Matinhas: Maior produtor de tangerina do NE

Com temperatura amena, região brejeira favorece a plantação do fruto sem necessidade de grandes investimentos

A produção da laranja e o turismo rural estão entre as principais atividades responsáveis pelo desenvolvimento do município de Matinhas. Ele está localizado na Região Metropolitana de Campina Grande e na microrregião do Brejo paraibano e é reconhecido como o maior produtor de tangerina do Nordeste.

De acordo com o secretário de Cultura e Turismo, Wilker Muniz, a cidade possui um grande potencial, pois as cachoeiras do Rio Mamanguape, os laranjais, a cultura religiosa e a gastronomia da zona rural atraem visitantes durante todo o ano.

Matinhas faz parte da mesorregião do Agreste paraibano e tem uma distância de, aproximadamente, 147 km da capital João pessoa e 24km de Campina Grande. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade tem uma área territorial de 38 km² e uma população estimada em 4.528 pessoas ( dados de 2021).

Segundo o secretário, a chamada “cultura da laranja” possui um grande valor para a sua população, já que a produção da fruta é o forte da economia local e torna a cidade reconhecida no Estado. “Em uma determinada época, Matinhas foi a maior produtora de tangerina do Brasil. Hoje, no Nordeste, ainda continuamos sendo uma grande produtora”, esclareceu.

Ele lembra que apesar de ser uma cidade jovem, apenas 27 anos, e pequena, atrai a atenção de pessoas até dos grandes centros, devido ao turismo rural, às belezas naturais, às memórias de seu povo e valorização da cultura local.

Pesquisas do IBGE apontam que Matinhas produziu 7,2 mil toneladas de tangerina, em 2003, e colaborou para que a Paraíba se tornasse a maior produtora da fruta do Nordeste, cultivada em oito outras cidades paraibanas. Além disso, ela obteve a principal produção de laranja do estado.

Com temperatura amena, a natureza também é outro destaque devido às trilhas naturais, cachoeiras além do clima ameno, responsável pela produção de laranja nas variedades: tangerina ponkan, mexerica, cravo e dancy. A localização na região brejeira favorece a plantação da fruta, sem a necessidade de grandes investimentos. “O agricultor tem a facilidade para produzir sem muito investimento e pode obter três ou quatro caixas de laranja de 15 em 15 dias. A produção é alta no município e o agricultor vive disso. É a principal fonte de renda”, explica o secretário.

O cultivo da laranja é uma das principais razões para 95% da população matinhense ser rural. Em sua maioria, sobrevive desta fruta, mas também da plantação de macaxeira, banana, milho, feijão e outros.

“Em quase todos os sítios, pode-se encontrar produção de laranja. A população, em sua maioria, mora na zona rural, e a zona urbana fica com o restante da porcentagem.

Povo hospitaleiro

O matinhense é reconhecido pela sua hospitalidade e, desde a emancipação da idade há 27 anos, o turismo cresce, não apenas pelas belezas naturais, mas devido aos eventos culturais de grande porte, que tornaram o município conhecido nacionalmente: Festa da Laranja/Festival Nacional da Tangerina, Rota Cultural Caminhos do Frio, Festa de Padroeiro, São João e outros.

Conforme a Prefeitura de Matinhas, o município é conhecido como o “Portal do Brejo paraibano” por ter a Festa da Laranja e o Festival Nacional da Tangerina, que existem desde 2004.

Turismo de eventos se destaca em Matinhas durante todo o ano

O calendário contempla as seguintes atividades: Festa do Padroeiro/São Sebastião (Janeiro), São João na terra da laranja (Junho), a Rota Cultural Caminhos do Frio (Julho), a Festa da Laranja e Festival Nacional da Tangerina (Outubro), além do Natal (Dezembro).

A Festa da Laranja/Festival Nacional da Tangerina atrai, todos os anos, muitos turistas para o município. Trata-se de evento de repercussão nacional, responsável pelo aquecimento da economia local e da região, tanto por meio da festividade, que acontece no Paque da Laranja, uma área pavimentada de 30 mil metros quadrados é o segundo maior parque de eventos da Paraíba, perde apenas para o Parque do Povo em Campina Grande. O local é ponto turístico do município e já foi palco de grandes eventos como: Festa de São João, Padroeira e a Festa da Galinha e da Cachaça.

A Festa da Laranja/Festival Nacional da Tangerina já está na sua 15ª edição, com uma infraestrutura própria e, conforme a prefeitura, é essencial para a economia local, tanto no aspecto de deslocar turistas para Matinhas, mas também porque, através dela, é possível alavancar investimentos para a produção e comercialização da laranja.

História do município começa na primeira metade do século 19

Segundo nota de historiadores, Francisco Falcão, Marçal de Miranda e Simão Ferreira da Silva requereram nove léguas de terra em 1718. Tal sesmaria se limitava com a serra “Matinhas” e a história local aponta que daí surgiu o nome da cidade.

No entanto, de acordo com a prefeitura, a história de Matinhas começa na primeira metade do século 19 e até a sua emancipação política, era um distrito de Alagoa Nova.

A emancipação política acontece no dia 29 de abril de 1994, pela Lei Estadual n° 5893 e a instalação da Prefeitura no dia 1º de janeiro de 1997.

Porém, o secretário de cultura e turismo lembra que, apesar da data oficial ser 29 de abril (aprovação da Lei de emancipação), é reconhecido culturalmente, em Matinhas, que a sua festa de emancipação política é realizada apenas no dia 15 de outubro. Este ano, a cidade completa 28 anos do desmembramento de Alagoa Nova.

Turismo Rural

A cidade possui diversos atrativos voltados, principalmente, para o turismo rural e de aventura. Um deles é a Cachoeira do Pinga considerada uma das mais bonitas quedas d’agua da Paraíba, situada no Sítio Jurema e distante aproximadamente 3km da cidade e 24km de Campina Grande.

Essa cachoeira, no período chuvoso (maio a setembro), escorre em pleno leito do Rio Mamanguape, formndo três quedas d’agua, que variam entre três e 10 metros de altura.

O solo rochoso do rio e os grandes paredões de pedra, que se formam em seu curso, dão forma às quedas do Pinga. Ela está em uma região de mata nativa preservada e de serras íngremes e, por isso, atrai os adeptos do ecoturismo e do turismo de aventura.

o e do turismo de aventura. Um segundo atrativo natural é a Cachoeira do Altar, no Sítio Jurema. Trata-se de uma queda d’água de, aproximadamente, 50 metros, no percurso do Rio Mamanguape. Ela tem esse nome por causa da sua imponência e formação rochosa com características de degraus.

Outro destino é a Casa Engenho Eufrásio de Arruda Câmara, no Sítio Sapé. As Ruínas do Engenho de Cana de Açúcar do Coronel Eufrásio de Arruda Câmara eram de uma fazenda escravocrata erguida no século 19.

População busca estímulo para sair da informalidade

Apesar de praticamente 100% da população local morar na zona rural, atualmente, a Prefeitura de Matinhas vem buscando incentivar o desenvolvimento urbano, em especial no comércio e serviços. A informação é do secretário de Cultura e Turismo o qual também informou que, nos últimos dois anos, houve um aumento na abertura de CNPJ para mercearias, farmácias, restaurantes, lojas de roupas, calçados e outros setores.

“De dois anos para cá, a zona urbana de Matinhas tem crescido. A população percebeu a necessidade de estimular o empreendedorismo na cidade. Inclusive, o Sebrae nos parabenizou porque temos uma sala de empreendedor na prefeitura que vem incentivando a abertura de MEIs para quem já tem um comércio. A população está investindo e a cidade vem crescendo com isso também”, detalhou Wilker Muniz.

Ele adiantou que hoje a gestão atual procura aprimorar as características mais importantes da cidade e melhorar os pontos turísticos locais. Para isso, tem realizado ações como reforma de praças, criação de espaços e mais recentemente a obra no Parque da Laranja. “A proposta é aprimorar aquilo que já existe e, no quesito de cultura eturismo, a gente quer agregar mais valor e montar rotas. Estamos com uma consultoria do Sebrae para aprimorar o turismo. Desejamos fazer muitos investimentos no turismo e na cultura local”.

Conforme a assessoria de comunicação da Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado (Suplan – PB), atualmente o Governo do Estado planeja realizar a Manutenção da Escola Ecit Poeta Mário Vieira da Silva, na zona rural de Matinhas. A obra está na fase de planejamento, e após a conclusão do orçamento, será feita a licitação.