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Serra da Raiz: nome herdado pelos colonizadores

Serra da Raiz: nome herdado pelos colonizadores

Município tem belos casarios remanescentes dos períodos áureos dos engenhos produtores de açúcar e aguardente

Foi ainda na época da colonização, quando os portugueses passaram a extrair algumas raízes, utilizadas na medicina indígena. Teria sido esse o mote para o nome do simpático e acolhedor município de Serra da Raiz, localizado no Brejo paraibano. Antes, parte de Caiçara, foi em 1959 que Serra da Raiz foi elevada à categoria de município, tendo o dia 21 de janeiro como uma das principais datas, quando os serra-raizenses comemoram a emancipação política do lugar.

Mas a cidade, com pouco mais de três mil habitantes e distante 138 quilômetros de João Pessoa, conta ainda outras histórias interessantes. A formação rochosa conhecida como “Loca da Negra”, por exemplo, teria sido, por muitos anos, a moradia de uma escrava fugida de um dos engenhos de cana-de -açúcar que havia na região. Segundo a lenda, mesmo após a abolição da escravatura, com a assinatura da Lei Áurea, no final do século 19, a mulher teria permanecido no lugar até a morte. A loca guarda também desenhos rupestres, outra riqueza de Serra da Raiz, dito por alguns historiadores locais como sendo um dos primeiros sítios arqueológicos do país.

Além dos escritos, o município guarda utensílios seculares, utilizados pelos povos indígenas que habitaram a região antes mesmo da chegada dos europeus. Não é difícil encontrar objetos cortantes utilizados na caça ou no preparo de alimentos. A construção da quadra da escola do município precisou ser interrompida justamente por causa das descobertas que foram feitas durante a escavação do terreno. Objetos que contam a história não só de Serra da Raiz, mas do Brasil e de seus primeiros habitantes. As peças foram reunidas no Museu do Homem Serrano.

Serra da Raiz tem outros pontos de visitação bastante conhecidos. O Cruzeiro possui vista panorâmica, sendo possível, do local, avistar a igreja e a lagoa, outro ponto turístico e de lazer frequentado por turistas e locais. O nascer do sol do Lajedo do Alto é um show à parte e costuma ser admirado por quem quer começar bem o dia. Para quem aprecia a natureza, mais uma opção: a “Trilha das Fontes”, com nascedouros de águas transparentes cercadas de muito verde e ar puro. O “Memorial dos Engenhos” é outra opção de passeio, e para quem ama a natureza a visita à nascente do Rio Camaratuba, um dos principais da Paraíba, é uma ótima pedida.

No centro da cidade, a Paróquia Nosso Senhor do Bonfim, que começou como uma pequena capela, tendo sido construída em alvenaria no início do século passado, reúne simplicidade e beleza. A principal praça da cidade, a Iniguaçu, é um convite à conversa com os amigos, ao passeio em família ou ainda ao romance entre os casais apaixonados. É lá que no período natalino as luzes acendem, embelezando ainda mais o espaço que possui palmeiras imperiais e letreiro estampando o nome da praça.

Serra da Raiz possui também belos casarios, remanescentes dos períodos áureos dos engenhos produtores de açúcar e aguardente. A cidade foi a segunda maior produtora de cana-de -açúcar do estado. Mas houve outras culturas de destaque: café e pimenta do reino também foram produzidas a em grande escala na região, que continua tendo a agricultura como base da economia, atualmente com foco no cultivo da macaxeira, feijão verde, batata, inhame e fava. Entre as iguarias que podem ser apreciadas, destaque para os licores caseiros. Frutas como pitomba, jenipapo, cajá e maracujá se transformam em deliciososprodutos, feitos artesanalmente e sem qualquer tipo de conservante, opção paradegustar e presentear.

Uma cidade cultural Não é difícil encontrar em festejos realizados na cidade o colorido das fitas do folclórico Boi de Reis. A tradição, que chegou ao Brasil com os portugueses, segue sendo mantida através dos moradores que fazem do folguedo um belo e rico espetáculo. Na cidade todos conhecem o Boi de Reis Mestre Ivanildo, o grande responsável por manter acesa a chama de uma das mais importantes tradições populares do Nordeste. Outra manifestação cultural preservada no lugar é o Pastoril, que em Serra da Raiz recebe o nome de Mestre Adauto. A música também tem espaço com a banda Joaquim Menezes, orgulho da cidade.

Vizinha dos municípios de Duas Estradas, Sertãozinho e Dona Inês, Serra da Raiz está inserida no “Arraiá do Interior”, com festa em praça pública nos dias 24, 25 e 26 de junho com nomes como Brasas do Forró e Raniery Gomes.

Construção de um complexo educacional

Além da manutenção do ginásio coberto e da escola Padre Emídio Fernandes, que somaram quase R$ 600 mil, o Governo do Estado está trabalhando na construção do novo complexo educacional Maria José Miranda Burity, um sonho que os moradores de Serra da Raiz só agora estão vendo realizar. O secretário de Turismo, José Luís Pessoa, falou sobre a importância da obra, orçada em mais de R$ 5 milhões, que deve atender alunos não só de Serra da Raiz, mas de outros municípios vizinhos.

“Sabemos que o investimento em educação é pro resto da vida. É um dos grandes investimentos istóricos de nossa cidade. Um dos grandes orgulhos que a gente está tendo de ver é que o governador João Azevêdo teve o olharvoltado para o nosso pequeno município. Estamos nos sentindo muito felizes com a atuação do governador paara conosco”, enfatizou.

Histórico

“Aqui nasceu a Paraíba!”. É a partir dessa afirmação que Serra da Raiz costuma contar sua história, ligada à colonização portuguesa no Brasil e à conquista da Paraíba. Eram os potiguaras, os habitantes do Litoral da Paraíba e Rio Grande do Norte no século 16, e tinham na Serra da Cupaóba, hoje Serra da Raiz, como o centro desse domínio. Conta-se ainda que em 1574 chegou à região um aventureiro em busca de riquezas que teria se apaixonado por Iratambé, uma jovem índia filha do líder da aldeia.

O casamento aconteceu e o visitante, que havia prometido ficar morando com os índios, fugiu para Olinda levando Iratambé. Iniguaçu, pai da menina, mandou dois dos filhos buscarem a irmã. Na viagem de volta, pararampara descansar no Engenho Tracunhaém do rico português Diogo Dias, que, seduzido pela beleza de Iratambé, a fez prisioneira.

Iniguaçu, revoltado, atacou o engenho, matando todos que se encontravam no local. O episódio, conhecido como “O Massacre de Tracunhaém”, teria dado início a uma guerra de meio século que, para os portugueses, foi a campanha pela conquista da Paraíba e, para os nativospotiguaras, a luta em defesa da liberdade.