Dia do Pantanal é marcado por preocupação com incêndios que atingem a região
Governo federal envia reforços para equipes de brigadistas; fogo iniciado em outubro ainda persiste e avança sobre áreas sensíveis, ameaçando animais
O Dia do Pantanal deveria ser celebrado neste domingo, porém a série de queimadas que assolam o bioma, ameaçando espécies de animais e plantas, acabou marcando a data em 2023. Desde outubro, incêndios florestais atingem a região do Parque Nacional do Pantanal e, mais recentemente, do Parque Estadual Encontro das Águas, considerado um santuário para onças-pintadas e um cartão-postal da região para o mundo.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em 21 de outubro, três raios atingiram o parque nacional, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Dorochê e uma propriedade particular próxima. Desde então, o fogo alcançou 27 mil hectares no parque e 23 mil hectares na RPPN.
No Parque Encontro das Águas, o combate é realizado pelo Corpo de Bombeiros do Estado. Lá, quase 36 mil hectares de vegetação foram queimados.
No sábado (11), uma reunião de emergência entre o governo federal e a administração do Estado do Mato Grosso definiu um reforço nas equipes, que totalizam cerca de 300 profissionais, entre brigadistas e servidores federais, além de veículos e aviões para o combate às chamas na região dos parques, perto de Poconé, município a 105 quilômetros de Cuiabá.
Imagens divulgadas na última semana pelo biólogo Gustavo Figueiroa, diretor do projeto SOS Pantanal, mostram grande parte do Parque Estadual Encontro das Águas devastado pelos incêndios que atingiram a região entre Poconé e Barão de Melgaço. O fogo começou em outubro e foi controlado, no entanto, retornou com grande intensidade na última segunda-feira (6).
Nas imagens, se destaca o registro de uma onça-pintada, ofegante, abrigando-se do incêndio embaixo de uma árvore. Outros profissionais do meio ambiente na região vêm divulgando relatos nas redes sociais manifestando preocupação com a morte de animais em meio às chamas. Entre fotos divulgadas, havia uma sucuri carbonizada próximo de seus ovos.
Segundo informações do governo estadual, o Corpo de Bombeiros contava com 60 militares na frente de combate ao fogo. Na reunião deste sábado, o comandante-geral da corporação pediu apoio à ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, para a instalação de um acampamento de apoio, além de mais equipes e aeronaves. A partir deste domingo (12), o número de brigadistas subiu para 90, e quatro aeronaves passaram a dar apoio às operações.
“O Pantanal sempre foi uma preocupação, porque é uma área com grande quantidade de materiais que podem entrar em combustão. Quando o fogo começa, temos que trabalhar conjuntamente, e nós estamos à inteira disposição para essa parceria com o Estado, inclusive para o aporte de recursos”, afirmou Marina no sábado.
De acordo com o governo federal, há previsão de aumento da temperatura nos próximos 15 dias na região.
“O Pantanal terá atenção prioritária no Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman), que reúne mais de uma dezena de órgãos federais. O governo estadual foi convidado a integrar o Ciman para colaborar com as ações coordenadas pelo governo federal na região”, informou o MMA em nota.
Apontado pelo IBGE como o menor de todos os biomas brasileiros, o Pantanal ocupa cerca de 150 mil quilômetros quadrados no Brasil, e divide-se entre os estados de Mato Grosso do Sul (65%) e Mato Grosso (35%). O bioma se estende ainda a países fronteiriços como Bolívia e Paraguai.