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Por que Amparo é conhecida como Capital do Amor e da Fé?

Por que Amparo é conhecida como Capital do Amor e da Fé?

Reconhecimento surgiu quando um grupo de amparenses trouxe alguns amigos de Pernambuco para conhecer o povoado

“Quando cheguei aqui, só existiam cinco casas e uma pequena igreja. Pude acompanhar a chegada de novas famílias, as coisas foram melhorando e já são 60 anos morando nessa cidade que tanto amo morar”, relembra uma das primeiras moradoras de Amparo, dona Anita Soares Silva, que tem 79 anos de idade.

Ainda sendo distrito de Sumé, Amparo passou a ser conhecida como a Capital do Amor. Esse reconhecimento surgiu por volta de 1992, quando um grupo de amparenses residentes em Santa Cruz do Capibaribe-PE, trouxe alguns amigos para conhecer o então povoado. Era época carnavalesca e devido a receptividade do seu povo, o carinho recebido, um dos visitantes gritou em praça pública: “Amparo é uma verdadeira Capital do Amor, seu povo acolhedor nos emociona com tanta bondade em seu acolhimento!”.

A partir de 2007, já emancipada, a cidade recebeu mais um adjetivo. Dessa vez, do então pároco local, o padre Paulo Roberto de Oliveira, que em uma celebração da festa do padroeiro municipal (São Sebastião), sugeriu que fosse acrescido a fé do povo amparense. Desde então, o município é conhecido como a Capital do Amor e da Fé.

A cidade faz mesmo jus ao nome que recebeu: ‘Capital do Amor’. Dona Nelma Oliveira, 59 anos, fez questão de contar que foi tão acolhida pelo povo de Amparo e já são 18 anos morando na cidade que escolheu para criar seus quatro filhos. “Eu gosto muito de morar aqui, todos se conhecem, posso andar tranquila nas ruas, sem medo. Aqui, somos como uma grande família,quando aparece um problema logo vem alguém pra ajudar, quando alguém precisa de uma cirurgia todos ajudam, com doações, fazendo bingos e até rifas. Esta união me soa como um carinho ao próximo. Sou muito feliz poder ter deixado São Paulo e ter vindo morar aqui”, destaca a paulistana de nascença e paraibana de coração.

Emancipação política foi em 1994

A cidade também faz eventos culturais para celebrar sua emancipação política, todo dia 29 e abril, quando acontece a tradicional ‘Jericada’ (espécie de corrida de animais cuja montaria é feita em Jegues/Jumentos), as ‘Pegas de Boi no Mato’, vaquejada e ‘Prados’ (corridas de cavalos). Além das apresentações da companhia de dança Mistura de Ritmos, da banda marcial 29 de abril, do encontro de cantadores de violas e de grupos parafolclóricos. No mês de setembro, o município de Amparo realiza a tradicional ‘Noite dos Campeões do Repente’ que conta com grandes nomes da arte do improviso na viola. Entre seus filhos ilustres, está Abdias Campo, músico, compositor, cordelista e autor de mais de 100 livros.

Na gastronomia, o prato mais típico, o ‘arroz de festa’, é feito com o caldo da galinha de capoeira. Além da buchada de bode na brasa, que podem ser encontrados em quase todos os bares e restaurantes da cidade.

O povoamento de Amparo começou ainda no século 19, com a chegada de famílias atraídas pelas facilidades de criação de gado, trabalho que antes era realizado pelos índios sucurus que moravam nessa região do Cariri paraibano e no Pajeú paraibano. A pequena vila amparava compradores de animais, na casa do senhor Miguel Pereira, fundador da então vila e futuro distrito da cidade de Sumé. Sua emancipação política só veio em 29 de abril de 1994, através da lei estadual 5.984/94.

Pedra da Bicha e o seu valor histórico

Amparo fica no Cariri paraibano e a 292 km da capital paraibana, João Pessoa, e apresenta suas belezas naturais que contrastam com a vida cotidiana, despertando a curiosidade dos que visitam o município. Como a Pedra da Bicha, que por esse nome acaba sendo vista de forma pejorativa, mas na verdade a localidade tem esse nome por causa de uma onça parda que atacava os rebanhos de caprinos e ovinos da região. Esse paredão rochoso tem 150 metros de altitude, propício para a prática de esportes de aventura como o rapel, também possui um valor histórico para a Paraíba, pois foi um dos esconderijos de João Dantas, acusado de assassinar o presidente João Pessoa.

Outro ponto turístico é a Cruz da Moça, monumento religioso erguido na localidade rural de mesmo nome. Segundo os antigos moradores, uma família de retirantes teve uma de suas filhas morta por não aguentar a fome e a sede. Em sua memória, uma das moradoras da região que lhe negara água no trajeto, decidiu erguer uma capela para que os devotos pudessem pagar suas promessas em sua homenagem. Todos os anos dezenas de fiéis de outras regiões e estados frequentam a localidade e fazem suas preces pedindo proteção.

Tem ainda a Casa de Tia Bolim, a primeira casa de alvenaria construída em meados do fim do século XVIII para arranchar os chamados “galinheiros”, homens faziam o traslado e comércio de animais entre a região do Cariri paraibano e o Pajeú pernambucano. O Cruzeiro e Praça de São Sebastião, que foi construída em forma de mirante e é possível contemplar o pôr do sol e a zona urbana de Amparo. Na zona rural, os visitantes também podem visitar a fazenda Serrote Agudo, que foi fonte inspiradora para o compositor e poeta José Marcolino compor uma das suas mais belas canções, que leva esse nome e foi interpretada por Luíz Gonzaga, o Rei do Baião.

Sua economia que está voltada para a agricultura familiar, tendo como carro-chefe a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura e pecuária, em que cerca de 200 produtores rurais extraem diariamente cerca de dois mil litros de leite. Essa atividade resultou na criação da ‘Amparo Cabra Fest’, que se projeta como um dos maiores trades turísticos do Cariri, tendo como objetivo apoiar e estimular os produtores rurais por meio de feira e exposição de animais, que ocorre anualmente na segunda quinzena do mês de julho. Esse evento é um dos responsáveis por fomentar e alavancar a economia local. Em sua última edição 2019, o evento gerou um volume de investimentos em projetos entre os agentes bancários de pouco mais R$ 250 mil.

A cultura e a religiosidade andam de mãos dadas em Amparo. A ‘Festa de Janeiro’ se destaca na expressividade dos moradores em celebrar seu padroeiro, São Sebastião, como procissões, novenas, quermesses, missas e apresentações. Dona Anita, uma das moradoras mais antigas da cidade relembra que as ‘festas de janeiro’ eram sempre muito boas. “Ah, como a gente adorava acordar ainda de madrugada para os festejos que começavam antes das 4h. Era uma festa maior do mundo, com muito forró pelas suas da cidade”, conta a aposentada.