Inspirados em conchas, pesquisadores canadenses criam vidro mais forte
Pesquisadores da Universidade McGill criaram material 5 vezes mais resistente a quebras que o vidro comum
A parte interna das conchas foi o ponto de partida para que cientistas canadenses criassem um vidro mais forte e resistente que o normal. Com uma resistência semelhante à do plástico, o vidro desenvolvido por pesquisadores da Universidade McGill pode ganhar diversas utilidades, como por exemplo as telas de novos smartphones.
“A inovação vem para trazer um novo equilíbrio entre resistência e transparência do vidro. O material que criamos não é apenas três vezes mais forte que o vidro normal, é também cinco vezes mais resistente à quebras”, explica Allen Ehrlicher, professor do Departamento de Bioengenharia da Universidade McGill.
Allen explica que a inspiração veio da natureza, mais precisamente da parte interna de algumas conchas revestidas por madrepérola. O novo material é uma mistura de vidro e acrílico.
“A NATUREZA É UMA PROFESSORA DE DESIGN. ESTUDAR A ESTRUTURA DE MATERIAIS BIOLÓGICOS E ENTENDER COMO ELES FUNCIONAM É UMA FONTE DE INSPIRAÇÃO E, MUITAS VEZES, DE PROJETOS PARA NOVOS MATERIAIS.”
Allen Ehrlicher, professor do Departamento de Bioengenharia da Universidade McGill
Os pesquisadores explicam que o revestimento da madrepérola tem a resistência de um material rígido com a durabilidade de um material maleável. Ele é composto por pedaços rígidos de matéria de calcário cobertos por uma proteína que tem boa elasticidade. Essa estrutura garante uma resistência excepcional, que chega a ser 3 mil vezes maior do que a resistência isolada dos materiais que fazem parte da composição.
A equipe da Universidade McGill reproduziu a estrutura da parte interna das conchas, intercalando camadas de vidro e acrílico produzindo um material extremamente forte que pode ser produzido de forma simples e econômica. O próximo passo foi garantir que este material, originalmente opaco, fosse transparente.
“Precisamos ajustar o índice de refração do acrílico e mesclar o material perfeitamente com o vidro. Com isso o resultado final foi algo verdadeiramente transparente”, explica Ali Amini, pesquisador e pós-doutorando da Universidade McGill. Antes de lançar o vidro para o mercado, os cientistas pretendem fazer alguns ajustes na tecnologia de produção, tornando o material ainda mais resistente a quebras e incorporar recursos para que seja possível mexer na cor, mecânica e condutividade do produto final.