Anchor Deezer Spotify

Eletrificação é a grande tendência para a mobilidade urbana em 2024

Eletrificação é a grande tendência para a mobilidade urbana em 2024

Com a proximidade da Conferência entre as Partes (COP30), promovida pela ONU, que acontecerá no Brasil em 2025, a grande tendência para a mobilidade urbana já foi definida: a eletrificação no transporte coletivo. O caminho para o avanço nesse sentido, no entanto, ainda é longo e desafiador. A cidade de São Paulo, por exemplo, tem 201 trólebus e 69 a bateria – em circulação, de acordo com a Prefeitura, e uma frota total (contabilizando não elétricos) de cerca de 12 mil, segundo dados da SPTrans. Tendo em vista que, no longo prazo, o objetivo é que toda a frota da região se torne limpa (ou seja, que utilize energia renovável e emita menos gases poluentes) até 2038, deveriam entrar por volta de 650 ônibus elétricos por ano no sistema para substituir todos os veículos em 20 anos. Diante disso, como é possível tornar esse movimento viável, principalmente, em escala nacional?

Os primeiros passos nessa jornada precisam ser menores, mais tangíveis e feitos de uma maneira que possam servir como base para um caminho longo – tanto de esforços quanto de tempo. Um fator essencial, na minha visão, é que cada município entenda seus próprios dados para, assim, traçar quais são os maiores desafios, as vantagens e os caminhos que podem ser seguidos no quesito mobilidade urbana regional. Continuando com o exemplo da cidade de São Paulo, focando na descarbonização ainda neste ano, a Prefeitura estabeleceu um objetivo ambicioso para 2024: de chegar a 20% da frota de ônibus movidos a energia sustentável.

Segundo a esfera municipal, a meta é ter 2,4 mil veículos sustentáveis, fazendo com que os números da cidade impulsionem o Brasil aos primeiros postos do ranking mundial da eletrificação de frota de ônibus, atrás apenas da China, criando a maior frota de ônibus movidos a energia limpa da América Latina. Atualmente, de acordo com dados da SPTrans, 2,5 milhões de pessoas utilizam o transporte coletivo diariamente. O exemplo desta cidade corrobora com a importância da coleta e análise de dados municipais em favor do avanço da sustentabilidade e da inovação na mobilidade.

Entender questões como quantas pessoas têm utilizado os meios coletivos, quais são as linhas mais usadas, os horários de pico e quais opções têm funcionado melhor ou pior para determinados bairros são fatores cruciais para planejar estratégias que façam sentido e que possam, de fato, ser atingidas. Além dos dados, outro fator importante é o investimento. Algo que tem reforçado a eletrificação como tendência em 2024 é o novo PAC em Mobilidade Urbana, que dará prioridade aos transportes de alta e média capacidade, como metrôs, trens urbanos, veículo leve sobre trilhos (VLTs) e Bus Rapid Transit (BRTs). De 2023 até 2026, serão investidos R$ 35,9 bilhões. A carteira conta com investimentos públicos, privados e Parcerias Público-Privadas (PPP) e vai dar a chance aos municípios de apresentarem seus projetos prioritários.

Com a nova possibilidade de aportes, destravar a substituição da frota nas cidades brasileiras por veículos sustentáveis passa a ganhar força ainda em 2024. Os municípios, depois de entenderem o próprio cenário, podem elaborar os melhores projetos e entender o custo-benefício de cada melhoria. Após 2026, o governo federal pretende investir mais R$ 12,9 bilhões. Um dos benefícios da transição energética é o fato de o custo da operação do ônibus elétrico ser menor do que o de combustão. Isso permite que, em um longo prazo, as prefeituras aproveitem o ganho operacional, reduzindo repasses às operadoras e o subsídio.

Tarifa zero

Outro fator que deve ganhar mais espaço nas discussões de mobilidade urbana em 2024 é a tarifa zero. Segundo um levantamento do pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Santini, o modelo foi adotado por 31 municípios só em 2023. Em dezembro do ano passado, a cidade de São Paulo também passou a operar dessa forma aos domingos. Diante disso, com o objetivo de aumentar a movimentação de pessoas e o acesso aos meios culturais, muitas outras regiões devem adotar a modalidade ao longo deste ano ou, então, começar a estudar essa possibilidade.

Nesse sentido, em 2024, é esperado que também aumentem os debates sobre formas justas de remuneração nesse modelo. Cada cidade deve escolher a melhor forma de ganhar com isso e, também, de remunerar suas equipes e empresas parceiras – sendo pagar às operadoras por passageiro transportado uma das opções levantadas (o que também abre margem para superlotações). Por isso, novas soluções e problemas levantados devem ganhar ainda mais espaço nas pautas dos próximos meses.

Diante dessas movimentações esperadas para esse ano, questões como a redução das emissões de carbono, ampliação do acesso a empregos (com a expansão das linhas e a implantação da tarifa zero), a redução dos custos de operação (com a eletrificação) e a sustentabilidade devem ganhar força nos transportes em 2024. Embora seja uma jornada com muitos passos, é um avanço certeiro no bem-estar social e econômico das cidades.

foto de Roberto Speicys, CEO e cofundador da Scipopulis, remete ao artigo Eletrificação é a grande tendência para a mobilidade urbana em 2024
Roberto Speicys: a prefeitura de São Paulo tem como objetivo com a eletrificação, chegar a 20% da frota de ônibus movidos a energia sustentável – Foto: Divulgação