Propondo uso do ‘plástico social’, empresa canadense busca expansão no Brasil
Iniciativa da Plastic Bank procura contemplar pessoas em condições de vulnerabilidade. Companhia já atua em três estados e se prepara para chegar às regiões Nordeste e Sul
Transformar a cadeia de plástico para revolucionar os sistemas de reciclagem do mundo e, assim, criar uma economia mais regenerativa, inclusiva e circular. Esse é o principal objetivo da Plastic Bank, uma empresa canadense que atua na coleta de plásticos e propõe o uso do chamado plástico social, feito a partir de material reciclado recolhido por pessoas em condições de vulnerabilidade. A companhia, que já atua em três estados brasileiros, agora prepara uma maior expansão no Brasil, de olho na economia verde e nos investimentos de impacto social.
A Plastic Bank, criada em 2013 pelo canadense David Katz, une duas pontas. De um lado, identifica os coletores; de outro as empresas de reciclagem que vão comprar esse plástico e vendê-lo no mercado. A mediação entre a cadeia de reciclagem e o consumidor final também passa pela canadense. No exterior, gigantes como a americana SC Johnson e a alemã Henkel estão entre os clientes.
Os países que a empresa escolhe para expandir a operação têm dois itens em comum: o alto índice de poluição plástica e a pobreza, onde a falta de infraestrutura de descarte e uma maior dependência de embalagens de uso único resultam em uma quantidade desproporcional de resíduos descartados incorretamente.
No Brasil, a Plastic Bank chegou há dois anos e escolheu o Rio de Janeiro como ponto de partida para os negócios. Mantém, atualmente, 23 pontos de coleta, incluindo, além do Rio, também São Paulo e Espírito Santo. Para 2022, a meta é chegar a outras regiões, como Nordeste e Sul. Já há conversas em andamento no Ceará e no Rio Grande do Sul.
“A Plastic Bank cria ecossistemas de reciclagem em países que não possuem infraestrutura suficiente de descarte e têm altos índices de poluição e pobreza. Montamos locais de coleta e empregamos cidadãos dessas regiões para gerenciar esses ecossistemas”, explica a Plastic Bank.
“Os moradores podem coletar plástico do ambiente e levá-lo para o centro de coleta da Plastic Bank e trocar por dinheiro, alimentos frescos, água potável, serviço de celular, óleo de cozinha ou até mesmo matricular filhos na escola. Pelo plástico, coletores recebem bônus acima do valor de mercado, o que garante uma renda estável e caracteriza o Plástico Social”, define a iniciativa.
A canadense avalia a pegada de plástico das companhias – ou seja, quanto plástico elas usam – e, com base no cálculo, retira quantidade equivalente do meio ambiente para que seja reciclado. Assim, empresas podem se tornar “plástico neutro”.
“Após ser coletado, o plástico é reciclado e processado nessa nova matéria-prima chamada Plástico Social, que pode ser comprada pelos fabricantes para produzir produtos mais éticos em termos ambientais e sociais. Isso completa o ciclo do plástico, criando uma economia circular e sustentável”, afirma a empresa.
Em dois anos de atuação no Brasil, já foram coletadas mil toneladas de plástico que chegariam ao oceano. Até 2021, a Plastic Bank expandiu as atividades para países como Haiti, Indonésia, Filipinas e Egito, e tem perspectivas no próximo ano para atuar também na Tailândia, no Vietnã e em Camarões.