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Oito dicas para adultos e crianças aprenderem a gostar de novos alimentos

Oito dicas para adultos e crianças aprenderem a gostar de novos alimentos

Entre as recomendações de especialista, está a insistência: só desista depois de experimentar de 15 a 20 vezes

Quem nunca ouviu um adulto falando que não gosta de comer frutas, verduras e legumes ou que tem paladar infantil? Infelizmente, os alimentos mais nutritivos são os mais rejeitados por adultos ou crianças. O paladar começa a ser formado ainda no feto, a partir da 8ª semana de gestação, com o desenvolvimento das papilas gustativas. O bebê engole o líquido amniótico, que é saborizado de acordo com a alimentação da mãe. Por isso, desde então é importante a diversidade de alimentos ingeridos por ela, contendo todos os sabores: doce, salgado, amargo, azedo e o umami.

— O bebê tem mais predisposição a gostar do sabor doce, por alguns motivos. O primeiro motivo é por conta do leite materno, que é mais doce. Outra teoria é que o sabor indica maiores quantidades de carboidrato, dando mais energia — explica a nutricionista Priscilla Primi.

A língua é o principal órgão do paladar, nela são encontradas estruturas chamadas de botões gustativos, responsáveis pela percepção de sabores. Os receptores gustativos são estimulados pelas substâncias químicas dos alimentos, que desencadeiam o impulso nervoso que será interpretado pelo sistema nervoso central, mais precisamente as áreas do córtex gustatório primário, na ínsula, e o córtex orbital, acima dos olhos, associados à resposta a quaisquer estímulos agradáveis, não só de comida.

Quer dizer que a preferência por certa comida vai muito além do gosto, mas também das emoções envolvidas. A aversão ao amargo, comum entre crianças e muitos adultos, teria uma explicação evolutiva, visto que o sabor é lembrado como veneno ou algo tóxico. Mas não é definitivo.

— O paladar é ensinável e moldável. Não é porque a gente não gosta de alguma coisa que é para sempre. Podemos dar diferentes estímulos para que isso se modifique. Na vida adulta, essa mudança ocorre, principalmente, quando começa a vida social. Outras pessoas acabam estimulando a experiência de sabores novos. A bebida alcoólica, por exemplo, acaba sendo associada a um ambiente agradável e festivo. O cérebro então reinterpreta o gosto amargo como algo prazeroso. É o mesmo com o café — diz Primi.

Assim, o primeiro passo é tornar o momento de inserir um novo alimento na dieta algo agradável, num clima bom, com outras comidas que já sejam consideradas gostosas.

A especialista lembra que a estimulação do paladar é como um hábito, não se pode desistir de cara. É tentando, insistindo, que começa uma mudança no estilo de vida, buscando comer alimentos mais saudáveis, como frutas, verduras e legumes, e deixando de lado os doces, as frituras e os ultraprocessados.

Primi diz que é normal ter certas preferências alimentares e não gostar, por exemplo, de chuchu. O que não pode acontecer é deixar de comer o grupo alimentar inteiro, como nenhuma hortaliça, ou nenhum tipo de fruta ou verdura.

Confira 8 estratégias recomendadas por especialistas.

1 – Prato colorido

Um prato colorido e recheado de nutrientes é melhor para a saúde e estimula a visão, dando sensação gustativa diferente e estimulando o ato de comer.

2 – Textura dos alimentos

Crianças gostam de sentir a textura dos alimentos. Para adultos, a crocância é uma forma de estimular o paladar. É importante sempre ter essa variedade no prato, combinando alimentos mais moles, alguns mastigáveis e outros com crocância. “Um prato todo mole não é tão legal como quando tem crutons ou amêndoas”, diz o nutrólogo Daniel Magnoni.

3 – Temperatura ideal

“Muitas pessoas não gostam de comer saladas e frutas porque são alimentos frios. Então, é importante pensar em alternativas. Por que não fazer uma banana assada ou maçã cozida com canela?”, sugere Primi. Outra questão é a temperatura do ambiente em relação à comida. Não é prazeroso tomar sopas e caldos no calor ou comer salada no frio.

4 – Fugir do amargo

O amargo remete a toxinas e venenos, o que faz os bebês, principalmente, terem aversão a ele. Especialistas sugerem que alimentos com esse sabor sejam mais cozidos ou misturados a ingredientes agridoces.

5 – Sem comida seca

Segundo Magnoni, comida seca geralmente “não dá prazer na hora de comer”. Ele sugere incluir no prato alimentos mais frescos, como tomates ou pepinos, ou que a refeição seja servida com molhos, caldos (como feijão), purês e cremes, além das bebidas.

6 – Criatividade

É necessário consumir cinco porções do reino vegetal, como frutas, legumes e verduras, por dia, porém, por falta de costume, muita gente não gosta deles. Especialistas afirmam que é preciso ter criatividade na hora de preparar e servir. Por exemplo: se não gosta da cenoura crua, tente um purê.

7 – Não desistir

É comum não gostar de um alimento na primeira vez, porque é algo novo. Mas tente comer mais vezes. O paladar acaba se acostumando com o gosto depois de 15 a 20 vezes de repetição. E tudo bem se no final você de fato não gostar daquele tipo de comida, mas não deixe de tentar dezenas de vezes.

8 – Começar cedo

Quanto mais cedo começar a experimentar novos sabores e novos alimentos melhor, pois, na infância, o paladar ainda não está estabelecido. E combata preconceitos do tipo: “Não como porque é verde ou porque é frio ou porque não gosto do sabor”. É importante sempre estar aberto ao novo.