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Gurjão: a cidade da festa do Bode na Rua

Gurjão: a cidade da festa do Bode na Rua

Um dos maiores eventos do estado da Paraíba envolve ações para o fortalecimento da caprinovinocultura

O município de Gurjão é conhecido como a terra do Bode na Rua. Essa festa, que acontece na cidade desde 1999, nasceu para evidenciar a importância da caprinoculturana região e, além disso, representa a celebração da cultura do Cariri paraibano, no que se refere à gastronomia, a dança, manifestações artísticas e muito forró. Gurjão destaca-se também pelo patrimônio pré-histórico a ser explorado no turismo.

Desde seu surgimento, a festividade já atravessou a gestão de quatro prefeitos, mas começou a ser reconhecida nacionalmente, a partir de 2004, tornando-se um festejo de destaque na região do Cariri. Este ano, o Bode na Rua acontecerá entre os dias 29 e 31 de julho, com estimativa de público de 10 mil visitantes por dia.

O evento realiza a expofeira de caprinos e ovinos, exposição de animais e shows musicais. A gastronomia é um aspecto bem marcante no evento, em que, na maioria dos pratos, o ingrediente principal é a carne de caprino e ovino. Os mais consumidos são: tradicional buchada, linguiça carne de sol e de bode. Como esse é o primeiro evento pós-pandemia, apenas os criadores locais participarão da exposição. “O evento esse ano terá uma dimensão menor, em virtude dos efeitos da pandemia”, explicou José Elias, prefeito de Gurjão.

Durante os três dias de evento, haverá exposição e amostra de animais e do artesanato das cidades próximas da região e shows em praça pública. Na sexta-feira (29), haverá apresentações culturais dos artistas locais. No sábado e domingo, à tarde, haverá degustação gratuita da culinária bodística.

A economia do município sobrevive de agricultura familiar, mas a agropecuária é seu ponto forte. O funcionalismo público municipal é predominante, mas há também um quantitativo significativo de aposentados do INSS. O forte do artesanato é a tapeçaria. Desde 2007, existe uma associação de artesãos voltada para essa obra de arte.

Informações gerais

Localizado a 213 km de João Pessoa e 86 km de Campina Grande, Gurjão possui uma área territorial de 344.502 km² e uma população de 3.477 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município limita-se ao norte, dos municípios de Juazeirinho e Soledade; ao sul, de São João do Cariri, ao leste, do município de Boa Vista e ao oeste, de Santo André. Sua emancipação política ocorreu no dia 2 de janeiro de 1962.

Padroeiro da cidade

O padroeiro de Gurjão é São Sebastião, protetor da humanidade contra a peste. A igreja, não é só uma das mais belas da região, é a única em que seu altar original resistiu ao tempo e força de seu povo, pois os moradores impediram de ser demolida, após o Concílio Vaticano II.

De acordo com o jornalista e historiador Thomas Bruno, o Cruzeiro levantado pelo Padre Ibiapina, é onde acontece a romaria, outros cenários também possuem forte ligação religiosa. “A atual gestão pretende fortalecer o turismo religioso, já que existe um valoroso ciclo de fé a ser explorado”, frisou.

“ A atual gestão pretende fortalecer o turismo religioso, já que existeum valoroso ciclo de fé a ser explorado. Thomas Bruno”

 

Sítios arqueológicos e paleontológicos: um patrimônio pouco aproveitado

O município apresenta diversos sítios arqueológicos e paleontológicos que são de interesse da Educação Patrimonial, do ponto de vista científico e turístico. A cientista agrária Rita Cantalice, em seu trabalho deconclusão de curso, pesquisou os sítios arqueológicos e paleontológicos do espaço agrário de Gurjão, comentando o que há de interessante em cada um deles.

Relógio do Sol

No Sítio Angicos, à margem da Lagoa do Brandão, encontrase um Relógio do Sol. Esse “observatório solar” é composto por quatro faces talhadas artificialmente, apontando aparentemente para os quatro pontos cardeais. Em volta do monólito,há alinhamentos de rochas menores. A cientista agrária revela a função desse monumento na pré-história. “O observatório solar indígena era usado em rituais de fertilidade. Utilizado também para constatar a chegada das chuvas nas plantações da agricultura ancestral” explicou Rita Cantalice. Na Lagoa doBrandão, existem alguns objetos de indústria lítica, que demonstram a permanência dos povos pré-históricos na região, o que só foi possível em razão do alto nível de preservação em que seencontra a lagoa.

Sítio Arara

No Sítio Arara, também foram encontrados resquícios da indústria lítica deixada pelos nativos como machados de pedra polida, lasca arqueológica, ponta de flecha, entre outros. “A necessidade de caçar e de se defender, obrigou o homem ase armar, desprovidas de garras para sobreviver. Portanto, há ocorrências na região de amoladores (polidores fixos) numa extensão de vários quilômetros”, contextualizou a cientista. Em todo sítio foram encontrados artefatos que indicam a presençados nativos nesta localidade, na Lagoa de Pedra concentra-se o maior número de vestígios arqueológicos.

Sítio Quixaba

Considerado um acervo paleontológico, o Sítio Quixaba está localizado na Serra Rasa. Nessa localidade, são encontradas madeiras fósseis que ainda não foram tomadas como material de estudo. Além disso, existem rochas basálticas extrusivas ricas em ferro. Elas são basálticas porque têm vestígios de lavado vulcão em sua formação, mas em suas fendas há formação de cristais de apofilita. “Esses cristais são tão raros que, até onde se tem conhecimento, foram encontrados apenas no México e no município de Gurjão”, frisou Cantalice.