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População de bois ultrapassa a de humanos no Brasil

População de bois ultrapassa a de humanos no Brasil

Enquanto a população humana do Brasil cresce em ritmo cada vez menor, o número de animais para a produção comercial não para de subir. Segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de bois é, pela primeira vez, maior que o de humanos no país. São 234,4 milhões de bovinos contra 203,1 milhões de pessoas.

O tamanho do rebanho de bois no Brasil, considerando os dados de 2022, é o maior da história, desde que as contagens foram iniciadas em 1974. Diante do atual cenário, existem 31,3 milhões de cabeças de gado a mais do que de humanos.

Por que o número de bois não para de subir?

Para entender essa situação, Mariana Oliveira, analista da PPM, destaca uma mudança, aparentemente, temporária no mercado internacional. “A produção de bovinos vem aumentando, desde 2019, devido aos bons preços da arroba e do bezerro vivo”, explica em nota.

Número de bois no Brasil supera o de humanos, segundo pesquisa do IBGE (Imagem: EwaStudio/Envato)
Número de bois no Brasil supera o de humanos, segundo pesquisa do IBGE (Imagem: EwaStudio/Envato)

Com isso, “ocorreu um processo de retenção de fêmeas [no país] para reprodução, devido aos preços mais atrativos”, acrescenta Oliveira. Nesse ponto, os dados de 2022 refletem um pico dessa estratégia, culminando no número recorde de bois.

Só que, agora, “a expectativa é de que a alta dos preços tenha se encerrado em 2022, quando observamos, também, aumento no abate de fêmeas”, complementa a analista. Dessa forma, a tendência deve ser de estabilidade ou mesmo queda.

Cidades com mais bois no Brasil

Nas análises da PPM, foi possível observar quais cidades brasileiras concentram os maiores rebanhos de boi no país. A seguir, confira os cinco municípios que mais se destacam, em ordem decrescente:

  1. São Félix do Xingu, no Pará, com 2,5 milhões de cabeças de boi;
  2. Corumbá, no Mato Grosso do Sul, com 1,9 milhão;
  3. Porto Velho, em Rondônia, com 1,6 milhão;
  4. Novo Repartimento, no Pará, com 1,3 milhão;
  5. Marabá, no Pará, com 1,3 milhão.

Buscando dimensionar a questão, a primeira colocada na lista de cabeças de gado do país conta com uma população humana de apenas 64,5 mil pessoas, segundo o último censo de 2022. Para quem é fã de ficção e já leu George Orwell, logo pensa que este é o cenário perfeito para A Revolução dos Bichos — fábula em que os animais da fazenda “tomam” os meios de produção e passam a ocupar o lugar dos humanos.

População de galinhas também é maior que a de humanos

Embora chame menos a atenção que bois, a população de galinhas já é maior que a brasileira. Na pesquisa da PPM, foram contabilizadas 259 milhões de aves. Por aqui, a cidade com mais galinhas no país é Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, com 13 milhões. Em seguida, estão: Bastos (SP), com 10,9 milhões; e Primavera do Leste (MT), com 4,3 milhões. Isso sem considerar o número de galináceos, estimado em 1,5 bilhão no ano passado.

Criação de animais e as mudanças climáticas

Diante das mudanças climáticas e do impacto da criação de animais na pegada de carbono, muitas pesquisas investigam formas de tornar a agropecuária menos poluidora. Entre as iniciativas, está um composto de algas que pode ser misturado ao estrume, reduzindo a liberação de gases do efeito estufa, como o metano. A estratégia é testada por cientistas da Universidade de Ciências Agrárias da Suécia.

Novas estratégias buscam limitar os efeitos nocivos da criação de gado, como a liberação dos gás metano (Imagem: Redzen2/envato)
Novas estratégias buscam limitar os efeitos nocivos da criação de gado, como a liberação dos gás metano (Imagem: Redzen2/envato)

Na contramão desse movimento, a carne produzida em laboratório, livre de crueldade animal, também começa a ganhar espaço em outros países. Nos Estados Unidos, a venda de frango cultivado em laboratório já pode ocorrer em locais específicos. Produtos do tipo não são comercializados no Brasil.