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Bem-estar mental e emocional: uma das conquistas mais desejadas das mulheres hoje

Bem-estar mental e emocional: uma das conquistas mais desejadas das mulheres hoje

Olhar para nossas emoções e cabeça tornou-se uma urgência dos tempos atuais. Com o acúmulo de atividades tão inerente às jornadas femininas, muitas mulheres entraram ainda mais rápido em esgotamento com as dificuldades da pandemia. O que nos faz questionar: é possível ter o bem-estar mental como meta de vida?

Nunca se falou tanto em saúde mental como nos últimos anos. Pudera: em tempos pandêmicos, a crise sanitária, econômica e – por que não? – de gênero só exacerbou o grande vilão do nosso estilo de vida: a valorização da produtividade excessiva, que coloca o sucesso profissional e doméstico (porque sim, a população feminina se esforça para equilibrar os dois) acima das necessidades pessoais, gerando jornada dupla – e até tripla – para inúmeras mulheres.

Uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), realizada em 2020, comprova esse cenário: as mulheres foram as mais afetadas emocionalmente pela pandemia, bem além do que passou com os homens. Entre os três mil entrevistados, elas responderam por 40,5% dos sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse. No entanto, esse estudo da USP concluiu que a pandemia não foi a causa, mas apenas um contexto que acirrou as condições sociais e psicológicas que as mulheres enfrentam desde sempre.

Mulheres à beira da ansiedade crônica

O acúmulo de funções gera o desgaste emocional e mental, pois obriga o cérebro a estar sempre alerta. E nossa mente não faz distinção entre uma ameaça externa ou imaginária. Isso significa, em outras palavras, que tanto uma catástrofe como um incêndio ou uma preocupação mais banal como receber mensagens fora de hora do chefe podem ser sentidas da mesma forma, como explica o livro Atenção Plena: Mindfulness (Editora Sextante). Sendo assim, o corpo reage ao estado de alerta, ficando tenso e liberando o cortisol em excesso, hormônio responsável por um quadro de hipertensão arterial e depressão.

Segundo a psiquiatra e neurocientista Natália Mota, pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com o tempo, toda essa tensão acumulada é percebida em forma de ansiedade – a mente traduz essas reações biológicas como se algo ruim fosse acontecer – gerando rigidez muscular, nervosismo, medo, dor de cabeça e irritabilidade. “Nesse estado, nos afastamos ainda mais de hábitos saudáveis, gerando um ciclo de adoecimento psíquico e físico”, explica a Natália.

E como melhorar nosso estado mental e emocional?

Observar o que passa no nosso mundo interno, principalmente, com ajuda profissional de psicólogos e terapeutas colabora para que gatilhos emocionais não disparem aumentando esse desgaste. Além disso, algumas mudanças no dia a dia são essenciais para o bem-estar.

“Quando a rotina se baseia em práticas que aumentam a qualidade de vida fica cada vez mais fácil perceber quando algo está começando ficar nocivo a tempo de diminuir os impactos”, comenta Natália. E acrescenta: “Manter em equilíbrio mente e corpo físico, dormir, alimentar-se bem, se movimentar com qualidade, o contato com a natureza e qualidade nas relações são a base para esse estado equilibrado de vida”.

Seguindo essa trilha, aqui vão dicas práticas da psiquiatra e neurocientista:

– Respiração: quando a ansiedade aumenta, preste atenção na respiração. Em estado de alerta, fazemos de modo acelerado ou seguramos o ar, gerando ainda mais tensão no corpo. Respirar de forma lenta e longa, sentindo o ar indo até o diafragma, ajuda a restabelecer a paz interna e a mente a diferenciar problemas reais de imaginários.

– Alongamento: com excesso de preocupação, os músculos do corpo tendem a enrijecer, causando mais sensação de medo. Para quebrar esse ciclo vicioso do estresse, faça alongamento e relaxe os ombros, a face e a mandíbula: o corpo vai lembrar a nossa mente que nem tudo é tão urgente!

– Pisar na grama ou tomar sol: esse simples contato com a natureza ajuda aliviar a ansiedade e manter o nosso cérebro focado no aqui e agora.

– Caminhada: pode ser apenas uma volta no quarteirão, mas quando vemos e fazemos coisas diferentes, o cérebro está descansando e desafixando de algum problema que parece não ter solução. Já experimentou?

Tendências em bem-estar

A palavra autocuidado virou um dos termos mais utilizado nas buscas de redes sociais, e de acordo com o mapeamento de tendências do Pinterest Predicts para 2022, os interesses relacionados a bem-estar podem até variar conforme o que cada geração valoriza, mas o fato é que essa necessidade está se tornando o novo luxo (e foco) para o mercado de wellness.

O estudo de tendências aponta que a Geração Z (nascidos entre 1994 e 2010) associa bem-estar à espiritualidade. Não basta cuidar do corpo e da mente, segundo o Pinterest, esses jovens se interessam também por energia, vibração e cura espiritual. Os termos que tiveram crescimento na rede no último ano foram:

● como proteger sua energia (+60%)
● como elevar sua vibração (+145%)
● estágio do despertar espiritual (+ 4x)
● cores da aura (+36x)
● frequências de cura (+35%)

Já para os Millennials ou Geração Y (1980-1993), precisou transformar a casa no novo local de trabalho, de estudo e até de atividades físicas. Por isso mesmo, é um grupo etário que passou a priorizar uma vida doméstica mais integrada com as necessidades de bem-estar, optando por mais verde em seu ambiente. As buscas no Pinterest mostram que o lar virou o novo templo da GenY, inclusive com a criação de quartos temáticos para expressar emoções, como o “quarto da raiva”, por exemplo. Já imaginou ter um local na sua casa para colocar todo seu estresse para fora? As buscas na plataforma do Pinterest mostram destaque para:

● arquitetura biofílica (+150%)
● quarto biofílico (+100%)
● quarto da massagem (+190%)
● quarto da raiva (+150%)

As Milllennials que são mães também têm procurado conciliar sua rotina de bem-estar com a de seus filhos, como mostra o report:

● rotina de exercícios físicos para crianças (+88%)
● poses de ioga que imitam animais para crianças (+56%)

Para a Geração X (1965-1979) e para os Baby Boomers (1945-1964), consideradas as gerações com maior poder aquisitivo, há duas tendências mapeadas quando se fala de  bem-estar: a valorização do descanso e das horas de sono, e a vontade de reconexão com a criança interior. Isso significa ir resgatando hobbies e atividades artesanais para um envelhecimento mais leve e saudável, como se nota na busca dos seguintes termos:

● rotina de relaxamento aos domingos (7x)
● dicas para desestressar (12,7x)
● atividades de arteterapia (+65%)
● artesanatos úteis para adultos (+2x)
● balanços indoor para adultos (+3x)
● ideias de quartos temáticos para adultos (+9x)

E você, o que tem feito para melhorar o bem-estar?