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Pesquisa sobre maior flor de âmbar já encontrada revela detalhes sobre passado da Terra

Pesquisa sobre maior flor de âmbar já encontrada revela detalhes sobre passado da Terra

Planta que mede uma polegada está preservada há milhões de anos

Eva-Maria Sadowski, pesquisadora de pós-doutorado no Museu de História Natural de Berlim, não tinha uma ideia específica em mente quando decidiu pegar emprestado o maior fóssil de flor preservado em âmbar já encontrado.

— Eu fiz sem nenhuma expectativa, só porque estava curiosa —, disse ela.

Sua curiosidade a fez descobrir uma imagem mais clara de como era a floresta de âmbar do Báltico no norte da Europa há mais de 33 milhões de anos. A flor preservada floresceu a meio caminho entre a extinção dos últimos dinossauros e a evolução dos humanos, que a encontraram no século XIX em um território que hoje faz parte da Rússia. Em 1872, os cientistas a classificaram como Stewartia kowalewskii, uma extinta flor perene.

A identidade da flor de âmbar do Báltico não havia sido revisada até a publicação do artigo de Eva-Maria Sadowski na Scientific Reports, nesta quinta-feira.

Imagens mostram detalhes de flor de âmbar preservada há milhões de anos — Foto: Reprodução

Imagens mostram detalhes de flor de âmbar preservada há milhões de anos — Foto: Reprodução

Plantas em âmbar são uma raridade. Entre os espécimes de âmbar do Báltico, apenas 1% a 3% dos organismos capturados são botânicos. Embora sejam mais difíceis de encontrar, as plantas em âmbar fornecem aos paleobotânicos uma riqueza de informações, explica a cientista. O âmbar, que se forma a partir da resina da árvore, preserva espécimes antigos em três dimensões, revelando “todas as características delicadas que você normalmente não encontra em outros tipos de fósseis”.

A flor que chamou a atenção do Dr. Sadowski tinha uma polegada de largura. Um colega contou a ela sobre o tamanho “enorme” da flor antes que ela a procurasse, e ela se perguntou se ele estava exagerando. Ele não estava. Ela então decidiu ver o que 150 anos de avanços tecnológicos poderiam revelar sobre Stewartia kowalewskii.

Depois de ter a flor fóssil em mãos, Sadowski poliu o bloco de âmbar com um pano de couro úmido e pasta de dente — uma técnica que ela aprendeu com seu orientador de doutorado, Alexander Schmidt. Sob um poderoso microscópio, a Dra. Sadowski viu detalhes perfeitamente preservados da anatomia da flor, junto com partículas de pólen, que ela usou para ver se a planta havia sido classificada na família correta 150 anos atrás.

Depois de isolar e obter imagens dos grãos, sua coautora do estudo, Christa-Charlotte Hofmann, da Universidade de Viena, investigou o pólen, juntamente com características microscópicas da anatomia da flor. Isso apontava para um grupo de gênero totalmente diferente do que havia sido atribuído em 1872: Symplocos, um gênero de arbustos floridos e pequenas árvores não encontrados na Europa hoje, mas difundidos no leste da Ásia moderna.

A redesignação da flor gigante ajuda a aprofundar o que os cientistas sabem sobre a diversidade ecológica da floresta de âmbar do Báltico. Também esclarece como o clima da Terra mudou nos últimos 35 milhões de anos: a presença de Symplocos ajuda a mostrar que a Europa antiga era mais amena do que na maior parte da história humana.

— Esses minúsculos grãos são registros naturais de climas e ecossistemas passados ​​que podem nos ajudar a medir o quanto nosso planeta mudou devido a causas naturais —, disse Regan Dunn, paleobotânico do La Brea Tar Pits and Museum, que foi não esteve envolvido com a pesquisa. — Isso nos permite entender melhor o quanto nossa espécie está impactando o planeta.