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Coquetel de anticorpos da AstraZeneca reduz em 83% casos sintomáticos da covid

Coquetel de anticorpos da AstraZeneca reduz em 83% casos sintomáticos da covid

A farmacêutica AstraZeneca anuncia novos resultados de sua nova terapia contra covid-19: um coquetel de anticorpos monoclonais, o AZD7442. Aplicado em ambientes hospitalares, o remédio demonstrou eficácia tanto na prevenção quanto no tratamento da covid-19. Usado de forma preventiva, a redução de casos sintomáticos da infecção foi de 83% e a proteção já dura pelo menos 6 meses.

Segundo a AstraZeneca, os resultados completos dos estudos com anticorpos monoclonais ainda serão submetidos para publicação em uma revista médica revisada por pares. No entanto, a farmacêutica já deu entrada em um pedido de autorização de uso emergencial do coquetel para a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos. Por lá, o tratamento com anticorpos da empresa Regeneron já foi autorizado.

Anticorpos monoclonais da AstraZeneca demonstram eficácia tanto na prevenção quanto no tratamento da covid-19 (Imagem: Reprodução/Wavebreakmedia/Envato Elements)

A ideia é que o coquetel de anticorpos monoclonais, em dose única, seja usado por pessoas que não respondem de forma esperada aos imunizantes contra a covid-19. Por exemplo, poderão se beneficiar da terapia das AstraZeneca os seguintes perfis: pessoas que possuem câncer no sangue ou outros tipos de cânceres; indivíduos em tratamento com quimioterapia; pacientes em diálise; pessoas que receberem um transplante de órgãos; e pacientes que tomam medicamentos imunossupressores para condições que incluem esclerose múltipla e artrite reumatoide.

Pesquisa com o medicamento

Nos ensaios de Fase 3 do estudo PROVENT, a AstraZeneca avaliou a eficácia do coquetel de anticorpos na prevenção da covid-19. O uso de medicamentos antes de uma infecção é conhecido como profilaxia pré-exposição (PrEP) — inclusive, esta é uma alternativa adotada por alguns pacientes contra o HIV.

No estudo, foram recrutados participantes de alto risco e imunocomprometidos. Segundo os pesquisadores, mais de 75% dos participantes tinham comorbidades, incluindo pessoas imunocomprometidas e que podem ter uma resposta imunológica reduzida à vacinação.

Passados seis meses da aplicação do remédio, não houve registro de quadros graves da covid-19 ou mortes relacionadas à doença naqueles que receberam o tratamento. No grupo placebo, foram identificados cinco casos graves da covid-19, sendo duas mortes.

O estudo foi conduzido em 87 locais, incluindo os EUA, Reino Unido, Espanha, França e Bélgica. No total, 5,1 mil voluntários foram selecionados, sendo que 3,4 mil receberam o medicamento e 1,7 mil tomaram o placebo.

Eficácia contra casos confirmados

Agora, outro ensaio da AstraZeneca buscou avaliar a eficácia do coquetel de anticorpos em pacientes já diagnosticados com a covid-19, em tratamento ambulatorial. Apelidado de TACKLE, o estudo observou que a terapia reduziu o risco de formas graves da covid-19 em 88% dos voluntários em comparação com o placebo.

Remédio da AstraZeneca contra covid-19 evita 83% dos casos sintomáticos da doença (Imagem: Reprodução/Swiftsciencewriting/Pixabay)

No estudo, 90% dos participantes inscritos no TACKLE eram de populações com alto risco de progressão para a covid-19 grave, caso fossem infectados, incluindo aqueles com comorbidades. No total, 903 voluntários participaram, sendo que 452 receberam o coquetel de anticorpos.

“Estes resultados convincentes me dão confiança de que esta combinação de anticorpos de ação prolongada pode proporcionar aos meus pacientes vulneráveis a proteção duradoura de que eles precisam urgentemente para finalmente voltar às suas vidas diárias”, afirmou o pesquisador Hugh Montgomery, professor de medicina intensiva na University College London, no Reino Unido. Isso porque o efeito protetivo do coquetel foi mantido por pelo menos 6 meses.

Como funcionam os anticorpos monoclonais contra a covid-19?

O coquetel AZD7442 é uma combinação de dois anticorpos contra a covid-19, o tixagevimab (AZD8895) e o cilgavimab (AZD1061). Ambos são derivados de células B — um tipo de glóbulo branco —, doadas por pacientes convalescentes após se infectarem pelo coronavírus.

A terapia se conecta a locais diferentes na proteína spike do SARS-CoV-2, desativando o vírus. Os anticorpos monoclonais humanos foram descobertos pelo Centro Médico da Universidade Vanderbilt e licenciados à AstraZeneca em junho de 2020.