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Mogeiro: cidade da agricultura e dos rios

Mogeiro: cidade da agricultura e dos rios

Conhecida pela produção de amendoim e pelo cultivo agroecológico, a região é banhada por vários cursos d´água

Povo simpático, hospitaleiro, alegre e batalhador. É assim que a população da cidade de Mogeiro pode ser identificada, segundo a diretora de Cultura e Turismo do município, Ana Clara de Souza. A cidade se destaca na agricultura (principalmente de subsistência), pois é o principal produtor de amendoim da Paraíba.

De acordo com Ana Clara, a economia de Mogeiro está baseada hoje nos seguintes segmentos: indústria, comércio, serviços e agricultura. “Temos ainda a produção de peixes e camarão (nas margens do Rio Paraíba e Camorim), a criação de gado de leite e corte, além da criação de aves e suínos. Também se destaca como produtor de amendoim”, aponta.

Além dessas atividades, a cidade também é reconhecida pelo cultivo agroecológico, tipo de agricultura sustentável cujo semeio não movimenta a estrutura do solo, além da colheita do cajá e cajarana.

A assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Mogeiro estima que a cidade conta com aproximadamente 300 hectares de área média cultivada, abastecendo o mercado consumidor paraibano e de outros estados vizinhos. A produção de amendoim, em especial, vem se destacando ao longo dos anos.

Localização

Mogeiro está situado na Bacia Hidrográfica do Baixo Paraíba e cortado pelo Rio Ingá (ou Camurim) e pelos Riachos de Mogeiro e Poço Verde. Também servem como divisores dos municípios limítrofes os Rios Paraíba, Cantagalo e Gurinhém. O Rio Paraíba, inclusive, permite a irrigação para beneficiamento e diversificação de culturas no município.

Conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021, a população era de 13.238 pessoas. O município faz parte da mesorregião do Agreste paraibano e da microrregião de Itabaiana (maior município das proximidades). Está localizado a 16 quilômetros à noroeste de Itabaiana e integra aquela região metropolitana (Região Geográfica Imediata), segundo a Lei Complementar Estadual nº 118 de 2013, que visa incentivar o desenvolvimento das cidades da região nas áreas de educação, cultura, saúde e em outros objetivos em comum.

Segundo Ana Clara, Mogeiro é conhecida pelas suas áreas serranas, pertencentes à Serra da Borborema, nas Comunidades Cabral, Benta Hora, Gaspar, Granjeiro, Tamanduá e Boa Vista. A cidade está localizada na chamada depressão sublitorânea com superfície colinosa.

Com 117 metros de altitude, o município tem o relevo ondulado, montanhoso e drenado por riachos e alguns rios, de vales abertos e com baixa profundidade.

“Entre os pontos turísticos, destaca-se a Pedra do Convento, onde pode-se praticar rapel e trilhas. Nessas comunidades, temos a jabuticaba, cajá e cajarana”, informou Ana Clara.

Ela destacou ainda que o turismo é incrementado também pelos casarios antigos, pertencentes ao século 19, que hoje estão sendo restaurados no bairro Mogeiro de Baixo. Outros pontos conhecidos são as capelas antigas e igrejas. Muitas moradias da cidade são conservadas e é onde aconteciam as missas, batizados, casamentos, novenas, entre outros eventos.

Além disso, a cultura mogeirense é caracterizada pelas cavalgadas, os bonecos de babal (mamulengo), vaquejadas, artesanato, repentistas, violeiros, emboladores de coco e os artesãos em cerâmica.

Conforme a gestora de Cultura e Turismo, a região onde a cidade está localizada hoje era habitada pelos índios cariris. Porém, com a Lei Estadual, nº 2.618 de 12 de dezembro de 1961, o distrito foi elevado à categoria de município, com a denominação de Mogeiro.

Município situado no polígono das secas

A cidade é caracterizada pelo bioma da caatinga, está inserida no Semiárido nordestino e também faz parte do polígono das secas. No clima, observam-se as chuvas sazonais compreendendo os meses de fevereiro a agosto, com maior intensidade entre maio e junho.

Os períodos mais secos ocorrem em outubro e novembro. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a precipitação pluviométrica média anual hoje é de 431 mm, com seis meses secos, em média, e umidade relativa do ar em torno de 80%.

Com 219 km², sua área representa 0,42% do território da Paraíba. O município é composto pelo distrito de Gameleira e suas principais comunidades são: Areal, Gavião, Pintado, Chã de Areia, Cabral, Granjeiro, Benta Hora, Tamanduá, Cumatí, Gaspar, Boa Vista, Estação, Juá e Camurim. Ingá, São José dos Ramos, Salgado de São Félix e Itatuba são os municípios confinantes de Mogeiro, isto é, que se limitam com a cidade.

No Estado, as cidades consideradas vizinhas são: Salgado de São Félix, São José dos Ramos, Ingá, Itabaiana, Juarez Távora, Itatuba, Gurinhém, Riachão do Bacamarte, Riachão do Poço, Pilar, Caldas Brandão, Alagoa Grande, Juripiranga, São Miguel de Taipu, Mulungu e Sobrado. Porém, Mogeiro também é vizinho das cidades pernambucanas de Macaparana, Camutanga, Timbaúba, Itambé e Ferreiros.

Nome da localidade vem de um riacho

“Riacho de Mogeiro”: este é o nome do curso d´água que corta a cidade e que deu o nome a ela. De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UPFB), o significado da palavra Mogeiro ainda não foi descoberto e apenas existem algumas histórias sobre o tema.

Uma delas é que Mogeiro vem de “Mugeiro”, que significa uma espécie de águia que pesca mugens. Outra história é que a palavra vem do indígena“mong-eir”, que significa mel pegajoso. Uma terceira versão lembra dos monges que habitavam a região.

A pesquisa, inclusive, cita que na cidade existe a história de que os moradores diziam que iam “para os monges”, quando estavam a caminho das moradias onde aconteciam as missas, casamentos e eventos religiosos. Com isso, iam “para casa dos monges”, “o mosteiro” ou simplesmente Mogeiro.

Outra história é que os monges moravam próximo à chamada Pedra do Convento, e o nome do município teria surgido da união entre Monge + Lajeiro = Mongeiro (tempos depois, Mogeiro).

61 anos de emancipação política

De acordo com o IBGE, a região onde se situa o município era habitada pelos índios Cariris. No dia 11 de maio de 1758, Manoel Pereira de Carvalho, recebeu do governador da província, José Henrique de Carvalho, o primeiro registro de posse: uma porção de terras situadas em Taipu, entre o Rio Paraíba e o Riacho de Mogeiro, local onde foi iniciada a colonização.

Em 1856, a Lei Provincial nº 210, criou o termo “Mogeiro de Baixo” (atribuído à Fazenda São João, hoje chamado Mogeiro de Baixo) pertencente a Ingá. Em 1874, a Lei Provincial n° 569 criou “Mogeiro de Cima” (nome dado ao povoado próximo a Mogeiro de Baixo), também de Ingá.

Em 5 de julho de 1874, a Lei Provincial nº 512 transforma “Mogeiro de Cima” na Freguesia de Nossa Senhora das Dores. E em julho de 1876 foi criado o Distrito de Mogeiro de Cima, vinculado à jurisdição deIngá. Em maio de 1890, a influência do conselheiro Manoel Faustino da Silva promoveu a assinatura, pelo governador Venâncio Neiva de uma medida que desmembrava Mogeiro de Ingá e anexava o distrito ao município de Itabaiana, ao qual pertenceu até a sua emancipação.

Até 1900, havia uma feira livre em Mogeiro de Baixo, mas naquele ano o subdelegado Henrique de Andrade Bezerra a transferiu para o povoado de Mogeiro de Cima. Com opassar dos anos e o desenvolvimento do local, Mogeiro de Cima passou a sede do município com a emancipação concretizada pela Lei n° 2.618, de 12 de dezembro de 1961. Através dessa lei, Mogeiro de Cima foi desmembrada de Itabaiana, ficando apenas com a denominação Mogeiro. Mogeiro de Baixo, por sua vez, passou a denominar um bairro da cidade.

Após a emancipação, o primeiro prefeito nomeado como interventor foi Diomendes Martins. A primeira eleição para a gestão municipal aconteceu em 1962, elegendo José Benedito da Silveira (conhecido como José Silveira).

A posse de José Silveira foi antecipada e ocorreu em uma sala anexa a uma residência. Ele convocou seus vereadores, improvisou uma seção e empossou-se no cargo antes de expirar o prazo fixado pela Justiça Eleitoral para o prefeito Diomendes Martins deixar a prefeitura.

José Silveira acabou sendo assassinado em 7 de novembro de 1962. Ele é lembrado até hoje e é considerado a maior personalidade política de Mogeiro, que neste ano de 2022 completa, 61 anos de emancipação política.