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Mudanças climáticas têm alterado rapidamente o ciclo da água doce na Terra

Mudanças climáticas têm alterado rapidamente o ciclo da água doce na Terra

O ciclo da água na Terra está mudando a um ritmo bem mais veloz do que se pensava, de acordo com um estudo liderado pela University of New South Wales. A pesquisa só confirma o que relatório científicos anteriores já apontavam: regiões secas se tornarão ainda mais secas, enquanto as úmidas ficarão mais úmidas.

O ciclo da água é responsável por depositar a água doce evaporada dos oceanos na terra, abastecendo geleiras e rios. No entanto, o novo estudo concluiu que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) estão alterando a maneira como a água doce é distribuída pela Terra.

O gráfico mostra a temperatura média global dos últimos 24.000 anos. Quanto maior o calor, há mais evaporação (Imagem: Reprodução/Matthew Osman/University of Arizona)

Como exemplo do que pode se aguardado no futuro, o oeste dos EUA tem enfrentado uma forte seca, enquanto a Alemanha enfrenta inundações sem precedentes. Com a alteração no ciclo da água, esses eventos se tornarão mais frequentes e ainda mais intensos.

O novo estudo reafirma o que o relatório climático da ONU, o IPCC, publicado no ano passado, já havia alertado. As mudanças climáticas produzirão consequências de longo prazo no ciclo hídrico global. “As mudanças que estamos vendo são apenas o começo”, disse Taimoor Sohail, principal autor da pesquisa.

Segundo Sohail, nas próximas décadas a intensificação do ciclo da água pode dificultar o acesso aos suprimentos de água doce em grande áreas do planeta. Para prever com maior precisão essas alterações hídricas, os pesquisadores usaram o oceano para entender a dinâmica.

Usando o oceano para estimar o ciclo da água

Projeções climáticas dependem de um grande volume de dados: quanto mais informações, mais precisas são as projeções. No entanto, é bastante difícil instalar equipamentos para medir a chuva ou tanques de evaporação em mais de 70% da superfície terrestre coberta por oceanos.

A intensificação do ciclo água deixará as regiões atualmente secas ainda mais secas, enquanto as úmidas ficarão ainda mais úmidas (Imagem: Reprodução/Pixabay)

Por isso, os pesquisadores usaram a salinidade dos oceanos para realizar as projeções. Por exemplo, o Oceano Atlântico é, em média, mais salgado do que o Pacífico. Essa diferença se explica pela água doce da chuva que cai nos oceanos, diluindo a água e a tornando menos salgada.

Já a evaporação, ao retirar água doce das águas do oceano, aumenta a concentração de sal. Com essas mudanças na salinidade bem registradas, a equipe conseguiu estimar as alterações no ciclo da água global, descobrindo que ele tem se intensificado dramaticamente.

O estudo também descobriu que o ciclo mais amplo da água está mudando na atmosfera, tanto sobre os continentes quanto sobre os oceanos. Desde 1970, algo entre 46 mil a 77 mil km cúbicos de água mudaram dos trópicos para regiões mais frias.

Enquanto pesquisas anteriores estimaram uma intensificação de 2% a 4% no ciclo da água, o novo estudo apontou um aumento de 7%. Os autores não deixaram dúvidas sobre a relação das emissões de gases de efeito estufa com o aumento da temperatura global, que afeta diretamente o ciclo hídrico.

A pesquisa foi apresentada na revista Nature.