Os 3 fatos sobre a poluição plástica no planeta que você precisa saber
Dados recentes mostram que a produção de plástico pode quadruplicar até 2050 – data em que esse material pode suplantar em quantidade o número de peixes do oceano.
A poluição plástica é um problema global crescente, como indica o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Dados compartilhados pela agência mostram que esse tipo de contaminação pode alterar habitats e processos naturais, reduzir a capacidade dos ecossistemas de se adaptarem às mudanças climáticas e afetar diretamente os meios de subsistência de milhões de pessoas, além de afetar sua capacidade de produzir alimentos e seu bem-estar social.
Diante dessa verdadeira montanha de resíduos plásticos que está tomando o meio ambiente, National Geographic listou três fatos impactantes que você precisa saber sobre a situação deste no mundo.
1. Já ouviu falar na plastisfera?
Os plásticos, especialmente os microplásticos (partículas menores que 5 milímetros), já são onipresentes na natureza, alerta o PNUMA. Seu impacto no planeta é tão grande que eles estão se tornando parte do registro fóssil da Terra e um marcador formal do Antropoceno, considerado por muitos especialistas como a era geológica atual.
Mas isso não é tudo: esse material deu nome a um novo habitat microbiano marinho chamado “plastisfera“. Trata-se de uma comunidade de micróbios que cresce como uma fina camada de vida (como um biofilme) na parte externa do plástico e seria análoga à biosfera, como explica o Ocean Portal, a Iniciativa Oceânica da Smithsonian Institution dos Estados Unidos.
“Em escalas microscópicas, micróbios como bactérias, algas e outros organismos unicelulares se reúnem e colonizam o plástico e outros objetos que flutuam na água. Até mesmo pequenos pedaços de detritos marinhos do tamanho de uma unha do dedo mindinho podem atuar como dispositivos de agregação microbiana”, descreve o Ocean Portal.
A presença de plástico nos oceanos deu nome a um novo habitat microbiano chamado “plastisfera”. A imagem mostra uma amostra coletada na costa do Havaí contendo organismos vivos e plástico.
FOTO DE DAVID LIITTSCHWAGER
2. Nem garrafas nem sacolas: qual é o resíduo plástico mais comum?
O resíduo plástico mais comum do mundo são as bitucas de cigarro, cujos filtros contêm minúsculas fibras de acetato de celulose, de acordo com um site interativo do PNUMA. A cada ano, elas somam cerca de 766,6 milhões de quilos de resíduos tóxicos.
Quando descartados de forma inadequada, esses itens se decompõem sob a ação da luz solar e da umidade, liberando microplásticos, metais pesados e outros produtos químicos que causam a mortalidade da vida marinha a longo prazo. Por sua vez, essas substâncias tóxicas entram na cadeia alimentar e causam sérios impactos na saúde humana.
As bitucas de cigarro são seguidas por outros resíduos do cotidiano, como: embalagens de alimentos, garrafas, tampas de garrafas, sacolas de supermercado, canudos e misturadores de líquidos.
Depois das bitucas de cigarro, os resíduos plásticos mais comuns são embalagens de alimentos, garrafas e sacolas de supermercado. Cada vez mais, os animais estão encontrando esses produtos na natureza, como esses filhotes de tartarugas-de-couro que estão chegando ao oceano.
FOTO DE TOMÁS PESCHAK
3) Haverá mais plástico do que peixes no oceano até 2050
Desde 1964, a produção de plástico aumentou 20 vezes, chegando a 311 milhões de toneladas em 2014. Esse número provavelmente dobrará em 20 anos e quase quadruplicará até 2050, estima o “The New Plastics Economy: Rethinking the Future of Plastics”, um relatório publicado em 2016 pelo Fórum Econômico Mundial e pela Ellen MacArthur Foundation (uma instituição beneficente sem fins lucrativos dos Estados Unidos dedicada à economia circular).
O documento destaca que pelo menos 8 milhões de toneladas de plásticos são despejadas no oceano todos os anos, o que equivale a jogar fora o conteúdo de um caminhão de lixo por minuto. Se nenhuma ação for tomada, adverte o documento, esse número pode aumentar para dois por minuto até 2030 e quatro por minuto até 2050.
O PNUMA reforça a questão: se as tendências históricas de crescimento continuarem, a produção global de plástico primário chegará a 1,1 bilhão de toneladas até 2050.
Além disso, considerando que os produtos desse material podem permanecer no oceano por centenas de anos em sua forma original (e ainda mais tempo em pequenas partículas), a quantidade está se acumulando dia a dia.
O relatório da Ellen MacArthur Foundation refere-se a pesquisas que sugerem que há mais de 150 milhões de toneladas de resíduos plásticos no mar. Portanto, ele observa que “sem uma ação significativa, poderá haver mais plástico do que peixes no oceano, em peso, até 2050“.
Apesar desses números alarmantes, ainda é possível fazer algo positivo a respeito. Cidadãos, governos, indústria e outras partes interessadas precisam tomar medidas concretas, como a criação de leis para proibir plásticos desnecessários; redesenhar produtos para eliminar embalagens, recipientes ou itens problemáticos; fornecer informações confiáveis e transparentes; e tentar um estilo de vida com desperdício zero, sugere o PNUMA.