O que é dessalinização da água? Ela é boa ou prejudicial ao meio ambiente?
A falta de água é um problema que preocupa diversas partes do mundo. Será que a dessalinização pode ajudar a enfrentá-lo? Descubra como ela é realizada.
A dessalinização da água é um procedimento que foi mencionado pela primeira vez na Antiguidade, quando Aristóteles observou princípios físicos que permitiam separar a água do sal por meio da evaporação e da condensação, como explica um documento técnico dedicado ao tema do Programa Hidrológico Internacional da Unesco para a América Latina e o Caribe (PHI).
Também conforme definido pelo PHI, a dessalinização é um processo que converte água salgada, principalmente do mar, em água doce adequada para consumo humano e outros usos.
Como é feita a dessalinização da água?
A dessalinização é um processo de extração de sal da água do mar para produzir água potável. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) indica que esse método requer alto consumo de energia e, às vezes, o uso de combustíveis fósseis.
Embora seja possível usar fontes de energia de baixo carbono para operar usinas de dessalinização e, assim, reduzir as emissões, o descarte da salmoura no oceano continua sendo um desafio. Isso se deve ao fato de que, às vezes, a diluição da salmoura não ocorre imediatamente. Mas segundo um estudo sobre o tema publicado pelo Ministério do Meio Ambiente da Espanha, se esse processo for bem feito, a água descartada no mar não causa danos à fauna e à flora marinhas.
No processo de dessalinização, para cada litro de água potável produzido, são gerados cerca de 1,5 litro de líquido residual contendo poluentes como cloro e cobre, de acordo com o estudo do Pnuma.
Esse resíduo, conhecido como “concentrado”, é cerca de duas vezes mais salino do que a água do oceano. A fonte ambiental diz: “Se ele não for adequadamente diluído e disperso, pode formar uma coluna densa de salmoura tóxica que, se não for tratada, provavelmente degradará os ecossistemas costeiros e marinhos“.
A pesquisadora Susan Altman investiga, em seu laboratório, como minimizar o biocombustível em membranas de osmose reversa usadas para dessalinização.
Foto de Departamento de Energia dos EUA Domínio Público
A evolução da dessalinização da água ao longo do tempo
No século 16, cientistas árabes começaram a explorar técnicas de destilação que, mais tarde, foram popularizadas em navios, aplicações militares e de mineração. No século 17, o filósofo e político britânico Francis Bacon realizou experimentos com métodos de filtragem para dessalinizar a água, contribuindo para o desenvolvimento desse campo, de acordo com o mesmo programa da Unesco.
O século 18 foi um marco importante com a introdução da filtragem por membrana e a identificação do fenômeno da osmose.
De acordo com dados fornecidos pela Unesco, a primeira usina de dessalinização na América foi estabelecida em Key West, na Flórida, em 1861, e tinha uma capacidade de produção de 27 metros cúbicos por dia por destilação.
Já no século 20, especialmente na década de 1960, houve grandes avanços na fabricação de membranas semipermeáveis, principalmente nos Estados Unidos e no Japão. Essas membranas foram rapidamente integradas aos sistemas de osmose reversa, que se tornaram a técnica de escolha para a dessalinização na década de 1970, conforme destacam as informações da Unesco.