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Tinta com ação inseticida se mostra eficaz contra “Aedes” em Cabo Verde

Tinta com ação inseticida se mostra eficaz contra “Aedes” em Cabo Verde

Aplicado em residências na ilha do oeste da África, produto libera poucas quantidades de inseticida e apresentou bons resultados no controle de mosquitos por ao menos um ano

Pesquisadores da Espanha e de Cabo Verde, uma ilha no oeste da África, testaram a eficácia de tinta inseticida no controle de surtos de dengue e zika. Transmitidas por insetos, essas doenças são predominantes em países do Sul Global e afetam de forma desproporcional as populações mais pobres de regiões tropicais e subtropicais. O estudo foi publicado na revista Frontiers in Tropical Diseases nesta terça-feira (5).

“Aqui mostramos que a tinta inseticida VESTA é eficaz para matar o Aedes aegypti, o mosquito da febre amarela, na cidade de Praia por pelo menos um ano”, disse Lara Ferrero Gómez, coordenadora de um grupo de pesquisa sobre doenças tropicais na Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, em comunicado.

No local da aplicação, 98% da população confirmou que houve uma diminuição dos mosquitos em suas casas após o uso da tinta. Foram testadas três formulações, dentre as quais a VESTA mostrou melhores resultados.

Lara Ferrero Gómez com as tintas de ação inseticida testadas em Cabo Verde. — Foto: Communication and Information Office of the Universidade Jean Piaget of Cabo Verde
Lara Ferrero Gómez com as tintas de ação inseticida testadas em Cabo Verde. — Foto: Communication and Information Office of the Universidade Jean Piaget of Cabo Verde

Segundo os pesquisadores, a formulação seria eficaz para conter qualquer doença vetorial transmitida por mosquitos, atuando no controle de casos de malária a nível doméstico. No início de 2024, Cabo Verde foi o terceiro país africano a ser declarado livre da malária pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Pintando com inseticida

Para testar a eficácia dos produtos, voluntários treinados no projeto TINTAEDES, que teve início em 2022, pintaram 228 casas em Praia, capital de Cabo Verde. As residências estão localizadas nos dois bairros mais vulneráveis a doenças transmitidas por mosquitos devido a inundações em estações chuvosas e má gestão de águas residuais.

Três, seis e 12 meses após a pintura, foram feitos bioensaios com cones da OMS em duas casas escolhidas de forma aleatória em cada um dos bairros. As três misturas de tinta inseticida provocaram a mortalidade completa dos mosquitos Aedes Aegypti um mês depois da pintura e, três meses depois, a eficiência das formulações ainda estava acima do limite da OMS, que é de 80%.

No sexto mês, contudo, duas ficaram abaixo do limite. Mas a VESTA se manteve dentro dos requisitos até o 12º mês. “A tinta funciona liberando quantidades muito pequenas de inseticida por um longo período, o que a torna mais sustentável e ecologicamente correta”, afirma Ferrero Gómez. Quanto à saúde dos moradores, 10% relataram irritação leve nos olhos ou nariz e 4%, dor de cabeça, mas nenhum efeito grave foi registrado.