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Brasil gera 3,44 milhões de toneladas anuais de lixo plástico que podem chegar ao Atlântico

Brasil gera 3,44 milhões de toneladas anuais de lixo plástico que podem chegar ao Atlântico

Campanha de entidades civis quer acelerar a aprovação de um projeto de lei que cria uma “economia circular” desses resíduos

Os 5.570 municípios brasileiros geram 3,44 milhões de toneladas anuais de resíduos plásticos que podem acabar no Atlântico. A quantidade lotaria uma média de 344 mil caminhões de lixo.

Isso mostra que ⅓ das 10,33 milhões de toneladas produzidas nacionalmente é mal gerenciado.

Conforme o balanço publicado na revista científica Marine Pollution Bulletin, isso posiciona o país como o 16º que mais polui os mares e oceanos e entre os 20 principais geradores globais de resíduos plásticos de uso único.

Os municípios que mais geram resíduos sem destino correto são Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Salvador . Em quantidade de lixo por pessoa, os líderes são Arroio do Sal e Xangri-lá (RS), Ubatuba e Bertioga (SP).

Outras regiões com grande potencial de poluição marinha são a Baixada Santista (SP), a Lagoa dos Patos (RS), a Baía da Guanabara (RJ), a foz do Rio Amazonas (AP/PA) e o delta do Parnaíba (PI/MA).

Os resíduos podem chegar ao oceano pela drenagem urbana, esgotos, córregos e rios. A probabilidade de transporte no território brasileiro é baixa-média, mas cresce desde os municípios litorâneos.

O estudo integra o programa Blue Keepers, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para entender e enfrentar a poluição por plásticos em rios e oceanos.

Quanto mais escuro o tom do município, maior a quantidade gerada de lixo mal gerenciado. Mapa: Marine Pollution Bulletin / Volume 194, Part B, September 2023
As regiões do país com menor (verde) e maior (vermelho) probabilidade de carrear resíduos plásticos ao Oceano Atlântico. Mapa: Marine Pollution Bulletin / Volume 194, Part B, September 2023

Atentas à crise nacional e global do lixo nos mares e oceanos, mais de 60 organizações da sociedade civil lançaram esta semana a campanha Pare o Tsunami de Plástico.

Entre as pautas, as ongs esperam que Congresso acelere a aprovação do Projeto de Lei 2524/2022. O texto cria as bases legais para que o país tenha uma “economia circular” dos plásticos.

A proposta, informa a ong Oceana Brasil, prevê o fim da produção de plásticos descartáveis e que todo produto industrializado desse tipo deverá ser reutilizável, reciclável ou compostável.

Segundo as Nações Unidas, de um a dois caminhões de lixo plástico são despejados por minuto nos mares e oceanos mundiais. Essa poluição ameaça os ambientes naturais e a saúde humana.

Cientistas já encontraram microplásticos no leite, na placenta, no pulmão e no sangue humanos.