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Bebês não devem dormir na mesma cama que os pais; entenda a nova orientação pediátrica

Bebês não devem dormir na mesma cama que os pais; entenda a nova orientação pediátrica

A Academia Americana de Pediatria (AAP) atualizou recentemente suas recomendações para o sono seguro de crianças. Trata-se da primeira atualização nessas diretrizes desde 2016. Além disso, o novo documento também traz orientações sobre amamentação e a forma correta de proteger o bebê do frio. As medidas buscam evitar a morte súbita infantil inesperada, que inclui a síndrome da morte súbita infantil (SMSI) e é a principal causa de óbito em bebês com menos de 1 ano.

O importante é que o que pode ser o pior pesadelo dos pais, pode ser prevenido. A principal forma de fazer isso está no modo de colocar o bebê para dormir. As crianças devem dormir no mesmo quarto dos pais até pelo menos os seis meses de idade, entretanto, em camas diferentes. Dividir a cama com o bebê é fortemente contra-indicado pela entidade.

Estudos mostram que estar no mesmo ambiente que os pais aumenta a probabilidade de perceber e socorrer a criança se algo acontecer enquanto ela está dormindo. Por outro lado, dormir na mesma cama aumenta o risco de acidentes e morte.

O pediatra Gustavo Antonio Moreira, presidente do departamento Científico do Sono da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) explica que a posição que a criança dorme aumenta o risco de morte súbita. As mais perigosas são de lado e de bruços. Por isso, a AAP orienta que o bebê deve ser colocado com a barriga para cima, em um colchão plano e firme, que esteja coberto por um lençol confortável e justo.

— Quando a criança deita de barriga para baixo ela tem mais perigo de reinalar o ar que ela exalou, então ela acaba reinalando o gás carbônico. Há também maior risco de aspirar leite se houver refluxo—diz Moreira.

Brinquedos, cobertores, travesseiros, roupas de cama macias, posicionadores de sono ou protetores de berço, não devem estar no berço com o bebê, pois ele pode ficar presos por esses itens e sufocar.

O local onde o bebê dorme deve ter inclinação menor do que 10 graus. Anteriormente, a recomendação era até 30 graus. A alteração foi motivada por evidências dos últimos anos que apontam que inclinações maiores são perigosas porque as cabeças dos bebês caem para a frente durante o sono. Essa posição do queixo no peito pode restringir suas vias aéreas, causando asfixia.

— A posição para dormir é um fator muito forte de proteção do bebê. É como não fumar ou usar cinto de segurança ao dirigir. São medidas muito fortes para prevenir acidentes — ressalta o pediatra.

Carrinhos de bebê ou cadeiras adaptadas em carros não devem ser usadas para o sono rotineiro. Aquele cochilo no sofá da sala também não é aconselhável. Deitar com um bebê em um sofá, poltrona ou almofada e adormecer aumenta o risco de morte infantil em 67%. Se o bebê é prematuro, nascido com baixo peso ou com menos de 4 meses de idade, o risco de morte enquanto dorme em uma cama, sofá ou outro local aumenta de cinco a 10 vezes.

Para proteger a criança do frio, o guia americano recomenda utilizar camadas de roupas, em vez de cobertores, para reduzir o risco de sufocamento. Cobertores vestíveis podem ser usados. Vale ressaltar que é preciso aquecer a criança, mas o excesso de roupas ou cobertores, especialmente em um local quente, também pode aumentar o risco de morte súbita.

Embrulhar o bebê quando a criança dá sinais de tentar rolar, o que geralmente ocorre a partir dos três ou quatro meses de vida, também não é recomendado, pelo risco de sufocamento.

Em sua nova orientação, a AAP também alerta contra o uso de dispositivos comerciais, incluindo monitores vestíveis, que afirmam reduzir o risco da síndrome da morte súbita infantil ou outros problemas relacionados ao sono. Já o uso de chupeta é recomendado para reduzir o risco de morte.

Sobre a alimentação nos primeiros anos de vida da criança, o documento reforça a importância do aleitamento materno. Nos primeiros seis meses, a não ser em casos excepcionais, a alimentação deve ser exclusivamente com leite materno. Isso também reduz o risco de mortes infantis relacionadas ao sono.A alimentação com leite humano deve continuar após a introdução alimentar, até pelo menos um ano de idade.

— Precisamos lembrar que o aleitamento materno também ajuda na prevenção de infecções. Outro fator fundamental para reduzir infecções é vacinar a criança de acordo com a orientação do Programa Nacional de Imunizações — ressalta Moreira.