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Nova espécie de peixe-caracol é descoberta a 7 mil metros de profundidade

Nova espécie de peixe-caracol é descoberta a 7 mil metros de profundidade

Animal azul da Fossa do Atacama foi batizado de “Paraliparis selti” e pode ajudar cientistas a compreender como a vida resiste a baixas temperaturas e grandes

Para conheçer que tipo de animais habitam o fundo do oceano, uma equipe internacional de cientistas implantou sondas em queda livre na Fossa do Atacama, localizada entre o Peru e o Chile. Com essa metodologia, eles conseguiram captar imagens de uma nova espécie de peixe abissal que vive a uma profundidade de cerca de 7 mil metros.

De acordo com uma nota da Universidade Newcastle, na Inglaterra, a escolha do local foi definida pelo fato de que a imensa trincheira percorre a costa oeste da América do Sul e tem profundidade parecida com a altura da Cordilheira dos Andes. Ao todo, a fossa conta com 8 quilômetros de profundidade, enquanto a Cordilheira apresenta quase 7 quilômetros de altitude. O artigo que conta todos os detalhes da descoberta foi publicado no periódico Marine Biodiversity em 1º de outubro.

Para conseguir registrar peixes, as sondas tinham petiscos acoplados para atrair os animais, aproximando-os da câmera para realizar o registro. “A câmera foi feita de algumas polegadas de aço inoxidável e vidro de safira”, explica o Thom Linley, autor principal do estudo, da Universidade Newcastle. Abaixo, confira o vídeo do momento em que as espécies são encontradas:

Com o equipamento, a equipe de Linley conseguiu identificar três espécie de peixe-caracol na zona hadal, que parte dos 6 mil metros de profundidade até o leito oceânico. Entre essas espécies, uma era completamente nova para a ciência.

Um pequeno peixe azul avistado entre 6 mil e 7,6 mil metros de profundidade apresentava características diferentes dos demais peixes-caracóis da região. O animal tinha olhos grandes e cor marcante. Para determinar que se tratava de uma nova espécie, a equipe utilizou tomografia microcomputada (micro-CT), uma técnica que permitiu aos cientistas determinar onde o animal se encaixava na família de peixe-caracóis.

Batizado de Paraliparis selti, o nome da nova espécie deriva da extinta língua Kunza, que era usada por povos indígenas do Deserto do Atacama. Selti significa azul.

Paraliparis selti oferece uma oportunidade fantástica para explorarmos o que permite que os peixes vivam tão profundamente”, comemora Linley, que acredita que o peixe evoluiu de espécies adaptadas ao frio do Oceano Antártico. A descoberta, portanto, pode dar novas pistas sobre a relação entre a adaptação às baixas temperaturas e grandes pressões, ajudando a compreender como a vida sobrevive a zonas abissais.