Pesquisadores usam drones para tentar proteger primatas da ameaça de extinção
A novidade do Projeto Guapiaçu é um equipamento especial que permite a rápida visualização do animal e uma maior precisão na obtenção de imagens inéditas.
Uma espécie de primata está sendo vigiada por pesquisadores dedicados a tentar protegê-la da extinção.
O maior primata das Américas só existe no Brasil e está ameaçado de extinção. O muriqui pode chegar a 1,5 m de altura, mas o tamanho o torna alvo fácil dos caçadores. Além disso, o desmatamento da Serra do Mar em quatro estados tem reduzido a área de circulação dos animais e a reprodução da espécie.
“Proteger essa espécie é muito importante porque ela tem um papel ecológico fundamental”, diz Tatiana Horta, coordenadora operacional do Projeto Guapiaçu.
“Um só indivíduo de muriqui, por exemplo, ele consegue dispersar até cinco sementes de espécies diferentes de planta. Ele é a espécie que mais consegue dispersar sementes dentro da Mata Atlântica”, afirma o biólogo e pesquisador Rogério Honorato, do Projeto Guapiaçu.
Pesquisadores usam drones para tentar proteger primatas da ameaça de extinção — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Outro fator de risco é que a reprodução é lenta. As fêmeas levam até três anos para dar uma nova cria. Restaram aproximadamente 1,2 mil muriquis que se refugiam nas partes mais altas das árvores, protegidos pela camuflagem natural. São áreas de difícil acesso para os pesquisadores, que ainda se deparam com a dificuldade de identificar os animais.
Para salvar a espécie da extinção, é preciso saber como e onde vivem os muriquis, como se dá a circulação dos animais pelas matas, a interação com outras espécies, entre outras informações úteis. A novidade do projeto foi a aquisição de um drone dotado de um equipamento especial que permite a rápida visualização do animal e uma maior precisão na obtenção de imagens inéditas. É um sensor de calor. Quando acionado, os animais ficam vermelhos, fáceis de visualizar na mata.
As primeiras imagens feitas de muriquis com um sensor termal — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
As primeiras imagens feitas de muriquis com um sensor termal. Os pesquisadores festejaram a presença deles em dois grupos diferentes nas proximidades do Parque Estadual dos Três Picos, em Cachoeiras de Macacu, no estado do Rio de Janeiro. Tem diferença nas imagens com e sem o uso do sensor de calor.
“Com o drone termal, você vai conseguir fazer justamente essa quantificação dos indivíduos para estudar o número de indivíduos que tem ali para poder ver a viabilidade daquela população”, explica Tatiana Horta.
A alegria foi ainda maior porque foi possível perceber a presença de filhotes no grupo.
“Então significa que ela está se reproduzindo. Se o animal está se reproduzindo, significa que ele está bem, não está tendo estresse. Porque a reprodução é um dos primeiros itens que vão acabar sendo influenciados em um momento de estresse, de falta de alimento, de habitat, de moradia, de água. Então, todos esses recursos naturais são fundamentais para a manutenção dessas populações”, afirma Tatiana Horta, coordenadora operacional do Projeto Guapiaçu.