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Ar-condicionado ecológico e isolamento térmico de cogumelo: as apostas da tecnologia contra o calor

Ar-condicionado ecológico e isolamento térmico de cogumelo: as apostas da tecnologia contra o calor

Inovações para aliviar as altas temperaturas e melhorar a eficiência energética estão sendo apresentadas na Web Summit, que acontece em Lisboa

Um revestimento para manter ambientes frios feito com papel reciclado e biomassa à base de cogumelos e um ar-condicionado que usa um sistema magnético para resfriamento. Essas são algumas das inovações contra as temperaturas cada vez mais elevadas no planeta que foram exibidas nesta semana no Web Summit em Portugal. Trata-se do maior evento de tecnologia da Europa, que acontece em Lisboa e teve início na segunda-feira.

As novidades nessa área interessam cada vez mais negócios em vários países, que, com o aquecimento global, têm enfrentado com mais frequência altas temperaturas e onda de calor como a que atualmente atravessa boa parte do Brasil.

Além de receber grandes nomes do mercado de tecnologia, a conferência, todos os anos, funciona como uma espécie de alavanca para startups que querem apresentar suas inovações a potenciais investidores e empresas. Este ano, há um número recorde delas: são 2.608 startups de 93 países. Uma parte delas, voltada para tecnologias verde.

A arquiteta britânica Olívia Page é uma das empreendedoras que exibiu seu negócio contra o calor nos pavilhões do evento, por onde circularam 70 mil pessoas. A Mykor, startup cofundada por ela, tem como foco melhorar a eficiência energética da construção civil. Para isso, criou um revestimento que mantém a temperatura de casas e edifícios. O material, sustentável, é feito de papel reciclado e biomassa de cogumelos.

A arquiteta britânica Olívia Page, da Mykor, startup que tem como foco melhorar a eficiência energética da construção civil. — Foto: Divulgação
A arquiteta britânica Olívia Page, da Mykor, startup que tem como foco melhorar a eficiência energética da construção civil. — Foto: Divulgação

— O que nós fazemos é produzir isolamento com base em resíduos da indústria de papel e em biomassa. O composto é muito parecido com uma espuma, que isola o ambiente termicamente, contra o calor e frio — explica a empreendedora, ao GLOBO.

O negócio, que tem um laboratório no Reino Unido, vai abrir a primeira fábrica em Portugal, no início do próximo ano. Page diz que além de tornar as construções mais sustentáveis, o revestimento reciclado e feito de biomassa também diminui o consumo de energia de ar-condicionado e aquecedores.

Esse é também o objetivo do alemão Timur Sirman, CEO da Magnotherm, startup que criou um sistema de refrigeração com magnetismo, que dispensa o uso de gás. Além de menos poluente, o equipamento reduz o consumo de energia necessário para resfriar um ambiente. A empresa já recebeu 6,3 milhões de euros de investimentos.

Magnotherm criou um sistema de refrigeração com magnetismo. — Foto: Divulgação
Magnotherm criou um sistema de refrigeração com magnetismo. — Foto: Divulgação

— O material aquece quando é magnetizado e resfria quando é desmagnetizado. Então, ao invés de usar gás, como usado em ar condicionado e em aquecedores, nós usamos metal. No fim do dia, você tem um sistema limpo e seguro, que usa apenas água em uma pressão. — diz Sirman, que tem como clientes mercados e produtoras de bebidas.

Tanto a Magnotherm como a Mykor são chamadas de climatechs, ou seja, startups que criam soluções para adaptação climática ou descarbonização. Em 2022, empresas de tecnologia do segmento levantaram US$ 70 bilhões em capital de risco, segundo a consultoria Holon IQ, uma alta de 89% em relação ao ano anterior.

Therminer trabalha com um sistema de refrigeração para data centers que usa painéis solares e reaproveita o calor residual dos servidores. — Foto: Divulgação
Therminer trabalha com um sistema de refrigeração para data centers que usa painéis solares e reaproveita o calor residual dos servidores. — Foto: Divulgação

O tema tem ganhado mais espaço no Web Summit e em outras conferências de tecnologia. No evento de Lisboa, uma parte da programação é exclusivamente dedicada ao tema, chamada de planet.tech.

Algumas das soluções apresentadas no evento busca solucionar o impacto ambiental do próprio setor de tecnologia. Esse é o caso da Therminer, empresa liderada pelo espanhol Gonzalo García Iranzo. A companhia trabalha com um sistema de refrigeração para data centers que usa painéis solares e reaproveita o calor residual dos servidores.

— Basicamente, o que nós fazemos é recuperar o calor de sistemas de aquecimento, Nós estamos cortando esse custo em 90%. — diz o empreendedor.