Projeto quer implantar jardins de chuva na Mooca
Arquitetos apostam em mais áreas verdes e menos alagamentos no bairro paulistano
Calor, enchentes, doenças do sistema respiratório. Esses são transtornos bem conhecidos pelos moradores de São Paulo que poderiam ser solucionados com uma medida simples: os jardins de chuva.
Dois arquitetos moradores da Mooca, Thiago Moliani e Lucas Chiconi, montaram um projeto para a instalação desses jardins em três pontos concretados e sem função no bairro – que tem a menor área verde por habitantes da capital paulista. Além da falta de áreas verdes, o distrito da Mooca é o que tem o maior número de mortes por doenças do sistema respiratório em São Paulo: são 17 para cada 10 mil habitantes.
Os jardins de chuva são aberturas em calçadas, rotatórias, canteiros centrais, locais de pouco tráfego, que estão impermeabilizados por concreto e impedem o ciclo da água. A proposta é plantar o verde nesses pontos, fazendo com que a terra volte a aparecer. Com isso, o excesso de água das chuvas seria contido e devolvido ao solo, evitando não só os alagamentos, mas melhorando também a qualidade de vida das pessoas.
Em setembro deste ano, os arquitetos apresentaram o na Subprefeitura da Mooca juntamente com uma petição com mais de 4 mil assinaturas coletadas em apoio à proposta.
A proposta já havia sido apresentada ao Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES), que a apoiou. Os arquitetos também já tiveram conversas com o departamento jurídico da Subprefeitura da Mooca, que analisa a viabilidade do projeto. Bairros como Vila Prudente e Tatuapé já iniciaram a construção dessas áreas.
Pontos selecionados na Mooca
Os arquitetos, que se dedicam a ações de revitalização sem fins lucrativos na Mooca, escolheram três pontos do bairro para iniciar o projeto dos jardins de chuva. O primeiro seria na Avenida Vereador Abel Ferreira, próximo onde será instalada a futura estação Anália Franco do Metrô. No local, há uma rotatória e, embaixo dela, passa o córrego Capão do Embira. Segundo os profissionais, atualmente o local está degradado, subaproveitado e sofre com pequenos alagamentos em dias de grandes chuvas. De acordo com os estudos de Moliani e Chiconi, um jardim de 150m² na rotatória permitiria a retenção de 30 mil litros de água.
O segundo ponto selecionado por eles foi a Rua Dom Joaquim de Melo, que hoje possui um canteiro central de 180 metros concretados e sem uso. Os arquitetos afirmam que a instalação de um jardim no local seguraria, em chuvas fortes, mais de 20 mil litros de água.
A terceira e última área escolhida pelos arquitetos fica perto da Praça Daniel Bifone, junto à Rua Cônego Antônio Lessa. Assim como o primeiro ponto selecionado, este possui uma rotatória que tem sob ela um córrego, o qual desemboca no Rio Tamanduateí.
“Em dia de chuva muito forte, a água acaba entrando nas casas logo abaixo. A implantação dessa rotatória, além de gerar um jardim de 140m², reter mais de 15 mil litros de água na região, também ajudaria muito nesses pequenos alagamentos que ocorrem na vizinhança”, explica Moliani.
“QUE ESSE SEJA SÓ O INÍCIO DE DIVERSOS JARDINS DE CHUVA, DE DIVERSOS CAMINHOS MAIS HUMANOS E VERDES DENTRO DA NOSSA REGIÃO.”
Thiago Moliani, arquiteto
Apoie o projeto
De maneira bem didática, o vídeo abaixo mostra um antes e depois dos três pontos, exibindo como eles ficariam após a inserção das áreas verdes. Juntos, os três jardins seriam capazes de reter cerca de 65 mil litros de água em dias de chuvas fortes.
“Os jardins servirão para devolver o verde ao bairro, além de contribuírem para a absorção de água e controle da temperatura, melhorando a qualidade de vida dos moradores”, diz Moliani no texto da petição.
O abaixo-assinado visa reunir ainda mais apoiadores para que a Subprefeitura da Mooca aprove o projeto. Para assinar, basta acessar a plataforma Change.org.
“ASSINE E COMPARTILHE ESSA PETIÇÃO. JUNTOS LUTAREMOS POR UMA SÃO PAULO MAIS VERDE E SAUDÁVEL. ESTAMOS FALANDO DE MEIO AMBIENTE, URBANISMO E SAÚDE”.
Thiago Moliani, arquiteto