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Como seria o planeta Terra se os humanos modernos nunca tivessem existido?

Como seria o planeta Terra se os humanos modernos nunca tivessem existido?

A atividade humana foi crucial para que a Terra fosse o que é hoje. Além de transformar o que era só água, terra e verde em espaços repletos de construções e monumentos, a nossa presença no planeta também trouxe consequências para o meio ambiente. Mas você já parou para pensar em como seria o mundo se nós, humanos modernos, nunca tivéssemos existido? Talvez, nossos antepassados, como os Neandertais, ainda estariam por aqui, e diversas plantas, animais e espécies nunca teriam sido extintas.

Atualmente, a taxa de extinção da Terra é mais de 100 vezes maior do que como o mundo estaria sem os humanos, de acordo com as estimativas mais rígidas sobre o assunto. A última vez em que isso aconteceu foi há cerca de 65,5 milhões de anos, durante um fenômeno chamado extinção do Cretáceo-Paleógeno: a queda de um asteroide na Terra eliminou cerca de 80% das espécies animais, incluindo os dinossauros não aviários.

Imagem: Reprodução/master1305/Freepik

Animais gigantes

Sem os humanos, a Terra seria um lugar muito mais selvagem, inclusive com alguns animais gigantes que já foram extintos. As moas, por exemplo, que se pareciam com avestruzes, podiam chegar a 3,6 metros de altura, evoluindo na Nova Zelândia ao longo de vários milhões de anos.

Porém, 200 anos depois da chegada dos humanos, todas as nove espécies de moa foram extintas, levando com elas outras 25 espécies de vertebrados, como a gigante águia-de-haast. Ambos os animais são apenas alguns exemplos de criaturas de grande porte que foram extintas pela atividade humana, que trouxe a entrada de espécies invasoras e estimulando a caça insustentável.

De acordo com um estudo realizado em 2015, sem os humanos na Terra, nosso planeta seria semelhante ao Serengeti moderno, um ecossistema localizado na África Oriental. Dentro deste cenário, animais já extintos, que se pareciam com elefantes, rinocerontes e leões, ainda existiriam por toda a Europa. Em vez de leões africanos, teríamos leões das cavernas, espécie que viveu na Europa até cerca de 12 mil anos atrás. Já nas Américas, parentes de elefantes e ursos habitariam a região ao lado de parentes de tatu, como o Glyptodon, que tinham o tamanho de um carro, e também de preguiças-gigantes.

Imagem: Reprodução/Wirestock/Freepik

Esses animais grandes faziam parte do que é chamado de megafauna, muitos deles vivendo durante a Idade do Gelo do Pleistoceno, mas grande parte acabou morrendo com o fim dela. Aproximadamente 38 gêneros de animais gigantes foram extintos só na América do Norte no final da última Era Glacial, de acordo com um estudo recente.

Segundo pesquisa publicada neste ano, as mudanças climáticas foram as principais responsáveis por exterminar os mamutes peludos, entre outras criaturas da megafauna do Ártico que haviam sobrevivido ao fim do Pleistoceno. Isso, porque o aquecimento do clima deixou a vegetação que eles comiam muito úmida, prejudicando a sobrevivência. Além disso, humanos caçavam mamutes, colaborando para a extinção.

Solo fértil

Animais antigos e modernos costumam mover sementes e nutrientes no solo, comendo e defecando. Mas com a extinção dos grandes animais, o transporte de elementos essenciais para a vida, como fósforo, cálcio e magnésio, reduziu em 90%. Sendo assim, sem os humanos esses elementos estariam melhor distribuídos pela terra, deixando o solo mais fértil e o ecossistema mais produtivo.

Um dos costumes dos humanos é agrupar os elementos através da agricultura e criação de áreas cercadas, deixando regiões menos férteis em comparação com o solo da vida selvagem. Quanto mais fertilidade, mais as plantas podem gerar mais frutas e flores, não só alimentando animais herbívoros como enfeitando o planeta.

Imagem: Reprodução/diana.grytsku/Freepik

Clima

As mudanças climáticas também contribuem para os danos ao planeta causados pelos humanos, principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Com isso, a temperatura média global aumentou cerca de 1 °C desde o início do século 20. Sem nós, a Terra seria muito mais fria. De acordo com estudos, o aquecimento provocado pelo homem será responsável por adiar uma próxima Idade do Gelo em menos de 100 mil anos. Ainda assim, levaria 50 mil anos para isso acontecer, mesmo sem o atraso humano, sendo então improvável que o planeta estivesse em uma Idade do Gelo se não estivéssemos aqui.

Inevitável?

Os cientistas ainda não sabem dizer ao certo o motivo de os Neandertais terem sido extintos há cerca de 40 mil anos. Mas como eles cruzaram com os Homo sapiens, partes de seus DNAs vivem em alguns humanos modernos. Entre as suspeitas para o desaparecimento dos Neandertais está a competição por recursos, então se nós não tivéssemos ido à Europa há cerca de 50 mil anos, eles ainda estariam por aqui.

Na Europa, os Neandertais levavam vidas complexas, parecidas com as dos humanos modernos, tendo também dificuldade em lidar com as mudanças climáticas. Eles ainda eram poucos e com baixa diversidade genética, o que significa a existência de problemas de saúde e endogamia. Além deles, outra linhagem humana vivia por aqui: os Denisovanos, diferentes em aparência e genética dos humanos, e diferentes dos Neandertais por terem dentes molares muito grandes.

Os cientistas acreditam que os humanos cruzaram com os Denisovanos, uma vez que há evidências de DNA desse antepassado em humanos atuais que vivem na Oceania, mais precisamente em Nova Guiné. Denisovanos também cruzaram com Neandertais, segundo evidência coletada em restos fossilizados de um híbrido de Desinovan com Neandertal.

Tudo isso sugere uma distribuição geográfica maior por parte dos Denisovanos em comparação com os Neandertais, se adaptando melhor aos ambientes, contando também com uma maior diversidade genética. Os estudos sugerem ainda que se ambas as linhagens tivessem sobrevivido, elas poderiam ter um futuro semelhante ao Homo sapiens, que passou de caçador-coletor como desenvolvedor de agricultura.

Então, se não fosse o desenvolvimento dos humanos modernos, eles poderiam ter cometido os mesmos erros que nós, resultando no aquecimento global que, consequentemente, traz danos ao planeta.