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Mudanças climáticas reforçam importância do projeto Virada Ambiental

Mudanças climáticas reforçam importância do projeto Virada Ambiental

Edição deste ano conta com 17 estados, o Distrito Federal e 200 municípios do Estado de Goiás  

A onda de calor provocada pelo fenômeno El Niño e as mudanças climáticas que estão em curso no planeta foram temas do Virada Ambiental 2023, realizado na última quarta-feira (22/11), no Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco. Apesar da preocupação com uma ameaça futura cada vez mais próxima, o tom do evento era de esperança, pois em meio a tantos desafios enfrentados por aqueles que defendem a causa ambiental, chegar à quinta edição de um projeto de incentivo e orientação para o plantio e manutenção de mudas em áreas degradadas é uma vitória e um alento.

Até o momento, 200 prefeituras municipais goianas aderiram ao projeto Virada Ambiental de 2023. Novas adesões podem ser feitas até o dia 15 de dezembro de 2023 a partir do preenchimento do termo de adesão eletrônico, que deve ser enviado para o e-mail viradaambiental23@gmail.com. O período de plantio das árvores foi formalmente iniciado durante o ato desta quarta-feira, mas cada cidade tem autonomia para escolher quando plantar as mudas na época chuvosa, que vai de novembro a março. Em termos nacionais, são 17 estados participantes e o Distrito Federal.

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Edward Madureira: desafio agora é levar projeto para institutos e universidades federais do Brasil

Uma das entusiastas do projeto é a deputada estadual e presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), Rosângela Rezende. Ela conheceu o projeto no início da atual legislatura, quando assumiu a comissão. “O projeto me abraçou e eu abracei muito mais o projeto por conhecê-lo, por entendê-lo como algo grandioso e que faz com que tenhamos o desejo de participar e de contribuir para a melhoria da qualidade do nosso meio ambiente”.

“É de mão em mão, de muda em muda a gente vai fazer essa transformação em nossos corações. É esse o desejo e a necessidade do projeto Virada Ambiental que é uma ação que demonstra o poder que a gente tem de agir e transformar a realidade do nosso entorno”.

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Emiliano Lobo ressalta valor das parcerias com instituições, empresas e as novas gerações

O subsecretário de Planejamento, Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Subplan-Semad-GO), José Bento da Rocha, afirma que não dá mais para não ver os efeitos da mudança climática e que por isso, programas que como a Virada Ambiental são cada vez mais relevantes. “Queremos que as pessoas envolvidas há vários anos na Virada tenham esse sentimento de ‘estou contribuindo'”, ressaltou.

José Bento reforçou a importância das prefeituras, órgãos e empresas participantes da Virada Ambiental 2023 registrarem os plantios no aplicativo da Semad, Plante GO para que o desenvolvimento dessas mudas seja acompanhado. “Não basta plantar, temos que cuidar e propiciar que essa muda vire uma árvore e realmente preste o serviço ambiental que é esperado dela”.

Vontade coletiva

O sucesso da Virada Ambiental foi comentado pela superintendente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Saneago, Camila Roncato, parceira de primeira hora da Virada. “Hoje estar aqui, na quinta edição mostra o sucesso da Virada Ambiental, dessa conscientização ambiental e da vontade coletiva que as pessoas têm de estar aqui para fazer a nossa parte, cuidando do meio ambiente”.

Camila acredita que “se a gente fizer a nossa parte e chamar cada vez mais pessoas para fazerem parte, a gente vai contribuir para mitigar um pouco desses efeitos [mudanças climáticas]”.

A Associação Goiana de Municípios (AGM) foi representada pelo vice-presidente da entidade, Clayton Pereira de Melo, prefeito de Itauçu. Ele comentou que na sua região ainda é comum ver “pessoas plantando soja e tirando as árvores”. O gestor municipal acredita que “é difícil, mas a gente tem que encontrar uma forma de fazer com que isso se integralize e que possamos ter alimento, mas também o meio ambiente”.

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Plantio oficial de mudas nativas foi iniciado no Parque Altamiro de Moura Pacheco

A capilaridade da Virada Ambiental por praticamente todo o Estado de Goiás é decorrente da adesão de parceiros como a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater). Segundo o diretor Assistência Técnica e Extensão Rural da organização, Antelmo Teixeira Alves, destacou que “o projeto [Virada Ambiental] é nosso [dos parceiros e da sociedade]”.

Antelmo mencionou como estratégica a adesão da Secretaria de Estado da Educação (Seduc-GO), que por meio de ações de educação ambiental potencializa o alcance da iniciativa para as gerações mais novas. “É a quinta edição e a Emater é parceira em todos os 246 municípios e hoje somos muito mais do que isso no Brasil [presença em 17 estados e no DF ]. A Emater é parceira junto com as nossas equipes e uma coisa bonita que a Virada trouxe foi a integração, Goiás afora, que é a associação [da temática ambiental] com o esporte e a saúde”, comenta referindo-se à iniciativa do município de Inhumas, onde vai ser realizado um passeio ciclístico dentro das programações da Virada Ambiental.

Desafio para universidades

A Virada Ambiental demanda trabalho e dedicação praticamente o ano inteiro. Todos os anos as prefeituras, empresas, estados e, algumas vezes, até países são convidados a participar do plantio de árvores. A cada ano um número maior ou menor adere ao projeto. O desafio é sempre o de levar a onda verde para um número maior de lugares, com qualidade. O representante da Universidade Federal de Goiás (UFG) neste ano foi o professor e ex-reitor Edward Madureira. Atualmente, Edward é assessor da presidência da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), mas já esteve à frente da UFG durante três mandatos. A Virada Ambiental foi criada em 2019, na sua última gestão (2018-2021).

Edward conta ter sido instigado pelo coordenador-geral do projeto, Emiliano Lobo, professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (Eeca) da Instituição, a ajudar a ampliar ainda mais a presença da Virada Ambiental pelo País. “O Emiliano acabou de me fazer um desafio aqui: de envolver toda a rede federal de institutos federais e universidades federais que somam mais de mil câmpus pelo País para se engajar nesse projeto junto conosco”, relatou.

“É um desafio grandioso, mas eu quero dizer para o Emiliano que ele conseguiu um parceiro que vai trabalhar nesta direção. Vou aproveitar esse momento em que eu me encontro em Brasília, na Finep, muito próximo, tanto da rede de institutos federais quanto da rede de universidades federais para que a gente possa contagiar as pessoas nessa mudança”, complementou o ex-reitor.

Além de ser o espaço em que o Virada Ambiental foi idealizado como um projeto de extensão, a UFG participa da ação anualmente com o plantio de mudas nativas em uma área de preservação permanente (APP) localizada na Escola de Agronomia (EA). O plantio vai ser realizado na sexta-feira (24/11), às 10h, como parte das atividades de encerramento do 20º Congresso de Pesquisa de Ensino e Extensão (Conpeex 2023). A iniciativa também vai contribuir para zerar a emissão de carbono em decorrência do evento.

Mais de 30 parceiros

Na avaliação de Emiliano, o projeto só tem obtido êxito devido às parcerias estabelecidas desde o primeiro ano e que atualmente já somam mais de 30. O docente valoriza tanto a parceria institucional com órgãos do poder público estadual e municipais por meio das quais é possível fazer políticas públicas. “A Universidade se fortalece quando dialoga de forma orgânica com a comunidade não-acadêmica. É isso que é a nossa força e com o poder público a gente consegue estabelecer políticas públicas”.

Por outro lado, Emiliano relata que para estabelecer atividades e estratégias que dão viabilidade econômica ao projeto, a parceria com empresas privadas é importante. Como demonstração simbólica desse reconhecimento, as empresas privadas parceiras do projeto receberam um certificado de participação “por entenderem a necessidade dessa parceria, dessa mudança de comportamento e para dar continuidade ao grande volume de mudas plantadas”, disse ele, lembrando que em quatro anos já foram plantados mais de dois milhões de mudas.

Estudantes

O Dia D da Virada Ambiental 2023 foi marcado pela presença de estudantes do ensino fundamental, do médio e do ensino superior. Apesar do local do evento ser fora da cidade de Goiânia, esses jovens puderam se deslocar até lá graças às instituições parceiras como a Seduc. Os discentes do ensino superior, contaram dentre outros, com o apoio do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia (PDDU-GYN) – convênio entre a Prefeitura Municipal e a UFG – e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Goiás (Crea-GO).

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Participação de estudantes como sinônimo de que a causa ambiental continuará sendo importante

Emocionado com a presença e animação dos estudantes, Emiliano fala sobre a importância de ser professor e dos estudantes em sua vida. “A gente tem parceria com instituição porque faz política pública, com empresa privada porque dá viabilidade econômica, mas também temos parceria com quem está chegando agora, e vocês [estudantes] são a semente que vão assegurar a continuidade desse projeto. De nada vale fazer isso sem vocês estarem aqui e que a Virada Ambiental seja uma virada não só de plantas, mas de consciência e de atitudes. Que a gente vire cada vez mais para o meio ambiente e que esse País fique cada vez mais verde”, concluiu Emiliano.