Anchor Deezer Spotify

Formigas podem “enganar” detetives em investigações com cadáveres humanos

Formigas podem “enganar” detetives em investigações com cadáveres humanos

Segundo estudo, atuação dos insetos em mortos é possível causa de hemorragias observadas em corpos que não apresentam lesões logo após o óbito

Manchas de sangue identificadas em cadáveres humanos nem sempre têm origem em lesões corporais. Um estudo publicado no Forensic Sciences no último dia 3 de setembro indica que formigas podem ser as causadoras de hemorragias externas observadas em investigações.

No passado, a atividade de formigas era apontada apenas pelo surgimento de desgastes nos corpos em decomposição. Agora, descobriu-se que esses insetos são capazes de produzir alterações que imitam sangramentos recentes ou ativos.

A pesquisa realizada nas Ilhas Andaman e Nicobar, na Índia, analisou 10 casos de atividades de insetos logo após a morte e propôs um sistema de classificação. O objetivo era entender os eventos ocorridos no momento da morte e auxiliar na análise forense a partir da identificação de padrões de manchas de sangue.

“Os entomologistas forenses reconstroem eventos criminais usando insetos, sendo que as moscas varejeiras desempenham um papel importante. No entanto, as formigas são frequentemente ignoradas como uma mera presença incidental em um cadáver, e sua importância pode passar despercebida por um olho não treinado”, afirmou, em nota, a autora principal do artigo, Paola Magni, da Universidade Murdoch, na Austrália.

O sistema de classificação pode ajudar a identificar as hemorragias, determinando a posição original do corpo e seu possível movimento, além de fornecer pistas sobre a causa da morte.

Insetos na cena do crime

A proposta do estudo é mais um caminho para desenvolver uma ampla compreensão da importância da ecologia de insetos nas investigações forenses. “Na cena do crime, manchas de moscas a partir de excrementos e vômitos podem ser confundidas com respingos de sangue de alta velocidade resultantes de tiros”, explica Magni. “Um entomologista forense pode distinguir entre evidências relacionadas a tiros e marcas associadas a insetos analisando a distribuição e o DNA das manchas.”

Insetos podem produzir diferentes tipos de “manchas de sangue”, seja pelo deslocamento ou pela eliminação de fluídos corporais ingeridos por eles. À medida que as espécies sofrem mudanças, seus impactos nos cadáveres também são modificados, o que representa uma contínua atualização para a entomologia forense.