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Seca extrema e fortes ondas de calor provocam extinção de borboletas no meio urbano

Seca extrema e fortes ondas de calor provocam extinção de borboletas no meio urbano

A abundância de borboletas tem sido bastante reduzida nas cidades nos últimos anos devido aos eventos extremos de seca e calor. O ressecamento da vegetação é uma das principais causas.

Recordes de temperatura não param de ser registrados no Brasil e em diversos outros países devido às fortes ondas de calor que são acentuadas pelo fenômeno El Niño. No Brasil, o aquecimento anômalo das águas superficiais do Pacífico Equatorial, aumenta a chance para estiagens e aumenta também a temperatura mesmo nos meses considerados mais frios, como o que está acontecendo agora, no inverno com temperaturas beirando os 40 graus em diversas cidades.

Esse calor fora do normal somado à falta de chuva traz diversas preocupações como queimadas, ar muito seco, redução da água no solo e diminuição também do nível dos reservatórios para o próprio abastecimento humano. Aliás, falando em redução da água no solo, o ressecamento da vegetação foi levantado como a principal causa da diminuição de borboletas nas cidades.

As altas temperaturas e a falta de chuva acabam ressecando a vegetação e provocando uma redução natural das fontes de alimento das borboletas. Como se não bastasse um problema que ocorre em épocas mais secas e quentes, as atuais condições climáticas e a tendência de aquecimento global, podem reduzir ainda mais a reprodução e a sobrevivência da espécie que tende a se afastar cada vez mais das áreas urbanas.

Um adeus as borboletas?

O verão 2023 espanhol tem sido extremamente quente, todos os recordes de temperatura já registrados estão sendo quebrados. A população está sofrendo, incêndios chamam a atenção. Dentro das cidades, as ilhas de calor também provocam impactos negativos na natureza, afetando uma grande variedade de espécies animais.

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Especialistas descrevem as condições climáticas neste verão para borboletas e artrópodes em geral como “desastrosas”. / EFE/EPA/Attila Kovacs

Especialistas dos observatórios de monitoramento de borboletas nas cidades, o uBMS e o mBMS, relatam que neste ano a abundância de borboletas tem sido muito menor no espaço urbano. A principal causa levantada para essa redução da espécie é a falta de chuva e o calor intenso, o que acaba provocando ressecamento da vegetação e redução natural da fonte de alimentos das borboletas.

Com vegetação mais seca devido à estiagem e as ondas de calor, parques e jardins urbanos, dunas das praias e prados das áreas naturais das cidades, estão dando adeus às borboletas.

Segundo Yolanda Melero, pesquisadora do Centro de Pesquisas Ecológicas e Aplicações Florestais (CREAF) e também da Universidade de Barcelona, as plantas acabam secando com a falta de chuva e a rega natural, e as borboletas ficam sem alimento disponível. Melero relata que em parques como o Maternitat de Barcelona ainda existem algumas áreas floridas que estão sobrevivendo à seca, e por isso, as poucas borboletas ainda existentes estão concentradas ali, mas é algo raro de se ver hoje em dia.

Apesar das observações da diminuição da espécie durante o verão espanhol, especialistas afirmam que as consequências deste verão desastroso serão conhecidas com mais detalhes apenas no final da estação.

Por que a seca e o calor afetam as borboletas?

Além da falta de chuva que reduz a fonte de alimento das borboletas ao gerar ressecamento da vegetação, os repetidos episódios de calor extremo também geram a redução da espécie, isso porque o excesso de calor diminui a sobrevivência e principalmente a reprodução das espécies.

As borboletas em si estão reduzindo, já não é mais possível ver a espécie em panapaná, termo de origem tupi que se refere a um bando de borboletas. No entanto, vale ressaltar que as lagartas são mais sensíveis ainda do que as borboletas adultas e podem morrer de desidratação com a seca e o calor.

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Borboletas podem ser extintas com a seca e o calor cada vez mais extremo no planeta.

As borboletas sempre foram consideradas primordiais na sobrevivência da humanidade, isso porque são espécies bioindicadoras, ou seja, capazes de nos informar sobre o estado de saúde do ecossistema em que vivem, se tem algo desregulado ali são as primeiras a serem afetadas, mas uma hora a conta chega para o ser humano.

Isso indica que depois da redução das borboletas devido à seca e as ondas de calor, outras espécies também podem ser afetadas como outros astrópodes, como abelhas ou besouros, e até mesmo alguns animais vertebrados.

A luta pela sobrevivência

Na tentativa da espécie sobreviver, as borboletas mudam seu comportamento e em primeiro lugar, evitam os prados mais ensolarados, ficando concentradas em áreas mais frescas e sombreadas, o que também está se tornando cada vez mais raro com o aumento do desmate e das queimadas, ou seja, as borboletas correm riscos até mesmo dentro das florestas.

Um dos motivos de vermos menos borboletas ultimamente nesses dias de sol e muito calor, é que da mesma forma que a temperatura do corpo do ser humano faz de tudo para se alto regular, as borboletas passam pelo mesmo processo e para evitarem a elevação da temperatura corporal, voam menos, e inclusive, colocam as asas no ângulo correto para que o sol não as atinja diretamente.