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Riachão do Bacamarte: Nome da cidade surgiu após incidente

Riachão do Bacamarte: Nome da cidade surgiu após incidente

Município do Agreste do estado já foi chamado de Assis Chateaubriand em homenagem ao jornalista paraibano

Situado no Agreste paraibano, o município Riachão de Bacamarte foi batizado com esse nome porque, na passagem dos bandeirantes pela região, um deles deixou cair sua arma bacamarte. No entanto, nos registros da formação administrativa de 1996, a cidade foi chamada de Assis Chateaubriand, em homenagem a Chatô – o jornalista paraibano, considerado o magnata da comunicação brasileira. Um ano depois voltou ao nome de origem.

A comunidade quilombola do Grilo, localizada no alto da Serra Rajada, pertence à zona rural de Riachão de Bacamarte, teve o título reconhecido pelo Governo Federal como uma das 38 comunidades quilombolas da Paraíba. O topônimo Grilo, que deu nome ao território quilombola, surgiu a partir da denominação da fonte de abastecimento de água mais antiga da comunidade, conhecida como Cacimba do Grilo.

Conforme definição do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), as comunidades quilombolas são grupos étnicos, predominantemente constituídos pela população negra rural ou urbana, que se autodefine a partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias.

Dentre as práticas culturais, existentes na comunidade quilombola, destacam-se o coco de roda e rituais como: os casamentos e costumes relacionados à morte, a confecção de renda labirinto e louças. Estes elementos culturais, que ligam o passado ao presente, mantêm a essência quilombola viva na comunidade. Os moradores da comunidade fabricam panelas de barro e Severino Felix, conhecido como Biu da rede, confecciona redes.

De acordo com o produtor cultural da prefeitura do município, Élisson Custódio, a comunidade atrai pesquisadores e turistas de todo o Brasil. A cachoeira de Cuités também apresenta potencial turístico. “No final da tarde, é possível apreciar o pôr do sol na comunidade. Por isso, a gestão vem melhorando a infraestrutura do local para receber cada vez mais visitantes”, declarou.

A Associação das Artesãs Rurais de Serra Rajada, situada a nove quilômetros do município, foi fundada, em 1989, pela artesã Terezinha Cristóvão, quando ganhou o prêmio Humberto Maracanã. “Tenho orgulho de ser artesã. Eu e minhas irmãs aprendemos a bordar a renda labirinto com nossa mãe. Já participei de diversas exposições no Brasil, mas ir a Paris levando minha arte foi uma experiência inesquecível”, frisou. Atualmente, a associação faz parte do Programa de Artesanato Paraibano, promovido pelo Governo da Paraíba.

A associação confecciona peças de labirinto, crochê, pintura, ponto cruz, tricô, macramê, fuxico, sandálias personalizadas, entre outros.

Banda de forró da cidade alcançou projeção nacional

Na área musical, destacam-se a família de sanforneiros do senhor Biu Carneiro, que passou os ensinamentos para filhos e netos. Seu filho, conhecido como Pingo do Acordeom, já participou do famoso forró pé de serra Os três do Nordeste, alcançando reconhecimento nacional. Atualmente segue carreira solo, entre outros artistas do tradicional do forró pé de serra.

Na dança destacam-se a tradicional ciranda do sítio Grilo na comunidade quilombola. A bailarina Amanda Medeiros fundou a escola Ballet Kairós. Já o coreógrafo e produtor cultural Élisson Custódio vem se destacando com sua arte, participando de congressos e festivais importantes, como por exemplo o Rio ZoukCongress e o Festival de Inverno de Campina Grande.

Imagem de São Sebastião foi doação de devota

Considerada um dos maiores patrimônio cultural e histórico de Riachão do Bacamarte, a Igreja Católica São Sebastião, está localizada no centro da cidade. Sua história começa aproximadamente nas duas primeiras décadas do século 20 conforme os relatos de pessoas mais idosas da cidade, relatando que seus pais ajudaram na construção da igreja.

A Igreja São Sebastião possuía uma estrutura de capela que com o passar dos anos foi reconstruída, pois segundo relato dos moradores, a fachada desabou. A igreja recebeu a primeira imagem de São Sebastião, doada por uma devota de nome desconhecido, que fez uma promessa durante uma viagem de navio, pois estava entrando água na embarcação. Em um momento de desespero pediu intercessão de São Sebastião para que chegasse até a Paraíba com vida. Desde o ocorrido, São Sebastião passou a ter muitos devotos em Riachão do Bacamarte, tornando-se o padroeiro da cidade, cuja data é celebrada no dia 20 de janeiro.

A programação religiosa, com missas, procissão, quermesse e novena, geralmente, acontece cinco dias antes do dia do padroeiro. Após a programação religiosa acontece a festa profana. Ao longo dos anos a igreja passou por algumas reformas, reparos e restaurações promovidas em prol de melhorias estruturais e manutenções necessárias para melhorar o ambiente e manter vivo aspectos históricos e litúrgicos, para que o patrimônio cultural esteja preservado em condições favoráveis.