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Nova reserva ecológica para preservação de animais em extinção é criada em Guaramiranga, no Ceará

Nova reserva ecológica para preservação de animais em extinção é criada em Guaramiranga, no Ceará

Entre as espécies que vivem no local, estão o periquito cara-suja e o sapo-de-cascon.

Uma nova reserva ecológica para preservação de animais em extinção — entre eles, o periquito cara-suja — foi criada no Ceará. O espaço fica em Guaramiranga e tem 15 hectares. A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Oásis Baturité é resultado de uma colaboração entre as organizações de conservação Aquasis e Rainforest Trust, juntamente com a Secretaria de Meio Ambiente do Ceará.

O objetivo, segundo a Aquasis, é preservar o habitat desta espécie em perigo de extinção, somando esforços ao Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) Periquito Cara-suja, Unidade de Conservação estadual limítrofe de 39,12 hectares, gerida pela parceria entre Secretaria de Meio Ambiente do Ceará e Aquasis.

Entre as principais ameaças enfrentadas pelo periquito cara-suja, a Aquasis destacou a redução dos ambientes onde ele vive. Segundo projeções climáticas, um cenário futuro de altas emissões de carbono trará perda de 91% do seu habitat até 2040. Esse contexto futuro é agravado pela atual e demasiada instalação de empreendimentos imobiliários na serra de Baturité, segundo a ONG.

Com isso, o cara-suja e muitas outras aves dependentes de florestas úmidas e preservadas terão situações de ameaça agravadas. Para a Aquasis, o estabelecimento da Reserva Natural Oásis Baturité representa um passo importante na conservação da biodiversidade local, proporcionando um refúgio para espécies se reproduzirem com segurança.

Voluntários ajudam na preservação dos periquitos cara suja

Voluntários ajudam na preservação dos periquitos cara suja

Outras seis reservas naturais federais protegem 254,32 hectares locais, mas a Oásis Baturité é a primeira em âmbito estadual. A Aquasis reforçou que outras da mesma natureza precisam ser criadas com mais celeridade. A Associação Caatinga é uma entidade não governamental que influenciou a criação de todas estas reservas.

Ações na reserva ambiental

 

Sapo-de-cascon, espécie que vive no território da reserva ecológica criada em Guaramiranga. — Foto: Aquasis/Reprodução

Sapo-de-cascon, espécie que vive no território da reserva ecológica criada em Guaramiranga. — Foto: Aquasis/Reprodução

A intenção é criar um núcleo avançado de conservação da Mata Atlântica cearense, com a implantação de uma sede para visitantes, visando a realização de treinamentos para execução de programas de biologia interventiva, como reintroduções e instalação de ninhos artificiais. Além disso, o combate à caça e captura de animais silvestres, com apoio do Batalhão de Polícia de Meio Ambiente (BPMA).

“Estamos entusiasmados em anunciar o estabelecimento da Reserva Natural Oasis Baturité. Esta reserva representa um marco significativo em nossos esforços contínuos para conservar o cara-suja, e agradecemos a todos os parceiros e partes interessadas que se uniram para tornar essa visão uma realidade, disse Fábio Nunes, Coordenador do Projeto Cara-suja.

Essa é a terceira RPPN da ONG Aquasis. Foi antecedida pelas RPPN Oásis Araripe e Oásis Araripe II. “O nome Oásis tem um sentido figurado para Reservas Particulares e foi idealizado para ser um local de resistência ao que tem ocorrido com os ambientes naturais do entorno. Ao mesmo tempo, um convite para que outras áreas se unam e sejam também ambientes aprazíveis para a natureza e os animais”, explicou o biólogo.

“Além do caráter de preservação de ambientes muito importantes, as RPPNs da Aquasis serão locais para a prática da Biologia da Conservação de intervenção, como, por exemplo, instalação de ninhos artificiais; criação de microlevadas; translocações; reintroduções de espécies, etc”, complementou o coordenador.

Contribuição científica

A RPPN Oásis Baturité também servirá como um centro para pesquisa científica e educação, oferecendo oportunidades para pesquisadores, estudantes e comunidades locais aprenderem sobre a ecologia única e a importância da rica fauna da serra de Baturité e os habitats existentes.

Programas educacionais, trilhas interpretativas e centros de visitantes serão estabelecidos para promover a conscientização pública e a valorização dos esforços de conservação realizados na reserva.

“É um legado que deixamos para as futuras gerações. Acreditamos que a educação e o engajamento social são componentes-chave nos esforços de conservação bem-sucedidos”, destacou Fábio Nunes.

“Ao envolver as comunidades locais e aumentar a conscientização sobre a importância do cara-suja e seu habitat, podemos criar um senso de propriedade e administração entre a população local, o que é fundamental para o sucesso a longo prazo desta iniciativa de conservação”, complementou o coordenador.