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Alimentação natural previne doenças gastrointestinais em cães, diz estudo

Alimentação natural previne doenças gastrointestinais em cães, diz estudo

O levantamento afirma que alimentos não processados auxiliam a saúde intestinal dos pets, enquanto rações aumentam os riscos de problemas. Contudo, especialistas da área discordam; entenda!

Pesquisadores da Universidade de Helsinque, localizada na Finlândia, publicaram um estudo na revista Scientific Reports com uma afirmação, no mínimo, controversa: filhotes de cães que comem carne não processada, ossos crus e certas comidas humanas têm chances menores de desenvolver problemas gastrointestinais na vida adulta. A equipe coletou dados de cerca de 8 mil pets jovens para chegar a tal conclusão.

Essa dieta, apontada pelos cientistas como saudável, envolve carne vermelha crua, órgãos, peixe, ovos, ossos, vegetais, bagas e comidas humanas, como batatas e peixe cozidos.

A partir do questionário, os pesquisadores concluíram que os filhotes que seguiram a dieta estudada diminuíram em 22% o risco de desenvolver problemas gastrointestinais.

Aqueles cães que ingeriram ossos crus ou cartilagem quando pequenos, tiveram uma redução de 33% no risco de doenças no intestino.

Por outro lado, a pesquisa revela que uma dieta altamente processada, com carboidratos e ossos de couro cru tratados quimicamente pode aumentar o risco de problemas gastrointestinais em 117%.

Os cientistas chegaram à conclusão que fornecer uma dieta diversa de alimentos não processados ​​e integrais no início da vida pode reduzir o risco do distúrbio. Enquanto ofertar rações secas e osso de couro no início da vida do cão podem ser prejudiciais na vida adulta.

A ração não é uma vilã na alimentação dos cães, é preciso escolher uma que tenha os nutrientes necessários  — Foto: Canva/ CreativeCommons

A ração não é uma vilã na alimentação dos cães, é preciso escolher uma que tenha os nutrientes necessários — Foto: Canva/ CreativeCommons

O que dizem os especialistas sobre este estudo

Kathleen Schwab, médica-veterinária que atua com prescrição de dietas de alimentação natural, explica que uma alimentação mais próxima do que os cães comeriam na natureza pode ser vantajosa, inserindo carnes e vísceras na dieta.

“Indico alguns legumes cozidos e carnes cruas ou levemente cozidas. Essa dieta pode ajudar na saúde do trato gastrointestinal, contribuindo para a diversidade da flora intestinal, ajudando assim na imunidade.”

Contudo, essa dieta só funciona se tiver o acompanhamento de um veterinário nutricionista, para que a alimentação inclua todos os nutrientes necessários, considerando a quantidade certa que cada bicho deve ingerir. Caso contrário, pode acarretar obesidade e outras doenças.

Mas não é possível afirmar que esse tipo de dieta tende a prevenir problemas gastrointestinais em cães. “Isso porque o estudo citado acima foi longitudinal, ou seja, ele usou outro questionário de base também”, diz a zootecnista Mariana Perini, doutoranda em Nutrição e Produção Animal.

“O estudo de questionários é importante para abrir portas para pesquisas controladas e mais detalhadas, além de trazer informações estimuladoras para um levantamento comparando dietas e animais, a fim de verificar a veracidade da informação. Portanto, em um estudo de questionário não podemos afirmar a causa ou desenvolvimento de uma doença”, completa a profissional.

Antes de mudar a dieta do cão, leve-o a um nutricionista veterinário  — Foto: Canva/ CreativeCommons

Antes de mudar a dieta do cão, leve-o a um nutricionista veterinário — Foto: Canva/ CreativeCommons

Sobre ração

Além disso, o médico-veterinário Fabio Alves Teixeira, colunista do Vida de Bicho e fundador da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos, esclarece que as rações são processadas, mas isso não significa algo ruim. Segundo ele, trata-se apenas de um conjunto de alimentos cozidos transformados em ração.

“Até onde todos os estudos atuais mostram, a ração é, sim, segura para cães e gatos. Não podemos afirmar o contrário, como mostra o estudo acima.”

Os carboidratos, colocados como prejudiciais na pesquisa, estão presentes na alimentação dos cães desde os seus ancestrais. Eles auxiliam na microbiota intestinal, escore fecal e motilidade gastrintestinal, completa Mariana.

“Alimentos que têm carboidratos são benéficos aos cães desde a fase filhote. Não se esqueça que eles também estão presentes em dietas caseiras e úmidas (sachês) e todas as fibras são consideradas carboidratos”, diz a profissional.

O que pode causar alterações gastrointestinais em cães?

Existem vários fatores que podem levar um cão a ter problemas no intestino. “Eles podem estar relacionados à raça, ao manejo ambiental do animal, a parasitas como giardia, entre outros”, explica Fabio.

O colunista do Vida de Bicho ainda alerta que as medicações e dosagens que um cão recebe quando é jovem, mais tarde, podem levar a doenças gastrointestinais.