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Campanha internacional alerta sobre danos causados por parques eólicos no Nordeste

Campanha internacional alerta sobre danos causados por parques eólicos no Nordeste

O impacto causado pelos parques de energia eólica nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte é tema de uma campanha internacional lançada na terça-feira (22) pela Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“As eólicas vieram pra ficar e as famílias que estão prejudicadas, como eu estou prejudicado com toda a minha família, nós é que temos que se mudar”, diz o agricultor Simão Salgado, de Caetés, Pernambuco, ao falar sobre a chegada de um parque a alguns metros da casa e propriedade que conseguiu comprar com o esforço de muito trabalho. “Eu costumo falar que é uma faca no peito”, completa.

Ele é personagem do episódio “A eólica mora ao lado”, o primeiro da websérie “Para quem sopram os ventos?”, parte da campanha que inclui também ações como exposição fotográfica, com entrega de folders informativos. Todo o trabalho é feito por meio do projeto “Promoção e Defesa de Direitos na Perspectiva da Construção de Sociedades do Bem Viver”, parceria da Cáritas com a instituição católica alemã Misereor.

São seis vídeos com imagens e depoimentos revelando os prejuízos que os megaempreendimentos causam para meio ambiente e moradores das regiões em que se instalam.

O principal objetivo da campanha é fazer o debate com a sociedade e alertar sobre o sofrimento das comunidades tradicionais e rurais atingidas. Quem explica é a secretária executiva da Cáritas Regional Nordeste 2, Neílda Pereira da Silva.

“A nossa posição não é ser contra a energia eólica e solar; é propor que seja revisto o modo de implantação dos empreendimentos e como as comunidades vão participar desse debate com os governos estaduais e municipais”, esclarece a representante, ao reconhecer a importância das energias alternativas, considerando principalmente a crise hídrica no Brasil. “Não somos contra esse modelo. A própria Cáritas atua com experiência na geração de energia renovável”.

A ideia é chamar atenção também de investidores internacionais de países como Alemanha e Espanha, que investem em empresas de energia eólica, mas que desconhecem a forma que elas atuam no país.

De acordo com Neílda Pereira, a abertura de novas estradas leva à degradação da caatinga; o barulho dos aerogeradores tem reduzido a presença de várias espécies da fauna nativa; o processo de implantação algumas vezes provoca fissuras nas paredes das casas e há registros de famílias com problemas auditivos e depressivos.

A Cáritas quer provocar a sociedade a refletir que desenvolvimento é esse que não respeita a história dessas comunidades? E qual a finalidade desses empreendimentos, por que se faz isso à custa de tanto sofrimento? Famílias estão depressivas, perdendo a audição, algumas têm que se mudar do seu lugar porque depois da implantação do parque não conseguem permanecer na comunidade. A transição energética não pode ser mais importante do que as vidas nesses estados”, argumenta.