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Erosão das falésias ameaça banhistas nas praias da Paraíba

Erosão das falésias ameaça banhistas nas praias da Paraíba

Perigo maior de desmoronamento é registrado em Jacarapé, em João Pessoa, e Carapibus, no município de Conde

As falésias do litoral paraibano são famosas por colorir, embelezar e dar forma às paisagens costeiras do estado. No entanto, o avanço do mar, os ventos e as chuvas intensas, entre outros fatores, aumentam o risco de queda dos paredões rochosos localizados em algumas praias da Paraíba, como a de Carapibus, no município de Conde, e ade Jacarapé, em João Pessoa, segundo especialistas. Além disso, a falta de sinalização expõe a possíveis acidentes os frequentadores e banhistas que transitam por estes locais, sobretudo, nesta época do ano, em que a movimentação nas praias é ainda maior devido à presença de turistas.

Entre as principais causas de desabamento ou deslizamento das falésias estão a abrasão marinha e o solapamento (danificação) da base destes complexos rochosos, mas a intervenção humana também contribui para a degradação dos blocos sedimentares, é o que afirma o geógrafo e professor do Departamento de Geociênciasda Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Saulo Roberto Vital.

“Estamos num estágio interglacial, intensificado pela ação do homem. Isso ocasiona o aumento do nível dos mares e, consequentemente, a erosão. Existe uma componente antrópica envolvida [na maioria dos casos de queda de falésias e barreiras], que diz respeito à ocupação do topo dessas áreas, às mudanças no regime de vazão de estuários (zona de transição entre as águas costeiras de um rio ou riacho com o mar), por causa das barragens”, explica.

Segundo Saulo, a incidência de risco de desmoronamento das falésias das praias de Jacarapé, na capital, e, principalmente, de Carapibus, no Litoral Sul, é alta e preocupante.

Alerta dos bombeiros

Para evitar acidentes semelhantes, o Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba (CBMPB) orienta que sejam observadas as condições físicas do local. “É importante ficar atento se ali existem árvores, postes ou muros com alguma inclinação normal. Além disso, deve-se observar se há rachaduras ou trincas no chão ou nas paredes”, alerta o tenente Ataíde. Outra medida importante, segundo ele, é evitar, ao máximo, ficar sob a sombra das falésias.

Conde monitora situação da barreira

O secretário do Meio Ambiente de Conde, Walber Farias, informou que a pasta vem fazendo o monitoramento da área, em Carapibus, junto à Defesa Civil do município, com o objetivo de elaborar estratégias para minimizar o problema. “Estamos fazendo vistorias e estudos técnicos com relação ao processo de degradação das falésias e definindo projetos para implantar medidas mais efetivas nesse sentido. A curto prazo faremos a implantação de placas informativas, alertando os visitantes sobre as áreas de risco que existem”, frisou.

Ainda de acordo com o secretário, este é um problema antigo que tem se agravado com as construções irregulares de casas, edifícios e empreendimentos aos arredores das falésias. “Muitas edificações foram erguidas de forma incompatível com o que estabelece a legislação, e isso acentua a gravidade do problema”, ressalta Walber.

Conforme explica o professor Saulo Vital, a construção de casas, hotéis, pousadas e outros tipos de estabelecimento nas áreas onde há paredes rochosas e falésias, cujos locais concentram grandes quantidades de pessoas e veículos, pode aumentar os riscos de desastres.

“O que deve ser planejado é a desocupação desses locais, transformando-os em espaços turísticos, não para esse turismo comum e predatório que tem sido desenvolvido, mas com a implantação de geoparques, com gestão adequada e orientada por profissionais especializados”, ressalta o geógrafo.

Saulo também avalia que existem alternativas de solução, como a intervenção por obras de engenharia, como implantação de drenagens, e o enroscamento dessas falésias, por exemplo, como vem fazendo a Prefeitura de João Pessoa com a Barreira do Cabo Branco. Entretanto, o especialista acredita que estas medidas podem gerar repercussões em outros pontos do litoral.

“É necessário avaliar com uma equipe multidisciplinar, quais das intervenções causam menor impacto negativo. Vale lembrar que toda e qualquer obra de engenharia funciona como um filtro para tentar impedir a erosão, mas isso vai repercutir em outros locais, alterando a dinâmica costeira”, pontuou.

Mapeamento em João Pessoa

A Secretaria de Meio Ambiente (Semam) de João Pessoa informou que uma equipe técnica realizou, no último dia 13, uma vistoria nos 24 quilômetros de faixa litorânea da capital, observando a situação da vegetação costeira e realizando um trabalho de orientação à população com relação à preservação das falésias e espaços adjacentes.

Sobre a falésia da praia de Jacarapé, a Semam afirmou que as áreas que carecem de sinalização estão sendo checadas, e, em breve, um relatório técnico será elaborado para nortear as ações de segurança no local.