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Caiçara: comércio de rua é a base da economia local

Caiçara: comércio de rua é a base da economia local

Na década de 50, o município teve seu período de muita fartura com a produção de algodão, aguardente e fumo de rolo

Em sua história, o município de Caiçara já teve períodos de muita fartura e foi destaque no estado, com a produção de algodão, aguardente e fumo de rolo, na década de 1950. Atualmente, sua força econômica é garantida pelo comércio de rua que emprega muita gente e pela agricultura familiar, uma das principais fontes de renda dos habitantes, com a plantação de mandioca, batata-doce, arroz e feijão.

As pedreiras também continuam ativas. A informação é do professor pesquisador Jocelino Thomaz de Lima, revelando que a feira livre da cidade completou, este ano, 160 anos de existência.

Caiçara tem como principais pontos turísticos os antigos casarões e sobrados, no entorno da igreja matriz , marco arquitetônico da história da cidade. De acordo com o pesquisador, a igreja foi construída exatamente onde havia sido construída a primeira capela da cidade há cerca de 200 anos. E em janeiro deste ano, os habitantes do município comemoraram os 150 anos da chegada da imagem de Nossa Senhora do Rosário, trazida de Portugal. A comemoração atraiu centenas de pessoas da região.

O parque da lagoa, que no passado, chegou a abastecer a cidade, atualmente se tornou uma área de atividade física, principalmente de caminhadas para a população. Outro ponto turístico do município é a Pedra Pão de Açúcar, que fica a quatro quilômetros da cidade. “Na verdade, contou Jocelino Lima, a Pedra do Pão de Açúcar pertence a cidade de Tacima, mas como o principal acesso se dá por Caiçara, o local é tido como uma das principais atrações turísticas locais, mas geograficamente pertencente a Tacima.

O município se limita com o estado do Rio Grande do Norte e tem como municípios vizinhos na Paraíba, os municípios de Jacaraú, Pedro Regis, Lagoa de Dentro, Serra da Raiz, Belém e Campo de Santana. A cidade fica a 142 quilômetros de João Pessoa e tem uma população estimada em 7,5 mil pessoas.

As principais festas da cidade são a de Santos Reis e o São Pedro. A festa dos Santos Reis acontece, em comemoração a padroeira, Nossa Senhora do Rosário, todos os anos no dia 6 de janeiro. No total, são três dias de festa e consegue reunir milhares de pessoas da região. Caiçara tem uma população predominantemente católica, mas mesmo assim, já ganhou outras religiões a exemplo da protestante e de matrizes africanas.

Os moradores de Caiçara se orgulham de alguns de seus cidadãos ilustres, que fizeram história. A exemplo de Francisco Lima, que foi padre; João Batista, historiador, o bispo Dom Epaminondas, o ator e cantor Rafael de Carvalho, que já atuou em 36 filmes e cinco novelas, entre elas Saramandaia, O Bem Amado e Gabriela. Ele também lançou sete discos e mais de 20 cordéis sobre o folclore da Paraíba.

Outro filho de Caiçara, que orgulham a população, foi Valderedo Ismael de Oliveira, primeiro tradutor dos livros de Sigmund Freud , “pai da psicanálise”, para a língua portuguesa. Ele também escreveu o prim iro livro sobre psicanálise no Brasil. Na música, o destaque foi o maestro Joaquim Pereira, tido como um dos maiores compositores de dobrado do Brasil e um dos fundadores da Orquestra Sinfônica da Paraíba.

No esporte, o jogador de futebol mais famoso da cidade foi o Esquerdinha (José Marcelo Januário de Araújo). Ex-jogador do Botafogo da Paraíba, eleito o melhor lateral esquerdo do Vitória da Bahia. Em sua carreira, Também brilhou em times de Portugal e Espanha. Outros destaques de Caiçara foram José Jacson Carneiro, primeiro reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e o artista plástico, Hermano José.

Potiguaras: os primeiros habitantes

Caiçara está na região Agreste, antes, chamada pelos índios Potiguaras de Cupaóba. Segundo o professor historiador, Jocelino Lima, o povoamento do local teve início com os padres Jesuítas distribuindo sesmarias (grandes porções de terras), para que os portugueses ocupassem e explorassem a área. Assim, em 1619, Raphael de Carvalho, obteve a sesmaria de nº 13 da Capitania da Paraíba, que abrangia a área onde fica Caiçara, provavelmente o primeiro morador da localidade.

No século 18, as terras continuaram a ser distribuídas e divididas. A região foi sendo cada vez mais destinada à criação de gado e o vaqueiro teve papel importante no desbravamento da região. O nome Caiçara surgiu de um tipo de ‘decercado’ de madeira a margem do rio para embarque do gado e provavelmente foi esse significado que fez com que os tropeiros chamassem os currais construídos por Manoel Soares de ‘Caiçaras’. A partir daí, o nome acabou passando para o vilarejo.

Houve uma sugestão, do Padre Ibiapina, por volta de 1870, para que o nome mudasse para Marianópolis, mas a população não aceitou. No início da história política, os prefeitos eram nomeados e não havia vereadores, só conselheiros. Só em 1935 a população pode votar e o primeiro prefeito eleito foi Francisco José da Costa. Porém, um golpe fez com que as nomeações voltassem e as eleições só voltaram em 1947, período em que foi eleita a primeira mulher para a câmara de vereadores.

Em 1908, Caiçara tinha suas ruas iluminadas por tochas. Pouco depois as tochas foram substituídas por lampiões e, em 1928, veio o primeiro motor de energia, que funcionava apenas das 16h às 21h. Em 1965 chegou a energia elétrica através da usina Paulo Afonso, que trouxe a televisão e as antigas radiodifusoras, até as atuais rádios comunitárias FM.

A modernidade de Caiçara chegou de trem. Quatro anos antes da emancipação, uma estação foi instalada em Logradouro e tudo passou a girar em torno do trem. Foram marcantes as viagens no chamado “Bacurau”, que seguia às 4h, para a capital e voltava às 19h. Os trens de passageiros pararam nos anos 1970, e em 1999 a linha foi desativada de vez. Vieram os “Mistos” (meio ônibus, meio caminhão) e as chamadas “Sopas”, espécies de ônibus adaptados que se podia entrar por várias portas. Em 1994 surgiram os táxis.

A fundação da cidade teve início em 1822, quando os primeiros moradores construíram suas casas. Em seguida, o local se transformou em rota dos tropeiros que aos domingos, vinham com jumentos carregando suas feiras das cidades de Guarabira e Mamanguape. Essa movimentação começou a atrair pessoas que acabavam construindo suas moradias na localidade. Logo depois, em sete de novembro de 1908, foi sancionada a lei emancipando Caiçara definitivamente.