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Pesquisadores monitoram ararinhas-azuis soltas há dois meses no sertão da Bahia

Pesquisadores monitoram ararinhas-azuis soltas há dois meses no sertão da Bahia

São as primeiras a ganhar a liberdade depois que a espécie foi considerada extinta na natureza, há 22 anos.

No sertão da Bahia, pesquisadores estão monitorando aves reintroduzidas na natureza e que chegaram a ser consideradas extintas

No alto dos morros, no meio da Caatinga, pesquisadores e brigadistas do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade estão de olho em oito ararinhas-azuis spixii, que foram soltas há dois meses, resultado de um longo trabalho feito em parceria com uma ONG alemã

Eles também monitoram sinais de rádio emitidos por equipamentos presos no corpo das aves, as primeiras a ganhar a liberdade depois que a espécie foi considerada extinta na natureza, há 22 anos.

“Nós conseguimos registrar qual é o comportamento de cada indivíduo ou do grupo, se ele está se alimentando, se ele está buscando algum recurso que está no ambiente, como água no riacho”, explica a pesquisadora do ICMBio Ariane Ferreira.

A caraibeira é uma das árvores preferidas da ararinha-azul para fazer o ninho. É uma árvore da beira dos riachos, uma das mais altas da Caatinga, algumas chegam a 20 metros de altura. O casal de ararinhas, que fica junto a vida inteira, geralmente escolhe os galhos mais altos, onde se reproduzem e também se alimentam. O fruto da caraibeira é um banquete para essas aves.

As ararinhas também gostam muito das sementes de árvores como o pinhão e a favela. Aves que nasceram em cativeiro na Alemanha ainda preferem ficar perto do viveiro, onde se sentem seguras, mas algumas já arriscam voos maiores na unidade de conservação criada para elas. É uma área equivalente a 120 mil campos de futebol na zona rural de Curaçá, sertão da Bahia, o único lugar no mundo onde ela existe. Os moradores da região se tornaram parceiros na tarefa difícil de proteger as ararinhas.

Dona Lídia avisou os pesquisadores quando viu um grupo de ararinhas na fazenda dela, algo que não acontecia havia mais 20 anos.

“Faço questão de ajudar, sem nossa ajuda eles não fariam nada aqui, porque tem que ser com os moradores”, conta a aposentada Lídia Martins Rosa.

Dona Liete ouviu o canto de um pássaro no telhado, e, para surpresa dela, era uma ararinha. A ave foi resgatada depois de nove dias desaparecida. Como agradecimento, os pesquisadores deram a ela o nome da moradora.

“Eu nunca imaginei que tivesse meu nome na ararinha. Eu desejo que ela seja muito feliz e viva muito aqui no nosso convívio”, diz a dona de casa Liete de Araújo.

É para isso que o Anthony trabalha. Ele, que só tinha ouvido falar das ararinhas, agora ajuda a proteger a espécie, seguindo o exemplo do avô.

“Quando eu vi as ararinhas pela primeira vez, eu relembrei todas as histórias que meu avô contava para mim, e eu fiquei bastante feliz de poder estar trabalhando com o que ele fez no passado”, conta o brigadista do ICMBio Antonhy Pietro Martins.