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Fungos e bactérias do Ártico conseguem digerir plástico

Fungos e bactérias do Ártico conseguem digerir plástico

Até o momento, a humanidade ainda não sabe o que fazer com a gigantesca quantidade de plástico produzida e não reciclada. Curiosamente, o plano de ação pode partir da própria natureza, através de bactérias e fungos do Ártico. Estes micróbios conseguem digerir alguns tipos de microplásticos semelhantes às estruturas encontradas em células vegetais.

Bastante animadora, a descoberta desses organismos vivos pode indicar um novo caminho para a reciclagem das toneladas de plástico que vagam pelos oceanos. Inclusive, outras bactérias comedoras de plástico já foram rastreadas anteriormente pela ciência.

Um adendo: o investimento nas novas tecnologias e na melhora dos índices globais de reciclagem de plástico devem ser prioridade. Afinal, cada vez mais, estudos científicos revelam a invasão do corpo humano pelos microplásticos, com efeitos desconhecidos. Em aves, a intoxicação é responsável pela doença plasticose, potencialmente mortal.

Conhecendo os microrganismos do Ártico que digerem microplástico

Publicada na revista Frontiers in Microbiology, a mais recente pesquisa sobre os micróbios que comem plástico foi desenvolvida pelos cientistas do Instituto Federal Suíço de Pesquisa de Florestas, Neve e Paisagem (WSL). No experimento, a equipe coletou amostras de bactérias e de fungos, próximos de alguma “fonte” de plástico na Groenlândia, na Suíça ou no arquipélago de Svalbard.

Voltando para o laboratório, a equipe deixou que cada tipo de micróbio se proliferasse na escuridão, formando culturas. Em seguida, testaram a capacidade dos fungos e bactérias em digerir diferentes tipos de plásticos, em ambientes controlados a 15 °C. Surpreendentemente, a maioria deles apresentava a capacidade de decompor pelo menos algum plástico.

Quais tipos de plásticos os micróbios reciclam?

Cientistas descobrem bactérias e fungos que podem digerir o plástico no Ártico (Imagem: Unsplash/Nariman Mosharrafa)

Após 126 dias de incubação, o único plástico que não foi digerido por nenhum dos micróbios foi o polietileno (PE), muito usado na embalagem de alimentos. No entanto, 19 cepas (56%) das 34 que foram coletadas, incluindo 11 fungos e oito bactérias, foram capazes de digerir o poliuretano (PUR). Além disso, 14 fungos e três bactérias conseguiram digerir as misturas plásticas polibutirato (Pbat) e poliácido láctico (PLA).

O interessante é que o processo de digestão ocorreu em ambientes com temperatura de 15 °C. Enquanto isso, a maioria das pesquisas já desenvolvidas só encontrou micróbios capazes de fazer essa digestão em temperaturas mais quentes, próximas a 30 °C

Para onde vai a pesquisa capaz de resolver o problema do plástico?

Agora, o estudo continua em busca de tornar as descobertas economicamente viáveis. Para isso, é preciso entender quais enzimas, especificamente, são responsáveis pela degradação e reciclagem do material. Outra frente vai investigar se modificações adicionais nessas enzimas podem otimizar os processos, ampliando a capacidade de ação.