Anchor Deezer Spotify

Pedaços de plásticos, cigarros e isopor estão entre os objetos que mais poluem as águas do Brasil

Pedaços de plásticos, cigarros e isopor estão entre os objetos que mais poluem as águas do Brasil

Pesquisadores ligados ao Pacto Global das Nações Unidas, que convoca empresas a se engajarem por um mundo melhor, seguiram o lixo para descobrir quais materiais estão mais presentes nos rios, nas praias e nas lagoas do país.

Pesquisadores ligados à ONU listaram os dez itens que mais poluem rios, praias e lagoas no Brasil.

O lixo que não vai para o destino certo segue quase sempre o mesmo caminho: 80% da sujeira encontrada no mar vem do descarte errado em terra firme.

“Nosso objetivo é olhar para esse material e pensar, e perguntar para ele: de onde você veio?”, diz Gabriela Otero, coordenadora do projeto Blue Keepers.

Pesquisadores ligados ao Pacto Global das Nações Unidas, que convoca empresas a se engajarem por um mundo melhor, seguiram o lixo para descobrir quais materiais estão mais presentes nas águas brasileiras.

“Hoje, o nosso inventário já tem 188 artigos diferentes. De diferentes materiais e que vão nos dando a dica, dependendo de onde eles aparecem, qual foi o caminho desse resíduo”, diz Gabriela.

No ranking dos itens mais encontrados estão pedacinhos de plásticos. Eles aparecem em primeiro lugar. Em segundo, cigarros, filtros e bitucas. Depois, isopor granulado, que flutua e viaja por longas distâncias. Assim como as tampas de garrafas, que vêm em quarto lugar.

Na quinta posição, um item que parece pouco comum: pinos plásticos, originalmente criados para laboratório, mas usados para guardar cocaína e outras drogas. É impressionante quantos desses microtubos aparecem nas coletas.

“Ele vem muito também da rede de drenagem, de esgotamento, do descarte dos usuários e que vem parar no ambiente”, explica Gabriela.

Na lista ainda estão hastes flexíveis de algodão, sacolas de todo tipo e canudos de plástico.

Os pesquisadores percorreram rios, praias, manguezais e lagoas – como as de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ligadas diretamente ao mar.

“Ainda é muito difícil dar destinação adequada aos resíduos. Para você encontrar um ponto de entrega voluntária de resíduos, para você ter os seus resíduos recolhidos na porta de casa ainda é um desafio”, afirma Cristina Queiroga, fundadora do grupo SOS Lagoas.

Realidade não só do Rio de Janeiro. As coletas foram feitas em seis cidades brasileiras, de três regiões. Durante um ano, de três em três meses, os pesquisadores passaram pelos mesmos lugares de ManausRecifeFortalezaSalvadorSantos e Rio de Janeiro, e puderam constatar que o problema do lixo que vai parar nos oceanos é grave no país inteiro.

O relatório completo da pesquisa será apresentado no início de 2024, ano em que os países da ONU planejam assinar o tratado internacional pelo fim da poluição por plásticos.

“É preciso que cada um de nós – seja como pessoa física, no nosso comportamento cotidiano, seja como representante de uma empresa, de um governo onde a gente atue -, é importante que a gente se conscientize e mude atitudes e comportamentos para primeiro gerar menos lixo, e depois evitar que esse lixo possa chegar ao ambiente marinho, provocando diversos tipos de impacto. Mas, sim, tem solução”, afirma Flávio de Miranda Ribeiro, conselheiro do Pacto Global da ONU.