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Santana dos Garrotes: Maior produtor de arroz vermelho

Santana dos Garrotes: Maior produtor de arroz vermelho

Produto apresenta grande importância cultural e econômica para o município e toda região do Vale do Piancó

Conhecida como a Terra do Arroz Vermelho, o município de Santana dos Garrotes está localizada na mesorregião do Sertão paraibano e na microrregião de Piancó (Região Metropolitana do Vale do Piancó), onde se concentra a maior produção deste alimento jáeconhecido na gastronomia paraibana e que é fundamental para a sobrevivência da agricultura familiar.

De acordo com o prefeito, José Paulo Filho, o arroz vermelho, também conhecido como arroz da terra, apresenta grande importância cultural e econômica tanto para a cidade e todo o Vale do Piancó.

Atualmente, o arroz vermelho é produzido em 17 municípios polarizados pelo Vale do Piancó com destaque para Santana dos Garrotes, Pedra Branca, Nova Olinda, Itaporanga, Diamante e Ibiara, responsáveis por cerca de 60% da área cultivada, beneficiando centenas de famílias agricultoras a partir da geração de postos de trabalho,renda, além de segurança alimentar e nutricional.

Tanto o arroz vermelho como o branco são variedades diferentes da mesma espécie e seus grãos são parecidos e antes do beneficiamento quase não dá para distingui -los. A cor vermelha aparece com aretirada da casca, ou seja, está na película que envolve o grão.

A maioria dos santana-garrotenses vive da agricultura e pecuária de subsistência. A produção de arroz vermelho sustenta diversos agricultores familiares da cidade que, assim como os outros municípios, integrantes da região do Vale do Piancó realizam o plantio na segunda quinzena do mêsde dezembro, e a colheita acontece em maio.

Por envolver todo o Vale do Piancó e diante de todo o seu destaque econômico e cultural, o gestor afirma que a chamada “cultura do arroz vermelho” já se tornou reconhecida em vários veículos de imprensa e em todo o Brasil. Ele reforça que o arroz vermelho constitui um dos principais ingredientes da culinária regional da Paraíba.

No entanto, de acordo com a Empresa Paraibana de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer), apesar de sua importância para a segurança alimentar e geração de renda local, a cultura do arroz vermelho, tem perdido espaço em suas áreas de cultivo, substituídas por pastagens para bovinocultura de leite e corte.

Além disso, a irregularidade de chuvas dos últimos anos nesta localidade também tem colaborado para a redução de áreas plantadas. Conforme estimativas da Empaer, diferentemente dos anos anteriores, a produção do arroz vermelhofoi reduzida em mais de 70% neste ano, já que a previsão de colheita é de aproximadamente 360 toneladas porque as áreas estão sendo ocupadas pela pecuária. Em 2018, a área total plantada com a cultura foi de 872 hectares. Já neste ano, foi de 305, o que significa uma redução de 75%.

Neste sentido, o prefeito observa que apesar da maior parte da população ser da zona rural e viver da agricultura e pecuária direcionadas a subsistência, o prefeito ressalta que já existe um processo de desenvolvimento da zona urbana a partir do comércio (com foco nos supermercados e outros estabelecimentos menores para venda de alimentos) e serviços bancários. “Na cidade, já se destacam o comércio e os serviços, principalmente os serviços bancários. A maior parte da população é composta por trabalhadores rurais, aposentados, funcionários públicos da prefeitura e Estado e comerciantes”, descreveu.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santana dos Garrotes tinha em 2021, uma população estimada em 6.942 pessoas e uma área territorial de 361,484 km². Os municípios vizinhos da cidade são: Nova Olinda; Logradouro; Piancó; Itaporanga; Juru; São José de Princesa; Boa Ventura; Mato Grosso; Tavares; Curral Velho; Igaracy;Olho d’Água; Diamante; São Francisco; Pedra Branca; Quixaba; Princesa Isabel; Água Branca; Aguiar; São José de Caiana e Manaíra.

Distante 413Km, da capital João Pessoa (via BR-230), em uma viagem de aproximadamente seis horas, Santana dos Garrotes conta com os distritos Pitombeira de Dentro, Palestina e Serra Branca. A cidade do Sertão tem 316 metrosde altitude e se situa a 22km a sul -leste de Itaporanga a maior cidade nos arredores.

Além disso, ela faz parte da área geográfica de abrangência do Semiárido brasileiro, definida pelo Ministério da IntegraçãoNacional em 2005. Tal delimitação tem como critérios o índice pluviométrico, o índice de aridez e o risco de seca. Seu bioma é a Caatinga.

Segundo o Departamento de Ciências Atmosféricas, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Santana dos Garrotes apresenta um clima com média pluviométrica anual de 749.7 mm e temperatura média anual de 26.1 °C.

Festa de Santa Ana é a maior e mais tradicional da cidade

Além da gastronomia, agricultura familiar e artesanato, a cidade também se destaca pelos seus eventos culturais. Um dos principais é a Festa de Nossa Senhora de Santana em homenagem à Padroeira do município e realizada entre os dias17 e 26 de julho, na praça da Igreja Matriz Nossa Senhora de Santana.

A Festa de Santa Ana é a maior e mais tradicional comemoração da cidade e atrai várias pessoasdo Sertão do Estado e principalmente do Vale do Piancó. Já são mais de 101 edições da celebração do dia da santa.

Nesse período, Santana recebe ainda diversos fiéis de várias partes do Brasil. A imagem de Senhora Santana visita cada comunidade que permanece nas capelas por 24 horas. Nas novenas, ocorrem testemunhos de graças alcançadas, e avida da Santa é refletida junto aos temas que a Igreja divulga para o momento pastoral.

São nove noites de novenário e quermesses, encerrando no dia 26 com missa solene, procissão, descida da bandeira e coroação das imagens de Santana e de Nossa Senhora.

Sobre a padroeira

Santa Ana ou Sant’Ana é a mãe de Nossa Senhora (Maria) e avó de Jesus Cristo. As referências sobre o nascimento de Maria fazem partedo Proto-Evangelho de Tiago. Também conhecido como Evangelho de Tiago e Evangelho da Infância de Tiago, ele foi escrito no primeiro século e não faz parte dos Evangelhos Canônicos, ou seja, aqueles reconhecidos pela Igreja como oficiais.

O nome “Ana” vem do hebraico “Hanna” e significa “graça”. Santa Ana era descendente do sacerdote Aarão e esposa de um santo: São Joaquim que, por sua vez, era descendente da família real de Davi.

Nesse casamento estaria formada a descendência de Maria e consequentemente de Jesus Cristo.

Outro evento reconhecido é a festa de aniversário da cidade (emancipação política), no dia 22de dezembro. Em 2022, o município completa 60 anos de emancipação política (ela era um distrito de Piancó e se emancipou em 1961).

Segundo o prefeito, assim como todas as edições da festa, a expectativa para esse ano é realizar vários shows voltados aos moradores e visitantes. “Santana dos Garrotes estáno mapa do turismo da Paraíba, no chamado Vale dos Sertões. Ao chegar na cidade, os visitantes também podem conhecer a nossa feira que no sábado atraem pessoas inclusiveda zona rural e de outras regiões vizinhas”, comentou José Paulo Filho.

História

Santana dos Garrotes teve origem em 1825, com a instalação de um povoado em terras da Fazenda Exu, local onde existia uma casa de oração. Naquele ano, a região foiassolada por uma grande seca que atingiu a Paraíba. Por essa razão, o morador José dos Santos roubouum garrote para se alimentar, escondendo o couro e seus vestígios junto a uma lagoa.

Quando os habitantes da região souberam da história, passaram a chamar o local de Lagoa dos Garrotes. Essa lagoa estava nas proximidades da fazenda que originou o povoado.

Em 1850, a casa de oração foi transferida para a margem esquerda do riacho Santana, onde foi erguida uma capela. Entre 1850 e 1860, chegou ao povoado o Padre José Tomaz, que convidou os habitantes a prosseguirem com os serviços da capela e a prosperidadedo local. Quando a capela em homenagem à Santana foi fundada, às margens do Riacho Santana, o povoado cresceu, entre o Riacho Santana e a Lagoa dos Garrotes, oque deu nome à cidade.

Em 1893 era organizada uma pequena orquestra pelo maestro José Lopes que também colaborou para a construção de uma capela. Entre os pioneiros que ontribuíram para o desenvolvimento do lugar está ainda o tenente João de Araújo.