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Remígio: Pioneiro em produção orgânica

Remígio: Pioneiro em produção orgânica

Agreste e Curimataú, Remígio é um município que se destaca pela agroecologia. Com o certificado de produção orgânica do Ministério da Agricultura, a Associação dos Produtores do Assentamento Queimadas, que reúne 28 produtores, é pioneira na produção de algodão colorido na Paraíba. São 35 hectares de plantação de algodão e, em média, 15 toneladas do produto, sem o uso de agrotóxicos. Milho, feijão, fava, gergelim, batata doce, jerimum, coentro e girassol também são produzidos de forma orgânica na região.

Aberta para visitação, a Associação é um dos pontos turísticos do município, e oferece aos visitantes a experiência de conhecer as fases de plantio e colheita dos seus produtos, que, além de serem exportados para a França, podem ser comprados no local. A visitação é recomendada entre junho e julho — período de floração do algodão — e de outubro a novembro — quando acontece a colheita.

“Aqui em Remígio, temos um trabalho que começou há muito tempo, desde 2006, com a produção agroecológica e a produção orgânica de algodão e outras culturas”, conta o agrônomo e ex-secretário de Agricultura, Júnior da Padre Cícero. “Desde então, muitas coisas avançaram. O trabalho começou com pesquisa e, junto com os produtores, já pensando no mercado, começamos o processo de certificação, que antes era feito por auditagem, que tinha um grande custo para os agricultores.”

Segundo Júnior, em 2013, a partir de uma ação junto ao Ministério da Agricultura, os agricultores orgânicos e agroecológicos resolveram se organizar através de uma associação chamada Rede Borborema de Agroecologia. “O objetivo era, além de organizar melhor a produção dos agricultores, poder se credenciar ao Ministério da Agricultura, para poder estar apto a realizar a Certificação Participativa, que é uma certificação feita pelos próprios agricultores, um trabalho de extrema responsabilidade e confiança durante todo o processo de produção.”

O agrônomo explica que, “atualmente, os produtores têm um contrato com a Vert (Veja), uma empresa francesa, que busca a produção sustentável e compra os produtos orgânicos aqui do Assentamento”.

Cinema de rua

Além da área rural, Remígio também conta com outros atrativos. Um dos mais famosos é o Cine RT, localizado no Centro da cidade, na Rua Flávio Ribeiro Coutinho. Conhecido como o único — e último — cinema de rua da Paraíba, o lugar conta com 105 assentos em uma sala única, e cede espaço para programações especiais, com exibição de filmes educativos para grupos escolares. Estreias e filmes recém-lançados também passam na tela do Cine RT, que é a realização do sonho de criança do proprietário, Regilson Cavalcante.

É possível acompanhar a programação do cinema através do instagram, seguindo o @ cinertremigio.

Pensando em fomentar a cultura, o turismo e a economia local, festas municipais são organizadas em espaços públicos. Entre elas, está o Festival de Cinema de Rua de Remígio, que acontece em setembro, e o Festival de Gastronomia, em novembro. Segundo o Secretário de Cultura e Turismo do município, Euzelir Fidélis, “nesses eventos, ofertamos várias oficinas, tanto voltadas para a sétima arte, quanto para as comidas típicas da região. Temos também o Cultura na Praça, onde damos um apoio às associações culturais do município”

Além destas, Remígio também organiza encontros de carros antigos e eventos esportivos de corrida. A cidade também faz parte da Rota Cultural Caminhos do Frio, evento que, este ano, passará pelo município entre os dias 15 e 21 de agosto.

História

Os primeiros habitantes de Remígio foram os povos indígenas Potiguares, que se dividiam em três grandes aldeias: Jandaíra, Queimadas e Caxexa. Os primeiros registros oficiais de homens brancos na região datam de 1788, quando o alferes Luiz Barbosa da Silva Freire, de família tradicional portuguesa, negociou terras com João de Morais Valcácer, adquirindo assim a propriedade da terra denominada “Lagoas”, hoje batizada de Remígio.

Luiz Barbosa tinha um genro chamado Remígio dos Reis, que construiu sua residência próxima a uma das cinco lagoas que existiam na propriedade — a atual Lagoa do Parque do município. “Lagoas”, que pertencia a Areia, fez parte nas lutas da Confederação do Equador, junto com o povo areiense.

Em 30 de março de 1938, “Lagoas” passou a categoria de vila, devido ao rápido crescimento populacional. Em 15 de novembro do mesmo ano, a vila ganhou a denominação atual, e passou a ser conhecida como Remígio. O primeiro projeto para separar a vila de sua sede, Areia, foi apresentado pelo deputado Luiz Bronzeado, e reprovado pelo governador João Fernandes de Lima, alegando que o desmembramento traria prejuízos econômicos a Areia.

Em 2 de agosto de 1956, o deputado Tertuliano de Brito apresentou à Assembleia o Projeto de Lei Nº129/1956, pedindo mais uma vez a emancipação de Remígio. A lei foi sancionada em 14 de março de 1957, pelo governador Flávio Ribeiro Coutinho, e entrou em vigor no dia 31 do mesmo mês e ano.

Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que o índice populacional de Remígio é de 19.973 pessoas. No dia 8 de julho deste ano, o Diário Oficial do Município publicou um decreto que determina a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção contra a Covid-19, segundo o qual “nenhum cidadão poderá adentrar as dependências de qualquer prédio público ou utilizar de qualquer serviço público, inclusive aqueles prestados por terceiros, caso não esteja fazendo correto uso de máscara.”

Curiosidades

A padroeira da cidade é Nossa Senhora do Patrocínio. A igreja dedicada à Santa, em frente à Praça João Soares, no Centro, foi construída em 1893, 36 anos depois da emancipação do município. As pinturas na estrutura foram feitas em 2014, pelo artista plástico Roberto Reis. No interior da construção, está o corpo do Monsenhor José Rodrigues Fidelis, remigioense nascido em 1920 e falecido em 2017, com 97 anos. Hoje, o corpo do Monsenhor, que administrou a paróquia por 30 anos, é o único sepultado na igreja. Após o falecimento do sacerdote, foi decretado luto oficial em Remígio durante três dias.

O município também conta com turismo histórico. De acordo com o secretário Euzelir Fidélis, os turistas costumam visitar, principalmente, o Sítio Arqueológico Pedra da Letra — patrimônio Histórico Cultural pela lei municipal n°338 de 18 de dezembro de 1998 —, a Maternidade dos Negros na Fazenda Tanques — uma estrutura de pedra onde as mulheres escravizadas eram levadas para conceber seus filhos —, a Lagoa Parque Senhor dos Passos, a cachoeira Bangalô e a Pedra de Santa Luzia, localizada na Zona Rural de Remígio.

No mês passado, a Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado (Suplan), iniciou a construção do ginásio do Programa Bom de Bola. Nas próximas semanas do mês atual, julho, a ordem de serviço para a pavimentação da Rua Bento Vitória e Rua Desembargador Simeão Cananéia, no trecho que liga a sede do município ao Distrito de Cepilho, será emitida. As informações são da Superintendente da Suplan, Simone Guimarães.