Semiárido: Ibiara projeta o futuro, mantendo tradições e hábitos cotidianos

Na língua tupi-guarani, “ibiara” significa “terra que tem dono”. Apesar dos primeiros donos do lugar serem as populações indígenas dos tabajaras, o município de Ibiara, que fica quase na divisa com os estados de Pernambuco e do Ceará, ganhou dois novos “donos”, quando o casal Joaquim e Maria Lopes Ribeiro chegou ao local em 1874. Eles construíram uma casa no sítio Poço de Cavalo e passaram a abrigar tropeiros e viajantes em trânsito na região. Um pequeno povoado começou a se desenvolver em seu entorno e com a construção da Capela de Nossa Senhora do Rosário em 1891, passou a ser denominado de arraial. Em 1943 se tornou o distrito de Santa Maria, pertencente ao município de Conceição, sendo que a emancipação política só aconteceu 16 anos depois, quando Ibiara foi desmembrada de Conceição e se tornou município de fato, em 17 de abril de 1959.

O município se estende por 244,5 quilômetros quadrados e conta com 5.929 habitantes, de acordo com o último Censo do IBGE, realizado em 2010. Ibiara está incluída na área geográfica de abrangência do Semiárido brasileiro, definida pelo Ministério da Integração Nacional, em2005. A distância entre Ibiara e João Pessoa é de 459km, e o tempo estimado do percurso da viagem entre as duas cidades é de aproximadamente 6h29 min.

A economia local se destaca pela agricultura familiar e pela pecuária, com produtos vendidos na feira central da cidade, que acontece sempre às segundas-feiras. Além da feira, a cidade também possui uma boa variedade de lojas e um comércio que supre as necessidades do município. Ibiara também possui linha asfáltica em todas as saídas, o que garante certa facilidade no acesso para as cidades vizinhas e estados próximos, como Pernambuco e Ceará.

“Em resumo, é uma cidade pequena e pacata, muito longe das cidades grandes e das metrópoles, o que permite ainda ver as pessoas sentadas nas calçadas conversando sobre o seu dia adia”, afirma o professor Tom Jerônimo, que é natural de Conceição, mas leciona em Ibiara há 13 anos. “É uma cidade conhecida por ser festiva, acolhedora e de muito valor para seus moradores, que exibem com bastante orgulho o fato de serem ibiarenses”, diz o professor, que faz uma análise até poética da cidade. “Aquihá escassez de chuva, como em toda cidade do Sertão, mas quando chove, tem aquela explosão de verde e o ciclo de vida começa novamente, os sítios e povoados ficam tão bonitos que parecem cenas de filmes”, afirma Tom.

Juliana Pedro da Silva, assistente social que hoje mora em Ipatinga, em Minas Gerais, é filha de Ibiara e lembra com carinho a infância e início da adolescência passados na cidade. “Até os nove anos morei num sítio chamado Piancozinho, até que fui morar mais perto do centro para estudar, onde fiquei até concluir o Ensino Médio. Morar em Ibiara era muito bom, mas ao mesmo tempo que é bom, a gente também sentia muita falta de oportunidade para juventude”, afirma Juliana, que saiu da cidade para fazer faculdade e entende que os tem possão de mudanças, especialmente, pelo protagonismo da juventude.

“Hoje é possível perceber mais investimentos na educação, no esporte, no lazer. Jovens ibiarenses agora fazem intercâmbio, cursos de qualificação profissional. Na minha época não existia isso. Uma geração inteira que tem oportunidade de se especializar, se destacar nos esportes”, afirma. Ibiara possui 14 escolas de ensino infantil, fundamental e médio, sendo oito municipais, quatro estaduais e duas particulares.

Calendário da cidade reúne eventos religiosos e profanos

A Festa da Padroeira Nossa Senhora do Rosário, que acontece no início do mês de outubro, reúne milhares de devotos em frente à igreja matriz durante os eventos religiosos. Além da parte religiosa, há shows e atividades culturais e esportivas na programação profana dos festejos. E no próximo mês, dia 17 de abril, Ibiara completa 64 anos de emancipação política com uma grande festa realizada em praça pública, que irá incluir a tradicional Cavalgada da Emancipação, a maratona(masculina e feminina), e o campeonato de futebol denominado Jogo da Amizade.

Apesar das festas juninas terem seu destaque com arraiás na Praça da Igreja Matriz, apresentação de quadrilhas e a Festa de São Pedro, no Distrito de Cachoeirinha, é o Carnaval tradicional de rua, que acontece há 50 anos e que atrai a maior quantidade de turistas em Ibiara, conhecida na região do Vale do Piancó como a “Capital Regional do Frevo”. Vindos de cidades e estados vizinhos, a população da cidade chega a duplicar durante os quatro dias de festa.

Ibiara é banhada pelo Rio Piranhas, uma sub-bacia do Rio Piancó, além dos riachos dos Porcos, Mandacaru, Humaitá, dos Gatos, das Cabaças e da Fortuna. O principal corpo de acumulação dessas águas é o Açude Piranhas, que recebe banhistas e visitantes de todas as regiões do Vale do Piancó. “Ibiara está incluída na rota turística do Sertão da Paraíba, justamente pelo Açude Piranhas e a preservação de animais nativos como gaviões, sabiás, papagaio louro.

Nos finais de semana o lugar enche de famílias para passear, fazer foto, registrar o momento”, afirma o professor Tom Jerônimo, que encerra com um resumo do que é ser filho de Ibiara, uma cidade que se prepara para o futuro, mas que respeita seu passado. “As pessoas ainda conversam nas calçadas à noite, dá para ouvir o sino da igreja tocando. Ibiara planeja o futuro, mas ainda mantém uma cultura do passado, e que bom que seja assim! Porque preserva a história e a memória. Conhecer, valorizar e preservar, acabou virando nosso lema principal”.