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Startup de jovens alagoanas quer contribuir para o combate à fome no Brasil

Startup de jovens alagoanas quer contribuir para o combate à fome no Brasil

A premiada empresa, liderada por três jovens alagoanas, busca R$ 140 mil para ampliar o negócio por São Paulo e pelo Paraná e expandir linha de produtos

Maceió (AL). A Amitis, startup encabeçada por três jovens alagoanas, visa democratizar o acesso à alimentação saudável e nutritiva. Com atuação no modelo de franquias vende e instala hortas verticais hidropônicas no meio urbano. Com pouco espaço e esforço para o cuidado, o negócio gera renda extra para microagricultores. Toda a produção é direcionada para a formação do Box Amitis, uma caixa de produtos entregues ao consumidor final.

DIVI•hub, plataforma de investimentos em negócios criativos e de impacto, é a responsável por realizar a captação de R$ 140 mil. Em troca, a empresa oferece 5% da receita de venda de produtos. O objetivo é investir na ampliação da grade de produtos e na expansão das operações para as cidades de Curitiba e São Paulo.

“Acreditamos que, por meio do combate à má distribuição e desperdício de alimentos, estamos lutando para diminuir os índices de fome no Brasil. Com nossas hortas, conseguimos eliminar cinco das sete etapas da cadeia produtiva de alimentos”, explica Liliane Vicente, CEO da Amitis.

Foi por meio da observação de crianças com nanismo e outros problemas decorrentes da subnutrição que estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) integrantes da competição internacional de apresentação de projetos de empreendedorismo social para estudantes universitários pela Enactus, organização internacional sem fins lucrativos com sede em Springfield, Missouri, criaram o Amitis, com o objetivo inicial de combater a subnutrição por meio da instalação de hortas em escolas e organizações.

Três mulheres negras usam camisetas verdes. Uma, de cabelos lisos, está em em pé entre as outras duas que estão sentadas à frente de computadores. As outras duas têm capelos crespos
As irmãs Lidiane e Liliane Vicente em 2019 se juntaram a Allana Christine para efetivar o negócio

As irmãs Liliane e Lidiane Vicente eram integrantes do grupo. Em 2019 elas se juntaram a Allana Christine para efetivar o negócio. Em 2021 veio a reformulação e formalização. Em pouco tempo de existência, a startup já teve destaque em algumas premiações que renderam aportes financeiros e mentorias fundamentais para a aceleração, validação e aprimoramento, conforme Liliane.

Até o momento, a campanha de adesão já ultrapassou a metade da meta. Segundo suas informações, a verba deve ser aplicada também na estruturação de um centro de distribuição; em marketing para a consolidação do nome no mercado; no aprimoramento da equipe; em compra de estoque; e no fundo de reserva.

Homem pardo com barba rala grisalha, bigode preto e óculos usa uniforme laranja e amarelo, luvas pretas e pousa para foto ao lado de uma horta plantada em garrafas PET posicionadas numa plataforma diagonal
A manutenção é pequena, o que permite ao microprodutor ter outras atividades

O sistema é uma adaptação da hidroponia com a proposta de negócio de impacto socioambiental. Os produtores são pessoas em situação de vulnerabilidade que são capacitadas e recebem pouco menos de um salário como renda complementar, já que a manutenção é mínima.

Segundo Liliane já foram instalados três sistemas, sendo dois em Maceió e um em Rio Largo. Outros cinco estão em fase de instalação, além da expansão para Curitiba. A Amitis Farm, maior, é destinada à produção para o mercado. A Amitis Home, menor, é um kit caseiro para produção de ervas e temperos.

Além de complementar a renda de diversas famílias e proporcionar alimentação de qualidade fresca e saudável às comunidades locais, a Amitis impacta o meio ambiente ao reutilizar quase 400 garrafas PET em cada horta instalada. Com sua forma de operar, ajudou a reduzir em 36 mil toneladas a emissão de C02 na atmosfera em apenas 10 meses. A startup também contribui com pessoas em situação de vulnerabilidade por meio do sistema 4X1, em que a cada quatro hortas vendidas, uma é doada.

Ricardo Wendel, CEO de DIVI•hub, afirma que projetos de impacto socioambiental se mostram cada vez mais necessários no contexto nacional e mundial: “Um projeto como Amitis é muito poderoso porque impacta, de forma inteligente e criativa, problemas ligados à fome, meio ambiente e socioeconômicos. A possibilidade de engajar a comunidade da startup àquelas pessoas que consomem a solução, tornando-os sócios e verdadeiros embaixadores, fará com que Amitis, além de expandir seu negócio, aumente seu alcance”.

“Dificilmente há fundos para viabilizar esses negócios. Numa categoria de investimento coletivo é possível conseguir escalar de forma saudável ao dividir com os investidores. A logística de distribuição de receita é gerida pelo DIVI•hub com uma plataforma de engajamento para consumir o produto. A saída foi fragmentar os investimentos (DIPs) e em até R$ 10. Nem precisa ter conta”, explica.

Para participar do projeto, é preciso investir na compra de DIVIs, uma espécie de ação do Amitis que está à disposição no DIVI•hub por R$10 cada e, assim, se tornar sócio. Ao injetar recursos no empreendimento, o investidor terá uma fatia das receitas e um benefício exclusivo nas compras acima de 50 DIVIs. Além disso, no futuro, quem comprar DIVIs também poderá negociar seus ativos com outros investidores ao preço que estipular, abrindo também outra frente de ganhos financeiros. Para alcançar o sucesso, é necessária a captação de pelo menos dois terços do valor total, em no máximo 180 dias. Caso não ocorra, os investidores receberão o valor aportado de volta, segundo Wendel.

A Horta Farm (foto), maior, é destinada à produção para o mercado. A Mix Home, menor, é um kit caseiro para produção de ervas e temperos

Exclusivo para os sócios

Nas compras acima de 50 DIVIs (R$ 500), o investidor recebe um Amitis Home, modelo de horta autoirrigável para produção de temperos, chás e hortaliças dentro de casa. Além do módulo de cultivo, que é produzido de maneira artesanal, o kit acompanha manual e acessórios.

Incentivo a negócios criativos e de impacto

A DIVI•hub é uma plataforma de investimentos em negócios criativos e de impacto, que atua com a permissão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador dos mercados brasileiros, com base na Resolução CVM Nº 88/22, que renovou a antiga Instrução CVM Nº 588/17, que trata da emissão de valores mobiliários via plataforma eletrônica de investimento participativo. Com base nessa regulação, foi desenvolvido um mecanismo inédito de negociação que ajuda a blindar o investidor de riscos societários, como questões trabalhistas.

O emissor dos DIVIs é o próprio empreendedor via uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que vai operacionalizar o projeto e apurar o lucro. No momento da divisão dos ganhos, esses serão feitos por meio de contrato de Sociedade em Conta de Participação (SCP), para que os investidores não tenham de assumir formalmente o quadro de sócios da SPE ou tenham de subscrever qualquer participação representativa do capital social da emissora.

Ou seja, uma maneira legalmente construída para proteger o investidor, com instrumento mais seguro que qualquer título conversível em participação, já que não existe a possibilidade de responsabilização do sócio participante por atos do sócio ostensivo.

À luz da regulação, os investidores também poderão negociar seus DIVIs direto na plataforma, por meio do mercado subsequente, que estará disponível em breve. Somente poderão participar do mercado subsequente os investidores que aderiram a qualquer oferta anterior.

Ou seja, se o investidor nunca comprou um DIVI em uma oferta da plataforma, ele não poderá comprar no mercado subsequente. Continua permitido que investidores da mesma oferta vendam ou comprem DIVIs sem a intermediação de ninguém, mas eles devem comunicar à DIVI•hub para que ela mantenha registrado quem é o novo titular do DIVI.