17% dos alimentos produzidos vão direto para o lixo, alerta PNUMA
- No Dia Internacional de Conscientização sobre a Perda e o Desperdício de Alimentos, o PNUMA alerta para as consequências do desperdício na tripla crise planetária das mudanças climáticas, da perda da natureza e da poluição.
- Com até 811 milhões de pessoas afetadas pela fome em 2020 e três bilhões de pessoas incapazes de pagar uma dieta saudável, é essencial uma ação global colaborativa para reduzir a perda de alimentos e o desperdício.
- Em 2019, 931 milhões de toneladas de alimentos vendidos às famílias, varejistas, restaurantes e outros serviços alimentares foram desperdiçadas.
- O Programa também mostra que 17% dos alimentos disponíveis aos consumidores nos mercados, lares e restaurantes, vão diretamente para o lixo — e 60% desse lixo está em casa.
Ontem (29) o mundo celebrou o segundo Dia Internacional de Conscientização sobre a Perda e o Desperdício de Alimentos. Diante da data, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) alerta para as consequências do desperdício na tripla crise planetária das mudanças climáticas, da perda da natureza e da poluição. O Índice de Desperdício de Alimentos 2021 do Programa mostrou, no início deste ano, a enorme escala do desperdício alimentar em todo o mundo. Em 2019, 931 milhões de toneladas de alimentos vendidos às famílias, varejistas, restaurantes e outros serviços alimentares foram desperdiçadas.
Com isto em mente, o PNUMA ajudou a lançar a Coalizão “Alimentos Nunca são Desperdício” na Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU na semana passada. Com compromissos de 12 Estados-Membros e contando com o Grupo C40 Cities e um grupo diversificado de partes interessadas, a coalizão está ligando os pontos entre o desperdício de alimentos, a fome e a tripla crise planetária e visa ampliar os esforços globais.
O PNUMA também está facilitando Grupos de Trabalho de Desperdício de Alimentos na África, Ásia Pacífico, América Latina e Caribe, e Ásia Ocidental, apoiando 25 países na medição de linhas de base e no desenvolvimento de estratégias nacionais de prevenção de desperdícios alimentares.
Desperdício em números – Estima-se que 17% dos alimentos disponíveis aos consumidores nos mercados, lares e restaurantes, vão diretamente para o lixo — e 60% desse lixo está em casa. Além disso, os dados mostram que o desperdício alimentar no nível do consumidor é realmente um problema global, significativo em quase todos os países que o mediram.
Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) também descobriu que aproximadamente 14% dos alimentos produzidos para consumo global são perdidos entre a colheita e o varejo a cada ano.
“As perdas e desperdícios alimentares são responsáveis por até 10% das emissões de gases com efeito de estufa. Eles utilizam terras e recursos hídricos preciosos para, essencialmente, nada”, disse Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA. “Reduzir consideravelmente a perda e o desperdício de alimentos vai retardar as mudanças climáticas, proteger a natureza e aumentar a segurança alimentar – no momento em que precisamos desesperadamente que estas coisas aconteçam”.
“Todos nós temos um papel a desempenhar na redução do desperdício de alimentos em nossas próprias vidas e locais de trabalho”, acrescentou. “Sim, o fardo do desperdício e perda de impulsionar uma mudança. ”
“Precisamos acelerar o progresso para atingir a meta 12,3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030 para reduzir pela metade o desperdício global de alimentos e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita”, disse o Diretor-Geral da FAO QU Dongyu, alertando que só nos restam “nove temporadas (de colheita) para fazer isso”.
Com até 811 milhões de pessoas afetadas pela fome em 2020, um número que aumentou com a COVID-19, e três bilhões de pessoas incapazes de pagar uma dieta saudável, é essencial uma ação global colaborativa para reduzir a perda de alimentos e o desperdício.
Alimentos protegidos – Uma das principais medidas para reduzir a perda de alimentos é a expansão de cadeias de frio sustentáveis. Estas cadeias são fundamentais para reduzir a perda de alimentos e a pobreza e para suprir a lacuna da fome, contribuindo ao mesmo tempo para o desenvolvimento econômico.
Como destacado pelo recentemente lançado “Status of the Global Food Cold-Chain Briefing”, enfrentar este desafio exigirá um pensamento robusto, a nível de sistemas, para promover abordagens integradas que promovam a conectividade na “cadeia” desde a exploração agrícola até à mesa
Esforços como a Cool Coalition e o Africa Centre of Excellence for Sustainable Cooling and Cold-Chain (ACES), liderados pelo PNUMA , podem acelerar a adoção de soluções sustentáveis de cadeia de frio nos setores da agricultura e da saúde, em toda a África e mais.
Sobre o PNUMA – O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente é a principal voz mundial em questões ambientais. Proporciona liderança e incentiva parcerias no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a melhorar sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras. O PNUMA é uma agência depositária do SDG 12.3, usando o Índice de Desperdício de Alimentos para acompanhar o progresso para reduzir pela metade os resíduos alimentares até 2030.