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Fósseis revelam rápida recuperação da vida após extinção há 250 milhões de anos

Fósseis revelam rápida recuperação da vida após extinção há 250 milhões de anos

Fósseis escavados na China revelam existência de ecossistemas marinhos complexos 1 milhão de anos após grande destruição ocorrida no Permiano-Triássico

Uma coleção de fósseis bem preservados e desenterrados recentemente na região de Guizhou, na China, contesta uma teoria antiga sobre a recuperação de espécies após a grande extinção ocorrida no Permiano-Triássico. O fenômeno se deu há 252 milhões de anos, afetando 95% da vida na Terra em um processo desencadeado inicialmente por atividades vulcânicas.

Até agora, acreditava-se que, após o acontecimento, a vida na Terra foi dominada por linhagens mais simples até 10 milhões de anos antes que ecossistemas mais complexos pudessem evoluir. No entanto, os novos conjuntos fósseis revelam um ecossistema marinho de 250,8 milhões de anos.

As escavações foram conduzidas por cientistas das universidades McGill e de Quebec, ambas no Canadá. O estudo foi publicado na revista Science na última quinta-feira (9). “Os fósseis revelam diversas espécies formando uma complexa cadeia alimentar que inclui plantas, peixes ósseos, peixes com nadadeiras raiadas, caranguejos, lagostas, camarões e moluscos”, relata Morgann Perrot, pesquisadora do Departamento de Ciências da Terra e Atmosféricas da Universidade de Quebec, em comunicado

Evolução mais rápida

A partir de datação por chumbo de urânio, os cientistas descobriram que os espécimes marinhos de Guizhou começaram a se desenvolver no local 1 milhão de anos após a grande extinção. “Esses conjuntos de fósseis, particularmente a presença de predadores vertebrados, revelam uma diversidade surpreendentemente precoce de animais após a extinção”, contam os especialistas no estudo.

 Fóssil do peixe Watsonulus, gênero extinto de peixes pré-históricos, também estava entre as descobertas — Foto: Reprodução/Xu Dai

Fóssil do peixe Watsonulus, gênero extinto de peixes pré-históricos, também estava entre as descobertas — Foto: Reprodução/Xu Dai

Até então, cientistas teorizaram que as altas temperaturas oceânicas resultantes de mudanças climáticas na época impediram o desenvolvimento de vida complexa logo após a extinção em massa. Além disso, pensava-se que um ecossistema complexo precisaria de 5 milhões a 10 milhões de anos para evoluir.

Perrot destaca que tudo isso mostra o quão rapidamente a vida pode responder a crises extremas. Segundo ela, é preciso fazer reavaliação das condições oceânicas do início do Triássico. Ao todo a equipe descobriu 12 classes de organismos e encontrou fezes fossilizadas, revelando pistas sobre as dietas desses animais antigos.