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Ele pode ser Marruá, Baguá. Conheça o boi pantaneiro

Ele pode ser Marruá, Baguá. Conheça o boi pantaneiro

Surgimento do bovino selvagem do Pantanal remonta o passado colonial do Brasil. Hoje, raça corre risco de extinção, segundo a Embrapa

Ele também é conhecido como Marruá ou Baguá. O boi pantaneiro, retratado nas duas versões da novela Pantanal, tem uma história de séculos no Brasil, marcada principalmente por adaptação e sobrevivência. O Marruá não é o nome de uma raça, mas um adjetivo utilizado para descrever a natureza selvagem, de um temperamento até mesmo indócil do gado que não passa por um processo de manejo nas fazendas. Assim, segundo a Embrapa Pantanal, qualquer raça bovina pode ser Marruá. O pantaneiro é uma delas.

Boi Marruá na novela Pantanal (Foto: Divulgação: Rede Globo/Produtos Globo)
Boi Marruá na telenovela da Globo, Pantanal (Foto: Divulgação: Rede Globo/Produtos Globo)

O surgimento desse gado selvagem na região Centro-oeste remonta o passado colonial do Brasil. Segundo a Embrapa Pantanal, os animais que deram origem ao bovino pantaneiro foram trazidos da Europa ainda na época do Descobrimento, no século XVI, nas primeiras expedições de portugueses e espanhois. Naquela época, além dos primeiros bovinos, o Brasil também recebeu ovinos e suínos, que serviam como alimento ou força de trabalho.

Esses animais viviam livres e ao longo dos anos passaram por um processo de seleção natural. É uma raça capaz de se adaptar às condições extremas do bioma, suportando clima e nutrição pouco favoráveis. A relação bovino pantaneiro com a atividade pecuária começa no século XIX, quando a extração de ouro começa a ser substituída por outras atividades.

Ainda de acordo com a Embrapa Pantanal, do ponto de vista comercial, o bovino pantaneiro é uma raça com alto potencial de atender diversos nichos de mercado, com carne e leite de sabores diferenciados. No entanto, depois de séculos de permanência e adaptação às condições territoriais do centro-oeste brasileiro, está em risco de extinção, com um rebanho estimado em cerca de 13 mil animais

Os pesquisadores associam essa perda de espaço a fatores como a introdução da Raça Nelore, desde meados do século XX. Hoje, o zebupino de origem indiana representa a maior parte do rebanho bovino de corte nacional.

Gradativamente, as vacas pantaneiras que ainda restavam foram cruzando com touros zebuínos, e a genética desses animais foi sendo absorvida. Desde a década de 80, a Embrapa Pantanal realiza programas de resgate genético do boi pantaneiro, para evitar a extinção da raça brasileira.

Bovino panteneiro em propriedade, em Mato Grosso do Sul (Foto: Thomas Horton)
Bovino pantaneiro em propriedade, em Mato Grosso do Sul (Foto: Thomas Horton)

Para relembrar

A caça do boi selvagem do Pantanal foi tema da reportagem de capa do jornalista José Hamilton Ribeiro em 1985, na terceira edição da Revista Globo Rural. Sob o título “É seu! Pega ele, Rolindo!”, a reportagem contava a história dos “caçadores” de Baguá, no Pantanal, acompanhando o trabalho de Rolindo (imagem da capa, abaixo). A reportagem da Globo Rural voltou a encontrar o “bagualhador” Rolindo, tema da reportagem de José Hamilton Ribeiro, ainda na lida, 25 anos depois. Leia aqui.

capa-gr-edicao3 (Foto: Reprodução/Editora Globo)
Boi Baguá ou Marruá já foi tema de reportagem de capa da revista Globo Rural (Foto: Reprodução/Editora Globo)