Anchor Deezer Spotify

Entenda por que coelhos não devem ser adotados na empolgação do feriado

Entenda por que coelhos não devem ser adotados na empolgação do feriado

Entenda como a adoção irresponsável afeta os animais que são símbolo do feriado religioso

Quando você pensa em Páscoa, quais são as primeiras imagens que surgem na sua cabeça? É difícil cumprir este desafio sem imaginar ovos de chocolate e coelhos por toda parte, não é? Isso porque estes animais se tornaram símbolo do feriado, protagonizando músicas e dominando as decorações.

Infelizmente, este holofote os deixa bastante vulneráveis. Muitas famílias, envolvidas no clima de Páscoa, adotam coelhos para realizar brincadeiras e atividades com as crianças, sem pensar nas necessidades da espécie após a celebração. A consequência disso, segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), é o aumento do número de abandonos depois do feriado.

“A falta de interesse pelo animal com o passar do tempo acarreta abandono em praças, ruas, terrenos baldios ou até mesmo em lixeiras. A aquisição de qualquer bicho deve ser feita com muita cautela, responsabilidade e compromisso”, defende Cristiane Pizzuto, presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do CRMV-SP.

Para a especialista, o interesse pela adoção não deve estar atrelado a um evento ou a uma decisão impulsiva, pelo contrário! Antes da chegada do pet, o assunto deve ser debatido e analisado pelos responsáveis.

“A falta de informações sobre as necessidades da espécie pode implicar no comprometimento da saúde física e mental destes animais”, adiciona a médica-veterinária.

Os tutores que desejam adotar coelhos devem ter em mente quais são as necessidades da espécie — Foto: Canva/ Creative Commoms

Os tutores que desejam adotar coelhos devem ter em mente quais são as necessidades da espécie — Foto: Canva/ Creative Commoms

O Grupo de Apoio aos Coelhos (GAC), primeira ONG de proteção animal dedicada à espécie no Brasil, nasceu nesse contexto. Ao perceber a escassez de ações especializadas no resgate e no tratamento desses indivíduos, um grupo de amigas decidiu criar um projeto em prol dos lagomorfos.

“Fazemos o possível para conscientizar a população sobre as necessidades básicas de um coelho e as consequências do abandono. O descaso leva ao sofrimento e, em situações mais graves, à morte do animal. Quem, por qualquer motivo que seja, não consegue mais cuidar do pet, deve buscar outro tutor responsável”, afirma Santuzza de Affonseca, diretora do GAC.

É exatamente por isso que quem deseja adotar um coelho na ONG passa por um processo rigoroso. O objetivo é compreender se a casa está apta para receber o animal, se os futuros tutores têm consciência de suas obrigações e possuem condições financeiras para custear as necessidades do pet.

“A venda de animais não restringe ninguém, por isso o número de pessoas que adquirem um animal de maneira irresponsável aumenta, ainda mais no período da Páscoa. Os pais presenteiam suas crianças com um coelho ‘fofo’, sem educá-los sobre a responsabilidade que é cuidar de um ser vivo”, opina a voluntária.

Deixá-los presos em gaiolas, sem espaço para realizar exercícios, pode ser considerado maus-tratos — Foto: Canva/Creative Commoms

Deixá-los presos em gaiolas, sem espaço para realizar exercícios, pode ser considerado maus-tratos — Foto: Canva/Creative Commoms

O que é preciso considerar antes de adotar um coelho?

Antes de qualquer coisa, separe um tempo para pesquisar sobre a espécie: vale consultar na internet e conversar com tutores e médicos-veterinários para reunir dicas e informações sobre o dia a dia com o animal em casa, bem como alimentação e outros gastos previstos.

O cuidado dentário, por exemplo, é essencial. Para o animal realizar o desgaste adequado dos dentes, o tutor deve fornecer alimentos e brinquedos capazes de cumprir tal função. Do contrário, os móveis de casa podem se tornar alvo dos pets.

Por isso, hortaliças, verduras e feno devem estar no cardápio do pet. Elas oferecem uma dieta balanceada e auxiliam no crescimento, desenvolvimento e no desgaste dos dentes.

“Eles também precisam de pontos específicos pela casa para se esconder, mas não devem ser mantidos em gaiolas. Eles precisam fazer atividades físicas diárias em espaços onde possam correr e pular”, orienta Cristiane.

A falta de exercício pode resultar em problemas de saúde e quadros de estresse. Se o tutor preferir mantê-los em um local restrito, o uso de cercados pode ser uma opção mais segura e confortável.