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Veja como proteger o seu pet do barulho dos rojões de réveillon

Veja como proteger o seu pet do barulho dos rojões de réveillon

A audição dos bichos é pelo menos duas vezes mais apurada do que a dos humanos, o que pode causar efeitos negativos frente a estímulos sonoros altos

Com a proximidade do ano novo, a preocupação com a queima de fogos de artifício aumenta entre os tutores de pet. Isso porque os rojões típicos das festas de réveillon, apesar de visualmente atraentes, costumam causar estresse, medo e até fobia nos bichos que não foram habituados de maneira adequada em relação ao estímulo.

De acordo com a médica veterinária Camila Voloch, especialista em comportamento animal, outros sintomas podem decorrer da aversão aos fogos.

“O medo é uma manifestação comportamental comumente vista diante dessa atividade, o que leva ao aparecimento de outros sinais clínicos como: aumento de frequência cardíaca, aumento de movimentos respiratórios e aumento da pressão arterial, que podem ser acompanhados por salivação excessiva, tremores e até mesmo comprometimento da função cardiorrespiratória com desmaios e paradas. Os parâmetros fisiológicos são gravemente comprometidos por conta do estresse, o que pode ser – e muitas vezes é – fatal”, explica.

Outro efeito comum é que, agitados, muitos animais acabam fugindo de casa e se sujeitando a perigos como atropelamentos.

Por que os pets se assustam tanto?

Os cães captam o som com maior facilidade que os humanos devido à anatomia das orelhas (Foto: Unsplash/ CreativeCommons/ Chris Arthur-Collins)
Os cães captam o som com maior facilidade que os humanos devido à anatomia das orelhas (Foto: Unsplash/ CreativeCommons/ Chris Arthur-Collins)

Todo estímulo que não é adequadamente apresentado para o pet pode ser potencialmente um fator gerador de trauma. Segundo a especialista, uma vez que esse trauma existe, qualquer contato com o seu estímulo gerador será associado ao medo, que, quando exacerbado, é chamado de fobia.

“A intensidade de apresentação desse estímulo – no caso, o sonoro – agrava ainda mais a situação, uma vez que a audição dos cães e gatos é extremamente potente, o que intensifica ainda mais o desconforto”, explica.

Tutores desavisados podem acabar negligenciando a questão, mas a verdade é que se trata de algo muito sério. Com relação aos cães, a audição é o melhor sentido que eles possuem após o faro.

“Isso acontece por questões anatômicas das orelhas (que permitem que elas identifiquem e captem sons com mais efetividade) e também por uma questão física de identificação de frequência de ondas sonoras, que os cães identificam em um espectro muito maior que o nosso (pelo menos o dobro)”, diz Camila.

Assim, basta pensar: se os rojões já causam susto em humanos desprevenidos, eles terão um impacto ainda maior em animais, que, para piorar a situação, não entendem do que se trata o barulho.

Como minimizar o desconforto

É muito provável que o seu pet manifeste medo, mas algumas atitudes podem ser tomadas para reduzir os danos. O CEO da Bark & Birch, Nick Rijniers, explica o que o tutor pode fazer para auxiliar o comportamento do animal frente à situação:

“Fique perto do seu cão! A presença dos donos passa segurança ao animal e isso os deixa mais calmos. Durante a queima de fogos, tente entreter o seu companheiro ou deixar os brinquedos favoritos dele por perto. Essa é uma maneira de chamar a atenção para outra coisa que não seja o barulho. Além disso, lembre-se que os cães têm capacidade auditiva duas vezes maior que os seres humanos, então, se puder, coloque ele em um cômodo mais silencioso”, diz.

Se o animal buscar refúgio em algum esconderijo, respeite-o, pois é ali que ele se sente seguro (Foto: Unsplash/ CreativeCommons/ Thomas Bormans)
Se o animal buscar refúgio em algum esconderijo, respeite-o, pois é ali que ele se sente seguro (Foto: Unsplash/ CreativeCommons/ Thomas Bormans)

O executivo também sugere dispor de uma área confortável para relaxar o pet, com uma cama quente para que ele tenha um espaço seguro para se descontrair e se sentir melhor.

Não o deixe acorrentado neste espaço de contenção, pois ele pode se machucar ao tentar fugir. E, caso ele mesmo escolha um esconderijo, respeite: é ali que ele se sente mais seguro.

Outra dica é ligar o rádio ou a TV e colocar uma música calma, além de garantir que os portões estejam fechados para evitar fugas. Passear com o animal antes de escurecer pode ajudá-lo a gastar energia, o que pode aliviar a tensão na hora dos rojões.

A Dra. Camila Voloch explica que oferecer alimentos pastosos também é um bom caminho: “a oferta é valiosa durante a queima de fogos, de maneira que esse animal demore alguns minutos para ingerir. O tutor também pode utilizar brinquedos recheáveis ou forminhas de gelo/descanso de panela de silicone com alimentos úmidos no geral – sachê, por exemplo”.

Uma saída mais radical é optar pelo uso de calmantes, desde que sob orientação de um médico veterinário especialista em comportamento. “Assim, reduz-se a chance do tutor ser orientado a usar medicações com efeitos sedativos, que podem aumentar ainda mais os riscos de óbito. Os homeopáticos e os feromônios (Adaptil) são sempre bem-vindos”, diz Camila.

O adestramento também pode auxiliar na situação. Para a especialista, é o mecanismo mais eficiente de prevenção do problema.

“Nesse caso, é importante que todo e qualquer treinamento seja orientado por um profissional de adestramento positivo exclusivamente, sem o uso de aversivos e punições. E, se possível, a terapia deve ser iniciada com uma consulta com um médico veterinário comportamentalista”, indica.

Por fim, é importante lembrar que os rojões não são apenas prejudiciais aos pets, mas à sociedade como um todo: podem assustar também os idosos, os bebês e as pessoas do espectro autista.