação política data de 21 de outubro de 1864, sendo instalada como vila em 26 de julho de 1865. Mas, somente em 27 de março de 1908, foi elevada à categoria de cidade. Nos primórdios, a região se destacou pela agricultura da cana-de-açúcar, utilizando intensa mão de obra escrava. Por conta da falta de desenvolvimento econômico no decorrer da segunda metade do século 20, muitas famílias se mudaram para outras cidades. O êxodo provocou queda no número de habitantes na época.

Oportunidade de passeios

Morro do cruzeiro – Em Alagoa Grande, se destaca o Morro do Cruzeiro, local onde as pessoas costumam acender velas para as almas do purgatório. No morro, também estão as casas de taipa, construídas de barro e habitadas por trabalhadores da cidade.

Memorial Jackson do pandeiro – Jackson deixou mais de quatro mil músicas gravadas e quase 40 álbuns. No Memorial Jackson do Pandeiro, erguido em 2008, há vários pertences do ilustre filho de Alagoa Grande. Os restos mortais do artista também estão no Cemitério do Caju, no município.

Teatro santa ignez – Inaugurado em 2 de janeiro de 1905, já foi palco de importantes apresentações. De arquitetura clássica e estilo italiano, enfrentou várias crises econômicas. Devido a fatores como guerra e medidas políticas, perdeu força e ficou fechado por alguns anos. Após restaurações, foi reaberto em 27 de março de 1999.

Igreja Matriz Nossa senhora da Boa viagem – Fundada pelo primeiro vigário da cidade, frei Alberto Cabral, em 1861, a igreja só foi inaugurada em 1868. Apresenta estilo clássico, mas devido a reformas ganhou traços góticos e barrocos. As duas grandes torres simbolizam a imponência da sociedade escravocrata do passado. Na torre esquerda foi instalado um relógio trazido dos Estados Unidos em 1930, mas já desativado.

Engenho Lagoa verde – Alagoa Grande se destaca pela cachaça Volúpia, criada em 1946, no Engenho Lagoa Verde. A produção da bebida é feita de forma artesanal, e com plantação orgânica, para garantir a pureza e a qualidade de um produto 100% natural. O Engenho da Cachaça Volúpia, como é conhecido o Lagoa Verde, possui cinco tipos de cachaças conhecidas no Brasil.