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Itacoatiaras: Junco do Seridó e a riqueza mineral

Itacoatiaras: Junco do Seridó e a riqueza mineral

Cidade surgiu às margens do Rio Chorão e tem mais de 90% de sua extensão formada por rochas

Em 1974, o pesquisador Francisco Octávio da Silva Bezerra publicava no Boletim Informativo do Centro Brasileiro de Arqueologia – CBA um relatório intitulado “Expedição à Paraíba” sobre as Itacoatiaras do Chorão, sítio arqueológico de valor incalculável que se encontra em Junco do Seridó, município localizado na área do Seridó paraibano. A fundação do município tem relação direta com o sítio arqueológico, mais especialmente, com a nascente do Rio Chorão.

Foi ao redor desse curso d’água que pequenas comunidades rurais e tropeiros de passagem fundaram o pequeno vilarejo de Junco do Seridó em 1892, que veio a se tornar Distrito de Santa Luzia até a emancipação política em 1961. Junco é uma planta aquática, nativa da região do Seridó e que era abundante no Rio Chorão. Uma interligação de nomes e significados numa cidade que, começa a se reconciliar com sua história e tem no extrativismo mineral a grande atividade econômica local.

Junco do Seridó faz divisa com o estado do Rio Grande do Norte, compreende a parte ocidental do Planalto da Borborema e por sua localização geológica, a região detém em seu território uma variedade de minerais usados para os mais diversos fins comerciais. Com mais de 90% de seu território composto por rochas précambrianas, o Seridó é um mostruário natural de pedras e formaçõesrochosas, o que garante o desenvolvimento econômico numa região em que o clima quente e o solo seco apenas permitem a agricultura para fins de subsistência.

Com uma população estimada de 7.150 habitantes – de acordo com o Censo do IBGE de 2019 – os juncoenses têm à disposição 14 escolas, do Infantil ao Ensino Médio. Uma das maiores, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Ezequiel Fernandes, de gestão do Governo do Estado, passa por uma grande reforma orçada em R$ 742 mil reais e que já está em fasede conclusão. A Eeefm Ezequiel Fernandes irá contar com refeitório, biblioteca, quadra esportiva coberta, laboratório de ciência, laboratório de informática, auditório, pátio coberto, pátio descoberto, sala do professor e alimentação. No último mês de março, o município recebeu do Governo do Estado um novo ônibus escolar.

PB na rota da produção das pedras preciosas

A atividade de mineração no Seridó remete ao início do século 20 com mapeamentos e relatórios realizados por pesquisadores americanos que vieram ao Brasil buscar potencialidades minerais em diversos estados. Após estas descobertas e de forma gradativa, a mineração se torna a principal integrante da dinâmica econômica da região a partir de um dos eventos mais significativos do último século: a Segunda Guerra Mundial, quando Junco do Seridó passou a ser um dos principais exportadores de tantalita-columbita e berilo, usado para fins bélicos na indústria dos Estados Unidos.

A partir de 1941, várias companhias de mineração foram criadas para facilitar a comercialização e produção dos minérios. No entanto, passados alguns anos do fim da guerra, a atividade entra em declínio. As companhias de mineração, quase que em sua totalidade, deixaram a região do Seridó e os minerais essenciais e estratégicos durante osanos de guerra, tiveram sua produção e comercialização reduzidas.

Foi a partir da década de 1990, com a criação de cooperativas, o aperfeiçoamento das pesquisas acadêmicas, a cooperação entre os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte e o fomento dos governos estaduais e federal na extração, beneficiamento e comercialização dos minérios, que Junco do Seridó e demaismunicípios Planalto da Borborema, conseguiram incluir a Paraíba no mapa nacional de grandes produtores de pedras preciosas, semi-preciosas e minérios que são largamente utilizados na indústria nacional.

Itacoatiaras do Chorão

Formado por inscrições rupestres gravadas ao longo da base de um extenso paredão de quartzito e com uma expressão gráfica significativamente complexa, o sítio arqueológico das Itacoatiaras do Chorão possui um valor histórico incalculável no estudo da história da humanidade.

Apesar dessa importância arqueológica, o rio que dá nome ao sítio serviu de repositório para o esgoto doméstico produzido pela população local e as inscrições rupestres corriam o risco de desaparecer. A preocupação e a luta de entidades da sociedade civil e estudiosos pela preservação do sítioé antiga, mas começou a ganhar mais força a partir da primeira década dos anos 2000.

Mas foi apenas em 2022 que a Justiça, atendendo uma recomendação do Ministério Público da Paraíba, determinou a responsabilidade da prefeitura pelos custos com a prevenção e a reparação de danos ambientais. A primeira etapa da obra de reestruturação do esgotamento sanitário teve início emjaneiro de 2023.

Registros

Inscrições rupestres estão gravadas ao lado da base de um extenso paredão de quartzito na área reconhecida como sítio arqueológico das Itacoatiaras do Chorão