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Temperaturas globais devem atingir novos recordes nos próximos 5 anos

Temperaturas globais devem atingir novos recordes nos próximos 5 anos

De acordo com o relatório da Organização Meteorológica Mundial, há 98% de chance de que o ano mais quente já registrado ocorra entre 2023 e 2027

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) emitiu um alerta sobre as altas temperaturas que o mundo deve atingir nos próximos cinco anos. A nota, publicada no site oficial da OMM nesta quarta-feira (17), se baseia no relatório “Atualização Global Climática de Ano à Decada de OMM”, que abrange previsões climáticas para os anos de 2023 a 2027.

De acordo com o relatório, as causas do aumento de temperaturas são os gases de efeito estufa e o El Niño, um evento climático que deve se iniciar nos próximos meses e que é sucessor do La Niña (que esfriou as temperaturas globais de 2020 ao início deste ano). O aumento deve ser mais expressivo em 2024.

Segundo o relatório, existe uma probabilidade de 66% de que, entre 2023 e 2027, a temperatura média global fique 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Há uma chance de 98% de que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado, batendo o recorde de temperatura de 2016, quando houve um El Niño excepcionalmente forte.

Em 2022, a média mundial foi 1,15°C maior do que o período pré-industrial. Para os autores, o resfriamento causado pelo La Niña nos últimos três anos freou temporariamente a tendência de aquecimento a longo prazo.

De acordo com o Global Annual to Decadal Climate Update, documento produzido pelo Met Office, serviço meteorológico do Reino Unido e principal centro de monitoramento da OMM, há apenas 32% de chance de que a média dos próximos cinco anos exceda o marco de 1,5°C.

O documento da OMM também prevê aumento do aquecimento do Ártico. Ao comparar com a média de temperaturas de 1991 a 2020, estima-se que o crescimento nos próximos cinco anos seja três vezes maior do que a média nos próximos cinco invernos prolongados do hemisfério Norte.

Em relação às precipitações, que são prejudicadas durante o El Niño por conta das secas causadas pelo fenômeno, haverá um aumento principalmente no Sahel, no norte da Europa, no Alasca e no norte da Sibéria, e uma diminuição na Amazônia e partes da Austrália.

“Este relatório não significa que nós iremos exceder permanentemente o nível de 1,5°C especificado no Acordo de Paris, que se refere ao aquecimento de longo prazo. No entanto, a OMM está soando o alarme de que iremos ultrapassar temporariamente o nível de 1,5°C, com frequência cada vez maior”, esclarece Petteri Taalas, o secretário-geral da OMM.

O Acordo de Paris estabelece metas de longo prazo para orientar todas as nações a reduzir substancialmente as emissões globais de gases de efeito estufa, limitando o aumento da temperatura global neste século a, no máximo, 2°C.

A publicação do documento antecedeu o Congresso Meteorológico Mundial, que ocorrerá entre 22 de maio e 2 de junho e irá discutir como fortalecer os serviços meteorológicos e climáticos para apoiar a adaptação às mudanças climáticas. As prioridades para discussão no Congresso incluem a iniciativa Early Warnings for All, que tem o objetivo de proteger as pessoas de climas cada vez mais extremos e estudar uma nova infraestrutura de monitoramento de gases de efeito estufa para fundamentar a mitigação climática.